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Com apoio da Sea Shepherd Brasil, Santos bane carne de cação na merenda

Tubarão

Secretarias de Educação e do Meio Ambiente da cidade dão mais um passo que dá exemplo a outras cidades a favor da preservação do oceano; município é o primeiro a firmar parceria do tipo com a Sea Shepherd Brasil

A Sea Shepherd Brasil, unidade brasileira da maior organização sem fins lucrativos de proteção da vida marinha e do oceano do mundo comemora a decisão definitiva da Secretaria de Educação da cidade de Santos, cidade litorânea do estado de São Paulo, de não oferecer carne de cação na merenda escolar de todas as escolas públicas de seu município, se tornando a primeira cidade brasileira a firmar o compromisso com a organização global. Em convite de aproximação do embaixador da Sea Shepherd Lawrence Wahba, a organização apresentou fatos e dados sobre os perigos do consumo de cação no Brasil e convenceu os órgãos públicos da cidade para esta decisão que é agora oficial. 

Desde 2010, esse tipo de carne, que pode ser de tubarões e até mesmo raias, já não faz parte do cardápio da rede municipal de ensino. Anualmente, o consumo de peixes na merenda escolar da cidade é de 40 mil kg por ano, o que representa aproximadamente 440 mil kg de carne de cação que foram poupados de ser consumida pelas crianças na cidade.

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Sofia Bonna Boschetti, nutricionista e coordenadora de Merenda Escolar da Secretaria de Educação de Santos, conta que a escolha de um produto para a merenda escolar da cidade segue uma série de critérios, dentre eles o ambiental.

“Quando pensamos na gestão da alimentação escolar temos que avaliar uma série de fatores como o nutricional, mas não podemos deixar de analisar o impacto ambiental e os resíduos que geram a nossa compra”, avalia.

Esta decisão é a partir de agora definitiva, não abrindo brechas para o retorno do cação nas merendas escolares. A medida é mais uma iniciativa da prefeitura da cidade de Santos a favor da preservação do oceano. Em novembro de 2021, a cidade foi a primeira do mundo a estabelecer a cultura de preservação dos oceanos na rede de ensino, sob a Lei Municipal nº 3.935, fato reconhecido pela UNESCO.

De acordo com Marcus Fernandes, coordenador de políticas ambientais da Secretaria de Meio Ambiente de Santos (SEMAM), a medida é essencial e se soma a outras ações do Município. “A SEMAM já realiza diversos trabalhos voltados à preservação do oceano. Traduzimos para os países de língua portuguesa a cartilha Cultura Oceânica, da UNESCO, e em parceria com o Instituto de Pesca, criamos o Programa Pesca Fantasma, sobre o descarte de petrechos. Agora, com a Sea Shepherd, ampliaremos essas ações, lembrando que estamos na Década da Ciência Oceânica”.

Nathalie Gil, diretora executiva da Sea Shepherd Brasil, comemora mais uma conquista da campanha da Sea Shepherd ‘Cação é Tubarão’, que recentemente culminou também no cancelamento do edital que previa o fornecimento de 650 toneladas de carne de cação para escolas da rede municipal de São Paulo.

“Um braço essencial da Sea Shepherd é a educação e a disseminação de conhecimento sobre questões ambientais ligadas ao oceano. O consumo de cação, além de ser extremamente danoso para o meio ambiente, também traz graves riscos à saúde de quem consome, principalmente as crianças. Nosso objetivo é que este seja um marco que dê exemplo; e que todas as prefeituras sigam o exemplo de Santos e busquem alternativas mais saudáveis e sustentáveis para a merenda escolar”, analisa.

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Problemas da carne de cação

A bióloga Bianca Rangel, cientista da Campanha Cação é Tubarão, da Sea Shepherd Brasil, alerta para os riscos de toxicidade da carne do animal. “O tubarão, por ser um animal de topo de cadeia, se alimenta de outros diversos animais. Por meio do processo de bioacumulação, todos os agentes contaminantes, incluindo metais pesados como mercúrio e arsênio, além de pesticidas e derivados de petróleo, se acumulam na carne, sendo um alimento longe de ser saudável, ainda mais para crianças”, aponta a cientista. A OMS recomenda um limite diário de consumo de 0.5mg desses metais para uma pessoa adulta – e não recomenda para crianças ou gestantes – e estudos já revelaram a presença de mais de duas vezes essa quantia em carne do animal. Os riscos do consumo vão desde intoxicação alimentar até mesmo danos cerebrais. Porém, o edital aceita o dobro da quantidade de mercúrio por posta de cação – portanto não seguindo protocolos seguros de ingestão, principalmente por crianças.

Já em relação aos riscos ambientais, além do desequilíbrio do ecossistema marinho, pelo fato do tubarão ser um predador de topo de cadeia alimentar. A carne de cação se refere a uma grande gama de espécies, que contempla raias e tubarões, o que muitas vezes acaba incluindo o consumo de espécies criticamente ameaçadas e proibidas de comercialização, como tubarões-martelo e raias-viola. A carne de cação é vista como um subproduto do mercado de barbatanas de tubarões, altamente consumidas em alguns países asiáticos. Como a carne do animal não é de interesse para a maioria dos países, o Brasil adquire a um preço atrativo, em comparação com outros animais, o que faz com que o país seja atualmente o 1º importador e consumidor de carne de tubarão em escala mundial.

Campanha Cação é Tubarão

Lançada em 2021, a campanha CAÇÃO É TUBARÃO da Sea Shepherd Brasil visa entender como e onde os tubarões e raias estão sendo comercializados no Brasil, quais são as espécies e de onde elas estão vindo, com o objetivo de alertar a sociedade acerca desta prática e auxiliar na informação para a influência de iniciativas governamentais.

Como parte da campanha CAÇÃO É TUBARÃO, a Sea Shepherd Brasil também está implementado a condução de um estudo científico baseado na coleta de informações via ciência cidadã e análise genética e de metais pesados com o objetivo de mapear a extensão do comércio da carne de tubarões e raias pelo Brasil e finalmente identificar as espécies envolvidas nesses comércio e seus nomes regionais.

Saiba mais em nossa página sobre a campanha.
Logotipo da campanha Cação é Tubarão

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