Sea Shepherd expande seus esforços de conservação para a Amazônia em parceria com os
principais cientistas locais para a conservação dos icônicos golfinhos do rio Amazonas.
A Sea Shepherd Brasil lança a sua campanha em conjunto com a Sea Shepherd Global, a EXPEDIÇÃO BOTO DA AMAZÔNIA, a primeira campanha da Sea Shepherd Global no Brasil. O anúncio foi feito em um evento virtual da Sea Shepherd no Brasil no dia 5 de junho pelo próprio Capitão Paul Watson, fundador da organização internacional de conservação marinha, após uma conversa inspiradora com a líder indígena Juma Xipaia.
A Sea Shepherd chega na Amazônia no segundo semestre deste ano, e seus cientistas se unirão à cientistas renomados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que lideram a pesquisa científica mundial sobre o boto rosa, como é popularmente conhecido, ou boto amazônico (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), porém necessitam aprofundar suas pesquisas, que já indicam que essas espécies necessitam constar na lista de risco crítico de extinção pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) para receberem a proteção ambiental que necessitam na região.
Estudos já demonstram que os botos da Amazônia tendem a diminuir sua população pela metade a cada 10 anos. Há várias ameaças a estes cetáceos, como a pesca acessória em redes, caça intencional de pescadores para diminuir a competição por peixes, a construção de represas que isolam as espécies, e cada vez mais, botos são assassinados com a intenção de servir de isca para a pesca ilegal de uma espécie de bagre necrófago local, a piracatinga.
Este é o primeiro estudo de longo prazo que será realizado em múltiplos pontos do rio, tornando possível uma avaliação do verdadeiro estado de conservação dessas espécies. Será um estudo populacional de três anos abrangendo duas expedições por ano cobrindo quatro pontos do rio Amazonas, resultando em um total de seis expedições, 3.000 km percorridos e 100 dias de observação.
O Rio Amazonas é a principal artéria para o oceano, representando 20% da descarga fluvial global. No passado, esses golfinhos eram protegidos por mitos e lendas que eram transmitidos por gerações desde as tradições de grupos indígenas locais. Hoje em dia, infelizmente com a perda da força das culturas ancestrais isso se perdeu. Esses golfinhos são vistos como uma praga ou um incômodo para os pescadores. Ou pior, como ferramentas para pesca.
Para o fundador da Sea Shepherd, Capitão Paul Watson, os botos precisam de atenção imediata: "Estou muito animado que a Sea Shepherd Brasil vai fazer uma expedição no rio Amazonas e creio ser muito importante não só para o Brasil, mas em uma escala global, proteger os botos da Amazônia." Precisamos com urgência obter dados mais aprofundados sobre o declínio populacional desses animais para garantir que regras como a moratória da pesca da piracatinga, que está prevista para terminar em julho deste ano, continuem a proteger essas espécies.
A sua contribuição é urgente e necessária para que esta expedição seja uma de várias.
Fotos: Cristian Dimitrius, Gleeson Paulino, INPA