O futuro da Sea Shepherd está em jogo agora.
Nesta foto, Paul Watson salva uma foca bebê após destruir o cassetete do caçador que estava prestes a partir seu crânio. Isso levou à sua expulsão do conselho do Greenpeace por “violência e destruição de propriedade privada”.
Foi-lhe dito que “suas ações são muito agressivas, prejudicam nossa capacidade de captação de recursos e nossa respeitabilidade”.
Foi depois desse episódio que ele criou a Sea Shepherd, uma organização única que ousa dizer e fazer o que os outros não ousam. Quem teria pensado que 45 anos depois, algumas pessoas dentro da Sea Shepherd, algumas que começaram do nada e que, por causa da confiança que Paul e todos nós depositamos nelas, chegaram ao topo do movimento; acabariam achando que o Paul tornou-se uma vergonha e que ele está prejudicando as habilidades de arrecadação de fundos e a respeitabilidade da Sea Shepherd?
E, no entanto, a Sea Shepherd nunca foi um negócio à disposição do magnata imobiliário americano Pritam Singh.
Não é uma marca de roupas pensada para vender camisetas como se isso fosse um fim em si mesmo. Não é uma operadora de turismo na Antártida e não é um serviço gratuito para governos africanos que votam contra santuários de baleias, ou alguém que dá medalhas de serviço a executivos globais.
A Sea Shepherd é uma ferramenta extraordinária para o oceano, criada e impulsionada pela mente e pelo coração de Paul Watson em 1977, do ZERO.
Foi nutrida e fortalecida por centenas de milhares de pessoas que deram seu tempo, seu dinheiro e arriscaram suas vidas por isso. Essa dedicação extraordinária fez da Sea Shepherd uma organização cuja aura brilha em todo o mundo. Mas porque Paul Watson e aqueles cujo espírito é baseado na confiança, dedicação e colegialidade estão anos-luz à frente da abordagem mercantil, da gentrificação e do maquiavelismo de alguns dos líderes do movimento, não vimos a ameaça chegando. Não previmos que nossos associados mais próximos se aliariam ao magnata imobiliário americano e fariam uma guerra com ele contra o Paul Watson e aqueles que permaneceram leais a ele.
Quando eu disse a Alex Cornelissen, diretor da Sea Shepherd Global, em outubro de 2022, que a maneira como a Sea Shepherd dos EUA estava se saindo sob o controle de Pritam Singh era trágica, que os doadores dos EUA estavam sendo roubados e que o oceano sofreria, ele disse: “Não nos importamos com o que acontece nos Estados Unidos, isso não é da nossa conta. Temos muito a perder nos opondo ao Pritam”.
Quando você vê a atitude dos 4 diretores da Sea Shepherd Global hoje, você pode entender melhor essas palavras. Para aqueles que pensam que devemos abandonar a Sea Shepherd para essas pessoas e mudar nosso nome, você pode entender melhor nossa posição se, como Paul e como nós, você tivesse construído com o suor de seu rosto ao custo de suas vidas familiares, do seu tempo, do seu dinheiro, da sua segurança, para criar uma ferramenta que inspire confiança, esperança e paixão no coração das pessoas, ao serviço do oceano. Se você visse esta preciosa ferramenta sendo retirada de seu propósito original e transformada em uma empresa que continuará fazendo o público acreditar que ela permaneceu a mesma, quando na verdade ela foi pervertida, talvez você entenda que esta batalha deve ser combatida para o propósito maior de servir o oceano.
O mundo das ONGs é feito de humanos como qualquer outro, e o que está acontecendo hoje com a Sea Shepherd aconteceu e está acontecendo todos os dias nas ONGs. Mas nos bastidores, de uma maneira tão insidiosa quanto implacável, muitas organizações foram pervertidas por dentro, sem que o público em geral soubesse.
Mas a Sea Shepherd tem um sistema imunológico que os outros não têm.
É a paixão, a devoção e a coragem de muitos membros ativos, a começar pelo seu fundador. É isso que faz a diferença, é isso que te deixa ciente do que está acontecendo. Porque o apoio público é a única forma de salvar esta organização. E porque temos o dever moral de informar sobre o que está em jogo a todos aqueles que de alguma forma apoiam o movimento.
“Temos muito a perder”, disse-me Alex Cornelissen. “Grandes doadores, parcerias, respeitabilidade…”. Mas se perdemos a alma, não perdemos tudo? As ONGs não passam de ferramentas para uma causa além delas mesmas. Se a ferramenta estiver corrompida, ela não cumpre mais sua missão. Não tem razão de existir.
Agora estamos sendo atacados pela Sea Shepherd dos EUA e Sea Shepherd Global, que uniram forças contra o Paul Watson, a Sea Shepherd França, a Sea Shepherd Reino Unido, a Sea Shepherd Brasil, Nova Caledônia, Taiti, Hungria, Canadá e Sea Shepherd Origins.
Estamos liderando nossas missões de campo ao mesmo tempo em que lutamos para salvar a alma desta organização.
Nunca precisamos tanto do apoio daqueles que entendem o papel único que a Sea Shepherd desempenha, que sabem que não é tão facilmente substituível e que vale a pena o esforço para salvá-la de acabar nas mãos de um magnata imobiliário americano, com a cumplicidade daqueles que deveriam se opor a ele. Em uma corrida contra o tempo para salvar o oceano, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar o que construímos durante 45 anos.
Assine e compartilhe a carta ética da Sea Shepherd Origins
Comprometa-se com nossos valores
Pelo oceano,
Lamya Essemlali
Presidente and co-fundadora da Sea Shepherd France
Co-fundadora da Sea Shepherd Origins
Co-diretora da Sea Shepherd Global
