Atualizações sobre a prisão de Paul Watson
A presidente da Sea Shepherd Brasil, Nathalie Gil, traz atualizações e contexto sobre a prisão do nosso fundador Capitão Paul Watson.
Paul Watson foi preso em Nuuk, a capital da Groenlândia, em 21 de julho de 2024. Ele foi detido por autoridades dinamarquesas com base em um pedido de extradição do Japão. O Japão quer extraditá-lo por sua suposta participação em atividades relacionadas à Sea Shepherd, de ações diretas contra a caça ilegal de baleias.
A prisão está ligada às suas atividades passadas contra a caça às baleias, particularmente no Oceano Antártico, onde a Sea Shepherd realizou várias campanhas para impedir a caça de baleias conduzida por navios japoneses. As autoridades japonesas acusam Watson de várias violações, incluindo conspiração para obstruir atividades comerciais e vandalismo, relacionadas às campanhas da Sea Shepherd contra a caça às baleias.
Carta do Capitão Paul Watson aos apoiadores do Brasil
Tradução Carta de Paul Watson ao Brasil, da Prisão de Anstalten - 26/08/24
Na sexta-feira, 23 de agosto, fiquei agradavelmente surpreendido com a visita muito bem-vinda de Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.
Nathalie veio diretamente do aeroporto de Nuuk depois de uma longa série de voos do Brasil para Miami, para Charlotte, para Reykjavik, para o norte da Groenlândia e finalmente para Nuuk (nota de Nathalie: ele esqueceu de mencionar a escala em Washington, e foi em um lugar ao norte de Nuuk que pousei antes de Nuuk).
Foi maravilhoso vê-la e saber do apoio incrível de tantos brasileiros.
Uma viagem tão longa para visitas tão curtas e encorajadora. Ela trouxe cartas de apoio do Brasil, uma adição muito bem-vinda e muito apreciada às centenas de cartas que recebi de cerca de vinte e cinco outras nações ao redor do mundo.
A Sea Shepherd Brasil, juntamente com a Sea Shepherd França, têm sido ferozmente leais ao espírito, ao propósito e aos objetivos originais do movimento Sea Shepherd que criei em 1977 como uma estratégia agressiva e não violenta para defender e proteger a vida, a diversidade e a interdependência no oceano.
Nathalie me atualizou sobre os esforços de sua equipe para resgatar botos na Amazônia, vítimas da seca causada pelas mudanças climáticas e da destruição das florestas tropicais.
A declaração de apoio do cacique Raoni dos Kayapó foi muito edificante e extremamente apreciada.
Estou numa prisão dinamarquesa por expor os crimes da indústria baleeira japonesa, uma empresa propriedade do governo do Japão.
Baleeiros japoneses foram considerados culpados de matar baleias no território antártico australiano pelo Tribunal Federal Australiano. Os baleeiros foram multados em um milhão de dólares australianos. Os baleeiros recusaram-se a pagar a multa e foram acusados de desacato ao Tribunal Federal Australiano.
Em 2014, o Tribunal Internacional de Justiça de Haia decidiu que a caça às baleias pelo Japão não era para fins científicos e, portanto, uma violação da moratória global da Comissão Baleeira Internacional de 1986 sobre a caça comercial às baleias.
O meu programa de televisão Whale Wars expôs os crimes da indústria baleeira japonesa e envergonhou profundamente o governo do Japão.
O Japão quer a sua vingança e me escolheu como objeto da sua retribuição.
Estas acusações não são apoiadas por provas. Sou acusado de conspiração por invadir um navio baleeiro, obstruir negócios e causar ferimentos a um baleeiro japonês.
Todas essas acusações podem ser comprovadas como falsas por meio de uma simples análise das evidências em vídeo. O problema é que o tribunal dinamarquês/ groenlandês recusa a analisar as provas.
No dia 4 de setembro, suspeita-se que o tribunal groenlandês se recusará mais uma vez a analisar as provas e ordenará um período adicional de detenção. Todas estas acusações, se cometidas na Gronelândia e se fossem condenadas, seriam punidas com uma pequena multa e certamente não resultariam em uma pena de prisão como a que já cumpri aqui na prisão de Nuuk.
Toda esta situação é o Japão exercendo seu imenso poder econômico e político para me punir por expor ao mundo sua operação baleeira ilegal no Santuário de Baleias do Oceano Antártico e por ter humilhado a sua nação por expor os crimes pelos quais eles ainda não sofreram nenhuma das consequências legais.
O Brasil é uma forte nação anti-caça às baleias, e foi a decisão em Florianópolis durante a conferência da CIB (em 2018) de criar o Santuário de Baleias do Atlântico Sul, que irritou tanto o Japão, assim se retirando da CIB para continuar a sua operação baleeira de forma explicitamente provocativa à moratória global da CIB sobre a caça comercial de baleias.
A nação do Japão está indignada com o mundo por se opor ao que o Japão argumenta ser o seu direito, apesar da lei internacional, de assassinar baleias. O Japão precisa de um símbolo de vingança. Os baleeiros japoneses e o governo japonês não podem retaliar contra o Brasil, a Austrália, a França ou outras nações pró-baleias, mas podem usar o seu poder de intimidação para punir simbolicamente uma pessoa, e essa pessoa sou eu.
Para falar a verdade, porém, represento todo o movimento global anti-caça às baleias. O Japão usou seu poder para manipular a Interpol para fins políticos e tem o poder para manipular a Dinamarca, conhecendo a minha história de oposição ao horrível massacre anual de baleias-piloto e golfinhos nas Ilhas Faroé dinamarquesas.
O Japão pretende aumentar as suas operações baleeiras ilegais. Eles já começaram a matar baleias fin (em risco de extinção).
O Japão precisa desesperadamente enviar uma mensagem forte e ameaçadora a todo o movimento “salve as baleias”. Essa mensagem é “Não interfira na nossa ambição baleeira ou faremos com você o que pretendemos fazer com Paul Watson”.
Paul Watson
Nota da Nathalie Gil, Presidente da Sea Shepherd Brasil: Eu faço questão de compartilhar esta carta, escrita a punho por Paul Watson diretamente da prisão de Nuuk. Nela, ele transmite uma mensagem poderosa sobre o que está em jogo quando países não se unem para convencer a Dinamarca a fazer a escolha certa ou proteger Paul Watson da repressão do sistema judiciário Japonês. A prisão Paul Watson é um provocador recado para todas as nações anti-caça baleeira do mundo de que o Japão vai ignorar leis internacionais para seguir esta cruel e insustentável prática da caça baleeira. Aceitar esta provocação não só coloca a vida de um homem e diversas baleias em jogo, mas também fere a diplomacia internacional em tempos cruciais para combater os riscos climáticos que estaremos enfrentando cada vez mais, e com isso a segurança de toda vida humana e não-humana na Terra.
Escreva uma carta para o Capitão Paul Watson
PAUL WATSON
Anstalten for Domfældte,
Jagtvej 3900, NUUK
GREENLAND
Como Ajudar
Uma forma de ajudar é assinando a petição pela libertação do Capitão Paul Watson.
Sobre a Captain Paul Watson Foundation
A Fundação Capitão Paul Watson, fundada em 2022 pelo estimado ativista ambiental e conservacionista Paul Watson, cofundador do Greenpeace e fundador da Sea Shepherd Brasil, ao lado do empresário de tecnologia Omar Todd, é uma organização sem fins lucrativos com sede nos EUA dedicada à conservação marinha. Empenhada em travar a destruição de habitats e o massacre de vida selvagem nos oceanos do mundo, a fundação visa salvaguardar os ecossistemas e espécies marinhas. Utiliza táticas inovadoras de ação direta para expor e confrontar atividades ilegais no mar. Visite www.paulwatsonfoundation.org para obter mais informações.