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Sea Shepherd no coração de um escândalo japonês

Fogo em frente ao porto. Foto de arquivo

Parece que a campanha da Sea Shepherd para interromper as operações baleeiras ilegais no Santuário de Baleias da Antártica está tendo um sério impacto político, além de massivas perdas financeiras pela indústria baleeira. Na semana passada, a mídia japonesa informou que os baleeiros perderam 20,5 milhões de dólares na última temporada por causa das intervenções da Sea Shepherd. Esta história foi também relatada no New York Times e na edição atual da revista Newsweek.

Esta semana, o Yomiuri Shimbun está relatando que a realocação de verbas do Fundo de Apoio do Grande Terremoto do Leste do Japão para despesas não relacionadas a desastres está finalmente causando um escândalo político no Japão.

Um ano atrás, quando o Capitão Paul Watson expôs publicamente o fato de que cerca de 30 milhões de dólares foram relocados do Fundo de Apoio do Tsunami especificamente para oposição às operações da Sea Shepherd Conservation Society, ele foi acusado pelo governo japonês de estar mentindo, apesar de a Agência de Pescas japonesa ter noticiado que a realocação tinha sido feita de fato. Outros defensores dos baleeiros afirmaram que os recursos foram alocados de impostos e não do fundo de apoio. Na época, a mídia japonesa não expressou muito interessa na alocação. Agora, um ano depois, a mídia japonesa parece enxergar isso como um escândalo, e se fato é. O governo japonês tem abusado seriamente da boa vontade das pessoas ao redor do mundo, gastando fundos destinados às vítimas do terremoto e do tsunami em projetos que não têm relação com os desastres.

Como o Yomiuri Shimbun relata:

“Alocações fiscais para a reconstrução de áreas devastadas pelo Grande Terremoto do Leste do Japão têm sido utilizadas para projetos que não têm relação direta com áreas atingidas por desastres. Esse desvio de fundos não pode ser ignorado”.

“Sob pressão do Partido Liberal Democrático na Comissão de Auditoria e Fiscalização da Administração da Câmara dos Representantes, o Ministério das Finanças e outros ministérios listaram projetos em andamento. Muitos dos projetos são suspeitos de não serem essenciais para a reconstrução. O Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca destinou o custo de lidar com a Sea Shepherd, uma organização anti-baleeira, como parte do orçamento de reconstrução. Seu raciocínio é de que apesar dos protestos anti-baleeiros poderem ser interrompidos, eles irão afetar a reconstrução de Ishinomaki, na província de Miyagi, que possui instalações para processamento de baleias”. O Yomiuri Shimbun descreve isto como uma “desculpa esfarrapada” do Vice Primeiro Ministro, Katsuya Okada.

Otsuchi, Japão. Foto de arquivo

Parece que a alocação para se opor a Sea Shepherd foi um dos abusos mais descaradamente desconectados do fundo. Os 30 milhões de dólares foram destinados para uma campanha de relações públicas contra a Sea Shepherd, para uma ação movida nos Estados Unidos buscando uma liminar contra a Sea Shepherd, para pressionar a Costa Rica a ressuscitar uma acusação de uma década atrás, previamente retirada, contra o Capitão Paul Watson, e também para pressionar a Interpol a emitir uma notificação de “Alerta Vermelho” para o Capitão Paul Watson. Fundos foram também realocados para fornecer um navio de segurança para acompanhar a frota baleeira.

O governo japonês ficou envergonhado quando anti-baleeiros australianos embarcaram com sucesso nesse navio de segurança na costa da Austrália, além da Sea Shepherd ter cortado em 74% a cota de matança de baleias. Alimentando a raiva sobre esse escândalo está o relatório que diz que o governo japonês está enganando os contribuintes japoneses sob o pretexto de usar o aumento dos impostos como um importante recurso para realizar a reconstrução. Para isso, o imposto residencial e o imposto de renda vão aumentar mais do que aumentaram em períodos de 10 e 25 anos, respectivamente, de acordo com o jornal. Apesar do escândalo, o governo japonês vai mais uma vez realocar fundos para subsidiar a frota baleeira e se opor aos navios e tripulantes da Sea Shepherd. Eles estão também gastando grandes somas de dinheiro em suas tentativas de rastrear o Capitão Paul Watson. Parece que o governo japonês está com a impressão que se  o Capitão Paul Watson for eliminado, eles poderão remover a oposição da Sea Shepherd às suas atividades baleeiras ilegais.

Críticos dentro e fora do Japão, irritados com o mau uso dos fundos, estão se perguntando quanto mais desse dinheiro do Fundo de Apoio a Desastres será desperdiçado para defender da falência a indústria baleeira posando de projeto de pesquisa que nunca produziu um único artigo científico internacional revisado em um quarto de século de operações. O navio-fábrica baleeiro Nisshim Maru está agora na doca seca em Hiroshima, sendo melhorado com enormes gastos públicos. Enquanto isso, quatro navios da Sea Shepherd estão aguardando no Pacífico Sul para mais uma vez intervir contra essa indústria montada em escândalo que só continua a existir como um projeto de boa-ação glorificado financiado por indivíduos que pensam que suas doações estão servindo para ajudar pessoas, não para matar baleias.

Otushi, Japão. Foto de arquivo

Guardiões da Enseada passando por Otushi, Japão. Foto de arquivo

Traduzido por Drica de Castro, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil