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Sea Shepherd Austrália lidera Campanha em Defesa das Baleias na Antártida

O fundador e presidente, Capitão Paul Watson, deixa a Sea Shepherd EUA e Austrália

O ex-senador Bob Brown com o diretor da Sea Shepherd Austrália, Jeff Hansen. Foto: Sea Shepherd

Numa conferência de imprensa ao lado do Sam Simon, às 10:00 (horário da Austrália), hoje, 07 de janeiro, em Hobart, a seção australiana da organização de conservação marinha global sem fins lucrativos, a Sea Shepherd Conservation Society, anunciou que vai liderar a organização da nona Campanha em Defesa das Baleias na Antártida, a Operação Tolerância Zero. O fundador e presidente da Sea Shepherd, o Capitão Paul Watson, deixou a Sea Shepherd EUA e a Sea Shepherd Austrália. O Steve Irwin, geralmente comandado pelo Capitão Watson, será ocupado pelo Capitão Siddharth Chakravarty para a continuidade da campanha. O Capitão Watson permanecerá a bordo para documentar a campanha. Colega de longa data e conselheiro do Capitão Watson, o atual membro do conselho, Marnie Gaede, irá assumir o papel de Presidente da Sea Shepherd EUA, enquanto o ex-líder do Partido Verde e ex-senador australiano, Bob Brown, juntou-se ao Conselho de Administração da Sea Shepherd Austrália, e vai dirigir a Operação Tolerância Zero, juntamente com o diretor da Sea Shepherd Austrália, Jeff Hansen. Estas mudanças estão sendo adotadas para que a Sea Shepherd continue sua missão vital de defender as baleias em risco no Santuário de Baleias do Oceano Antártico.

“Estou honrado de servir as grandes baleias do Oceano Antártico e a Sea Shepherd desta forma”, disse o ex-líder do Partido Verde e ex-senador, Bob Brown. “Minha admiração por Paul Watson é inversamente proporcional à ira do governo japonês no sucesso da Sea Shepherd, que evitou o abate de quase 4.000 baleias nos últimos anos”, acrescentou. “Peço aos australianos para nos apoiar generosamente, para que esta grande missão possa continuar”.

Nas últimas oito temporadas, o trabalho da Sea Shepherd em defesa das baleias foi aprovado pela maioria dos cidadãos australianos, portanto, a Sea Shepherd está fazendo o trabalho que a maioria dos australianos querem ver feito para proteger as baleias. Como no verão passado com a Operação Kimberley Miinimbi, a campanha da Sea Shepherd no Oceano Austral é, em última instância um projeto baseado na Austrália, e diz respeito à proteção de baleias no Santuário de Baleias do Oceano Antártico. A Sea Shepherd Austrália sempre esteve fortemente envolvida no planejamento e captação de recursos para a campanha do Oceano Austral. A direção da Sea Shepherd Austrália na Campanha de Defesa das Baleias no Antártico é uma evolução natural do crescimento da Sea Shepherd em todo o mundo, e em regiões como a Austrália.

Bob Brown com Malcolm Holland durante a Operação Kimberley Miinimbi. Foto: Sea Shepherd

“Esta é uma das campanhas mais amplamente seguidas da Sea Shepherd, aprovada por centenas de milhares de cidadãos de todo o mundo, mas a verdade é que as baleias no Santuário de Baleias da Antártica residem no quintal da Austrália”, disse Hansen. “Na verdade, as baleias em risco no Oceano Antártico são algumas das mesmas baleias que para lá migram das águas ao largo da costa da Austrália Ocidental. Faz sentido que os australianos devam assumir o desafio e defendê-las”, acrescentou.

A Sea Shepherd vem realizando intervenções em alto-mar em defesa da vida marinha há 35 anos, e há oito temporadas contra o Instituto de Pesquisa de Cetáceos (ICR) do Japão – uma forma ilegal de caça, subsidiada pelo governo – tudo dentro dos limites da lei e sem causar ferimentos graves. Todo mês de dezembro, a Sea Shepherd viaja para a Antártica para defender as baleias de serem mortas pelo Instituto de Pesquisa de Cetáceos dentro de um santuário marinho. Ao longo das últimas oito campanhas no Oceano Antártico, a Sea Shepherd salvou a vida de cerca de 4.000 baleias e expôs as atividades baleeiras ilegais japonesas ao mundo.

Em fevereiro do ano passado, o Instituto de Pesquisa de Cetáceos perdeu uma liminar contra a Sea Shepherd EUA para tentar impedir a organização de proteger as baleias durante a campanha em defesa de baleias da Antártida deste ano, a Operação Tolerância Zero. Essa decisão foi derrubada no mês passado, e uma liminar foi emitida pelo 9º Tribunal Federal de Apelações no Estado de Washington, em favor do Instituto de Pesquisa de Cetáceos. A frota baleeira afirmou que lesões foram causadas à sua tripulação, embora não tenham sido capazes de produzir um fragmento de prova médica confirmando suas reivindicações. Enquanto isso, a Sea Shepherd apresentou provas de navios do Instituto de Pesquisa de Cetáceos batendo e danificando navios da Sea Shepherd, em um caso destruindo totalmente um navio de 1,5 milhão de dólares, ferindo um cinegrafista e quase afogando seis tripulantes, mas o Instituto de Pesquisa de Cetáceos não foi sequer muito questionado. Além disso, em janeiro de 2008, o Tribunal Federal da Austrália decidiu que a atividade baleeira do Instituto de Pesquisa de Cetáceos é ilegal e emitiu uma liminar contra os baleeiros, mas os baleeiros continuam matando, violando a ordem judicial. Eles também estão caçando na Zona Exclusiva Econômica australiana, e estão levando rifles carregados a bordo de seus navios em uma zona desmilitarizada, uma violação do Tratado da Antártida.

Além de Hansen e Brown, o antigo Ministro do Ambiente Federal da Austrália, Ian Campbell, falou na conferência de imprensa sobre a campanha: “A Sea Shepherd Austrália tem uma missão neste verão e que é ‘tolerância zero’ de sangue no oceano. Os japoneses têm seus navios armados com arpões que matam e mutilam as baleias, e armas que pode mutilar e matar seres humanos”, disse ele. “A Sea Shepherd Austrália está lá para proteger as baleias, e se os seus navios têm de ficar a 450 metros de um navio assassino para salvar uma baleia, então é isso que será feito. Se os japoneses dizem que não ficam a 450 metros de uma baleia, a Sea Shepherd Austrália fará o mesmo”, acrescentou.

Encorajados pelo apoio em todo o mundo para esta campanha, o Capitão Paul Watson disse: “A Sea Shepherd Austrália está em uma posição muito boa para liderar esta campanha no Oceano Antártico. Temos toda a fé que a Operação Tolerância Zero é um sucesso completo”.

Histórico:

A Austrália ingressou com uma ação contra o Japão no Tribunal Internacional de Justiça, em 31 de maio de 2010, e se juntou à Nova Zelândia em 21 de novembro de 2012, com relação a um litígio sobre o programa JARPA II do Japão sobre a “caça científica”.

A decisão de 17 de dezembro pelo Tribunal de Apelação dos EUA para o Nono Circuito no Estado de Washington derruba a decisão anterior em favor da Sea Shepherd. Ela ordena que a Sea Shepherd EUA não deve fisicamente enfrentar qualquer navio ou qualquer pessoa em qualquer navio envolvido pelos demandantes, o Instituto de Pesquisa de Cetáceos, no Oceano Antártico, e não deve navegar de uma forma que coloque em perigo a segurança de qualquer embarcação de tal operação. A decisão também afirma que os réus não devem se aproximar dos demandantes pelo limite de 500 metros, quando os réus estiverem navegando em mar aberto. A liminar permanecer no local até que o tribunal emita um parecer sobre o mérito do recurso interposto pelo Instituto de Pesquisa de Cetáceos.

A ação do Instituto de Pesquisa de Cetáceos é financiada por uma subvenção do governo japonês de cerca de 30 milhões de dólares do fundo de auxílios doados para ajudar as vítimas do tsunami e terremoto, não para caçar baleias. É parte de uma estratégia maior do Instituto de Pesquisa de Cetáceos do Japão para reduzir as intervenções da Sea Shepherd em defesa das baleias no Santuário de Baleias do Oceano Austral estabelecido. Como resultado deste plano, o fundador da Sea Shepherd, Capitão Paul Watson, é o alvo de dois  “alertas vermelhos” emitido pela Interpol, atendendo um pedido da Costa Rica e do Japão, que procuram extraditá-lo para estas nações para um julgamento forjado, politicamente motivado pela defesa da vida selvagem marinha de caçadores furtivos.

Hansen e Brown colaboraram no verão passado para defender o maior berçário de baleia jubarte no mundo do desenvolvimento da maior fábrica de gás em James Price Point, durante a campanha de grande sucesso da Sea Shepherd da Austrália, a Operação Kimberley Miinimbi.

Leia a “Declaração do Capitão Paul Watson“.

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil