Editorial

Os bastidores da Operação Focas do Deserto

Comentário por Pat Dickens, Coordenador da Sea Shepherd África do Sul

Foto: Sea Shepherd

Foto: Sea Shepherd

Frequentemente me perguntam como eu me envolvi com a Sea Shepherd. Eu me lembro desse dia muito claramente, o primeiro de junho de 2010. Eu tinha ouvido um trecho da notícia em uma estação de rádio local, que 91.000 focas iam ser espancadas até a morte na Namíbia. Fiquei absolutamente chocado e horrorizado, convencido de que o número estava sendo grosseiramente exagerado. Cheguei em casa e fiz uma rápida pesquisa. O que eu descobri foi nada menos do que uma história de verdadeiro horror, um segredo sujo que a Namíbia foi escondendo do mundo, uma espécie em extinção espancada até a morte, sua pele vendida por meros sete dólares! Eu também achei imagens do massacre no YouTube, que me empurraram para a realidade. Eu não podia ficar parado e permitir que esta selvageria bárbara e iníqua continuasse a acontecer praticamente despercebida. Fiz contato com todas as organizações de direitos animais que eu consegui pensar, literalmente enviando milhares de e-mails. A melhor resposta que recebi do Greenpeace foi uma resposta automática.

E então eu descobri a Sea Shepherd. A Sea Shepherd praticamente de maneira imediata respondeu à mensagem que eu enviei. Eu estava ligado aos voluntários locais da Sea Shepherd, e não muito tempo depois, foi oferecida uma posição de coordenador de voluntários para a África do Sul. Expliquei as minhas preocupações em torno do massacre de focas da Namíbia com o CEO da Sea Shepherd, Steve Roest, e fui instruído a pesquisar e escrever um breve comentário para o site da Sea Shepherd. Por simplesmente publicar as informações sobre o massacre de focas em nosso site oficial e nas páginas do Facebook, milhares de pessoas foram imediatamente informadas sobre as atrocidades em um país que não era sequer ouvido falar anteriormente. Tornar-se voluntário para a organização Sea Shepherd me permitiu tornar-se um porta-voz, e logo após, tivemos inúmeros artigos de notícias publicados sobre a matança de focas na mídia local e internacional, junto com transmissões também.

Enquanto toda a atenção da mídia ainda estava sendo gerada, houve uma enxurrada de atividades nos bastidores, com muitas mensagens entre a Sea Shepherd e eu. Enquanto eu não posso entrar em detalhes, posso assegurar-lhes que planos estavam sendo traçados, fornecendo a base para a Operação Focas do Deserto. As coisas estavam realmente acontecendo! Logo depois, tive a oportunidade de me reunir com um agente à paisana que viajou para a Namíbia como um olheiro para a prévia da missão. Foi então que percebi o alcance e a complexidade de tal operação. Daquele ponto em diante, começamos um período muito completo de pesquisa e as coisas começaram a se mover rapidamente por lá. Equipamentos de todos os tipos começaram a chegar, de todos os cantos do mundo. Logo depois, encontrei-me com o diretor europeu da Sea Shepherd, Laurens de Groot, e outros tripulantes, em um local secreto nos arredores de Cidade do Cabo. E assim começou a Operação Focas do Deserto.

Gostaria de agradecer à equipe de campanha inteira, incluindo o Capitão Paul Watson, à Sea Shepherd Conservation Society, e todos os doadores individuais envolvidos, que tornaram essa operação possível. Sem cada um de vocês, essa prática repugnante ainda seria um pequeno segredo sujo da Namíbia.

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do ISSB