Operação Vento Divino
O primeiro indício de que a frota baleeira japonesa deve retornar ao Oceano do Sul em dezembro deste ano veio com o recente anúncio de que o ministro japonês de pesca requisitou, da guarda costeira do Japão, o envio de um barco de patrulha para escoltar a frota baleeira japonesa na volta ao Santuário de Baleias do Oceano do Sul.
Embora não faça sentido, nem de maneira prática, nem economicamente, para a frota japonesa retornar às águas da Antártida, o fator nacionalista parece ser a motivação primária para a teimosia persistente dos baleeiros japoneses em insistir com suas atividades irresponsáveis e ilegais no Oceano do Sul. Mas teimosia precisa ser encarada com teimosia e a determinação dos baleeiros japoneses em massacrar as baleias precisa ser encarada com uma determinação ainda maior da parte da Sea Shepherd Conservation Society de proteger as baleias obstruindo e acabando com as atividades ilegais deles.
De acordo com o Japan Times, “A frota baleeira suspendeu suas operações no Oceano Antártico na última temporada devido às ações da Sea Shepherd Conservation Society, o que forçou as quatro embarcações a voltarem para casa em fevereiro, após terem pego muito menos baleias do que haviam planejado”.
O Japão buscará fazer com que as atividades da Sea Shepherd sejam finalizadas pelos Países Baixos, os Estados Unidos, a Nova Zelândia e a Austrália na reunião anual da Comissão Internacional da Baleia (CIB) da próxima semana, que ocorrerá nas Ilhas Channel britânicas. O navio Brigitte Bardot, da Sea Shepherd, estará ancorado na ilha de Jersey, nas Ilhas Channel, onde a reunião da CIB acontecerá.
“Estamos despreocupados com as ameaças do Japão”, disse o capitão Paul Watson. “O Japão não tem base legal para nos fechar e a guarda costeira japonesa não tem base legal para enviar uma embarcação de patrulha para o Oceano do Sul em dezembro. O Ministro da Pesca japonês é todo blefe, com suas tentativas contínuas de justificar suas atividades ilegais no Oceano do Sul. Com ou sem navio de patrulha japonês, se os baleeiros retornarem ao Oceano do Sul, os navios da Sea Shepherd voltarão para se contrapor a eles”.
A Sea Shepherd está procurando uma quarta embarcação para juntar à sua força expedicionária para a Operação Vento Divino. “Precisamos de uma embarcação grande para cada um dos arpoadores. A tática japonesa de seguir nossos dois navios grandes e passar nossa posição para o navio-fábrica funciona, mas ao custo de sacrificar suas atividades de matança de baleias de cada barco arpoador”, disse o capitão Locky MacLean. “Este ano, seu navio arpoador extra conseguiu matar baleias enquanto os outros dois seguiam o Steve Irwin e o Bob Barker. Precisamos nos contrapor a esse terceiro arpoador e, para isso, precisamos de um novo barco”.
Além de violar a lei de conservação internacional no que diz respeito à caça de baleias, o Japão estará violando a Organização Marítima Internacional se voltar ao paralelo 60 com o navio-fábrica Nisshin Maru. Em agosto de 2011, todos os navios que operam com combustível pesado serão banidos de entrar na Zona do Tratado da Antártida. Além disso, é ilegal que embarcações militares operem em águas da Zona do Tratado da Antártica. Se a guarda costeira japonesa escoltar a frota baleeira, eles estarão fazendo isso ilegalmente.
“Decidi nomear a próxima campanha Operação Vento Divino”, disse o capitão Watson. “O público japonês está bem consciente do significado de kamikaze: kami, o ‘vento’ e kaze, traduzido como ‘divino’ ou o ‘vento dos Deuses’. Isso significa que chamamos pelo ‘vento divino’ para proteger as baleias da crueldade e da criminalidade das atividades letais dos baleeiros japoneses”.
A Sea Shepherd nunca recuará, nem se renderá diante das ameaças e oposições que os baleeiros ou o governo japonês exerçam. A sociedade de conservação está comprometida com acabar com as atividades baleeiras ilegais no Santuário de Baleias do Oceano do Sul, e irá utilizar toda e qualquer estratégia e tática agressiva não-violenta para alcançar esse objetivo.
“Vamos acabar com a caça a baleias no Oceano do Sul”, disse o capitão Watson, “não importa o quanto se prolongue o esforço, o quanto sejam perigosos os riscos, ou os sacrifícios que tenhamos que fazer. Nós comprometemos nossas vidas e nossa liberdade para o fim dessa matança, e nós alcançaremos esse objetivo nobre, ou morreremos tentando”.
O navio bandeira da Sea Shepherd, Steve Irwin, e o Brigitte Bardot estarão defendendo as baleias-piloto no protetorado dinamarquês das Ilhas Faroe, na Dinamarca, neste verão, antes de retornarem ao hemisfério sul para se juntar ao Bob Barker e, uma vez mais, intervir contra as atividades ilegais da frota baleeira japonesa.
Traduzido por Carlinhos Puig, voluntário do ISSB.