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Sea Shepherd Brasil pede proibição da pesca de piracatinga por tempo indeterminado

Botos cor de rosa

O boto-cor-de-rosa, ou boto-vermelho (Inia geoffrensis), é um animal icônico para a cultura e folclore do nosso país.  Além disso, é uma peça-chave na biodiversidade mundial, por ser uma das únicas cinco espécies de golfinhos de água doce do planeta, sendo encontrado exclusivamente em águas da bacia amazônica, em especial a do Orinoco.

A piracatinga é pescada ilegalmente com iscas feitas de carne de boto cor-de-rosa, cuja caça também é ilegal.

Porém, desde os anos 2000, descobriu-se que uma bárbara ameaça vinha colocando esses animais tão especiais em risco de extinção: estavam matando botos para usar sua carne como isca na pesca da piracatinga, um bagre necrófago que se alimenta de carcaça de animais mortos.

Apesar de ser um peixe que contém altos níveis de contaminação por mercúrio e outros metais pesados, a piracatinga ainda é muito apreciada na Colômbia.

Então, em 2015, foi criada uma moratória de proibição da pesca e comércio da piracatinga, que deveria durar cinco anos, para que estudos e um plano de manejo e conservação fossem implementados.

No entanto, por falta de investimento e de incentivo, medidas de proteção e de fiscalização efetivas não foram tomadas – e a pesca continua acontecendo de forma ilegal, para atender as demandas na Colômbia. 

A moratória, que foi prorrogada nos últimos dois anos, também termina em julho de 2022, deixando os botos completamente desprotegidos e expostos à crueldade deste crime. 

No entanto, uma petição criada pela Sea Shepherd Brasil, como parte da campanha Boto da Amazônia, pediu pela extensão da moratória da piracatinga por tempo indeterminado. Inclusive, mais de 55 mil pessoas engajadas e apaixonadas pela biodiversidade brasileira assinaram a petição!

Juntamente com as assinaturas, a Sea Shepherd Brasil acaba de enviar um ofício para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Secretaria de Aquicultura e da Pesca (SAP), em tempo para a última reunião do Grupo de Trabalho (GT) da Piracatinga, planejada para o dia 23 de junho (quinta-feira).

Neste GT, estão membros do governo, ONGs e instituições de pesquisa que irão discutir e decidir o destino da moratória. 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já manifestou a possibilidade de estender a moratória por mais um ano. No entanto, a Sea Shepherd Brasil e os mais de 55 mil apoiadores dessa causa acreditam que não há nenhuma justificativa para que a pesca de piracatinga volte a ser permitida.

Assim, deixamos clara nossa reivindicação: estender a moratória por tempo indeterminado – e não apenas por mais um ano!

O principal motivo para manter a moratória é que são necessários, no mínimo, 12 anos para estudar o real impacto de uma lei de proteção aos botos cor-de-rosa.

Além disso, segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os botos cor-de-rosa possuem uma reprodução lenta, o que aumenta ainda mais seu risco de extinção.

Durante uma das operações Boto da Amazônia, realizada pela Sea Shepherd Brasil em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), pescadores foram flagrados recebendo uma carga ilegal de piracatinga.

Pescadores com piracatingas capturadas

Queremos agradecer a cada pessoa que assinou esse apelo e se juntou a nós na dura batalha de proteção aos botos!
Sua assinatura pode fazer a diferença e, juntos, podemos salvar o boto cor-de-rosa!

Para ler o ofício na íntegra, clique AQUI.