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Caçando os caçadores de baleias através do gelo e das tempestades

Sexta-feira, 28 de janeiro de 2011.

Relatório do Capitão Paul Watson

É difícil descrever o mar, as condições climáticas e os obstáculos que enfrentamos a cada dia, enquanto perseguimos a frota baleeira japonesa. A vastidão do Oceano Antártico é impressionante. A imprevisibilidade do clima é uma constante surpresa, e o gelo, bem, o gelo é ainda mais imprevisível do que o tempo.

O Steve Irwin em relação a um grande iceberg no Oceano Antártico (Foto: Simon Ager)
O Steve Irwin em relação a um grande iceberg no Oceano Antártico (Foto: Simon Ager)

Esta manhã nos encontramos rodeados por grandes blocos de gelo onde os sistemas dizem que não há blocos a ser encontrados. A quilômetros de distância, o Bob Barker também ficou impedido pela barreira de gelo. E mais uma vez, o Nisshin Maru está à solta. Não está caçando baleias, mas fora da nossa vista, e mais uma vez, renovamos nossos esforços para caçá-lo. Felizmente o Gojira estará de volta dentro de poucos dias e estará livre para procurar os baleeiros como um navio de reconhecimento.

O Steve Irwin deve retornar à terra para abastecer. Demoramos mais do que deveríamos, e estar preso no gelo não é confortável, com reservas de combustível baixas. Temos ainda o Yushin Maru 2 na nossa popa.

O Bob Barker também tem alguém na sua popa, o que nos impede de nos aproximar do Nisshin Maru, porque eles simplesmente retransmitem nossas coordenadas permitindo que o navio-fábrica fique fora do nosso caminho.

O helicóptero Nancy Burnet nos dá uma vantagem, mas só quando ele pode voar. As condições meteorológicas nos impedem de voar por mais de 50 por cento do tempo. Apesar de tudo, é um desafio formidável, mas até agora nesta temporada tem sido um sucesso incrível.

Um iceberg no Oceano Antártico (Foto: Simon Ager)
Um iceberg no Oceano Antártico (Foto: Simon Ager)

Depois de um mês em busca da frota baleeira, mantemos o navio-fábrica correndo por mais de 4.000 milhas. Mais importante ainda foi termos mantido dois dos três navios arpoadores fora das operações de caça às baleias por 30 dias. O terceiro navio baleeiro também foi mantido fora das operações de caça às baleia por pelo menos 50 por cento desses 30 dias enquanto fugia, e trabalhando sem a ajuda dos demais navios indo e voltando para aliviar os outros desperdiçando centenas de quilômetros a cada vez.

Nós estimamos que reduzimos as operações baleeiras este mês em 75 por cento, possivelmente até mais. Temos mais dois meses para continuar.

Com o Gojira de volta, a escolta do Nisshin Maru vai continuar, e uma vez que seja localizado novamente, o Bob Barker vai passar a confrontá-lo. Enquanto isso, o Steve Irwin vai reabastecer e retornar com novos suprimentos para os três navios, e em meados de fevereiro, todos os três navios da Sea Shepherd estarão na perseguição da frota baleeira japonesa até o final da temporada de caça às baleias.

Se tivéssemos apenas mais um navio aqui, o terceiro navio arpoador poderia ser mantido totalmente fora de ação. Mas temos que lidar com a situação e os recursos que temos, e estamos fazendo isso com o melhor de nossa capacidade.

Para escapar, o Nisshin Maru fez alguns movimentos desesperados e perigosos através do gelo espesso. Nós não poderíamos segui-lo sem sofrer danos graves no nosso navio, e assim continuamos correndo atrás deles, mordendo seus calcanhares, nos movendo junto deles, sabendo que eles estão olhando por cima dos ombros constantemente para ver se um navio negro está atrás deles .

Os caçadores tornaram-se a caça, e a nossa busca por esses assassinos de baleias vai continuar até o ponto em que os caçadores apontem ao norte para o Japão, e retornem com sua carga escassa, sangrenta e sem lucro.

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do ISSB.