Rico bercário marinho da Ilha de Cabras ao portinho em Ilhabela/SP Precisa de Proteção
No último dia 24/02 o Instituto Sea Shepherd Brasil – Núcleo SP fez a atividade “Conscientização Ambiental e Matéria sobre o Berçário Marinho da Ilhabela” para alertar sobre a importância da proteção do fundo do mar da Ilha das Cabras à Praia do Portinho. O local é conhecido como o Santuário Ecológico Municipal de Ilhabela através do Decreto Municipal 953/1992 e pelo IBAMA há proibição de pesca nos 20 metros no entorno da Ilha das Cabras.
De grande beleza cênica e alta importância do ponto de vista ambiental e social, esta área sem proteção das autoridades requer atenção especial pela sua diversidade e variação genética que conserva em seu ecossistema os processos ecológicos fundamentais.
O registro da matéria contou com mergulhos da equipe de voluntários da Sea Shepherd Brasil que gravou imagens sub e colheu depoimentos de voluntários dedicados à preservação da biodiversidade do local.
Na série de mergulhos e registros do local foi possível identificar em suas belas paisagens aquáticas as várias espécies de peixes e muitos invertebrados neste berçário marinho. Não é difícil dizer o quanto é importante a sua preservação e o quanto há de descaso das autoridades em preservar esta joia do litoral norte em terras ilhabelenses.
São muitas as ameaças que cercam o local que vão desde o esgoto lançado ao mar à pesca ilegal, aos mergulhos sem monitoramento ao tráfego de embarcações motorizadas, falta de fiscalização e muito mais.
O turismo sem monitoramento no meio ambiente marinho cresce com a especulação imobiliária sem o devido tratamento de esgoto que se soma à presença do Porto de São Sebastião e Terminal petrolífero da Petrobras (TEBAR) que foram indicados pelo ZEE (Zoneamento Ecológico – Econômico do Litoral Norte do Estado de São Paulo) como os principais conflitos ambientais encontrados nesta região costeira. Ainda estão incluídos neste contexto os empreendimentos de exploração de petróleo e gás das camadas do Pré e Pós Sal, em instalação desde 2011.
Neste rico berçário marinho, com condições ideais para que centenas de espécies de animais (vertebrados e invertebrados) encontrem abrigo, é ideal para que estes animais se alimentem, cresçam e reproduzam-se transbordando vida marinha para toda a região.
São muitas as espécies encontradas no local que apresenta diversos peixes recifais. Em um relatório técnico elaborado pelo Projeto Peixes Recifais da Região Sudeste – ECOPERE-SE apenas na Ilha das Cabras foram identificadas 147 espécies pertencentes a 54 famílias. Também foi reconhecida como local de reprodução de 23 espécies o que se conclui como área de especial interesse de proteção das populações e garantia da sobrevivência das espécies.
Mais dados foram publicados sobre a ocorrência de peixes recifais que se referem à Praia do Portinho. Neste local, foram identificadas 101 espécies pertencentes a 68 famílias demonstrando que se trata de uma região bastante rica em diversidade de espécies e que deve ser protegida.
Neste pequeno trecho de 1,5 km existem mais de 25 espécies classificadas com algum grau de ameaça de extinção, segundo a lista nacional (IBAMA, 2014) e da International Union for Conservation of Nature (IUCN). As atividades humanas contribuem de forma negativa para a proteção das espécies e isto deve ser mudado. É de suma importância diminuir os impactos no dia-a-dia, nas pequenas ações cotidianas e ainda exigir das autoridades e governantes a proteção dos ecossistemas marinhos.
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Se não protegermos este berçário marinho nossos filhos e netos terão uma herança amarga e só verão estes animais marinhos em livros. A proteção deste ecossistema marinho garantirá a manutenção da riqueza e abundância das espécies para o transbordamento de animais para locais onde a pesca é permitida.
Dará continuidade na valorização da arte dos pescadores artesanais como também aumentará o atrativo ecológico no setor turístico. Ainda, ao se criar uma Unidade de Conservação de proteção integral atenderá a uma normativa legal de recategorização do Decreto 593/92 que incide sobre o município.
“Seja um agente multiplicador da proteção da biodiversidade marinha. Exerça seu papel de cidadão consciente numa sociedade organizada que exige das autoridades a mudança de comportamento que devemos ter em respeito à vida dos oceanos. A economia implacável, os grandes empreendimentos e o turismo devem criar reservas de compensação ambiental com dispositivos para educação ambiental marinha, fiscalização e punição dos infratores. Desta forma poderemos contribuir ainda mais para a perpetuação das espécies, cuidando do bem mais precioso que é a vida. O Instituto Sea Shepherd Brasil continua forte na luta em defesa dos oceanos e agradece aos voluntários envolvidos nesta atividade”, finaliza Mara Lott, Coordenadora Sea Shepherd Brasil – Núcleo SP.
A vida marinha agradece.