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Pescadores retiram barbatanas de tubarões e descartam resto do peixe

Fonte: Jornal Hoje

UntitledNo ano passado, seis pessoas morreram vítimas de ataques pelo animal em todo o mundo. No mesmo período, barcos pesqueiros capturaram milhões de tubarões.

Fabiano Villela Belém, PA

O mais temido predador dos mares, agoniza… Imagens feitas pela ONG Sea Shepherd (Pastores do Mar) mostram centenas de tubarões morrendo, vítimas do comércio milionário de barbatanas.

Nem os inofensivos tubarões baleia escapam. Os pescadores cortam as nadadeiras e jogam o resto no mar, como se fosse lixo. Mutilado, o animal, não tem chance de sobreviver. Os pescadores alegam que não compensa armazenar o peixe.

“Se pescador tem um barco com capacidade, por exemplo, para duas toneladas, de forma criminosa, ele acaba entendendo que é muito melhor carregar duas toneladas de barbatana do que o tubarão inteiro. O resto do tubarão tem em média o preço de R$ 3 ou R$ 4 na venda, enquanto a barbatana chega a R$ 78 ou R$ 88”, explica Leandro Aranha, chefe da divisão de fauna e pesca, Ibama-PA.

Os maiores compradores são os chineses. Eles chegam a pagar mais de US$ 100 por uma sopa. A barbatana não tem gosto. O sabor depende do tempero caprichado de cada cozinheiro, mas os orientais acreditam que elas têm poderes afrodisíacos. O prato virou um símbolo de status.

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No Brasil, o Ibama só autoriza o comércio de barbatanas se o pescador trouxer junto o resto do tubarão, mas a pesca ilegal tem aumentado bastante.

No Pará, o Ibama investigou as três maiores empresas exportadoras de barbatanas, e descobriu que uma delas vendeu 75% a mais do que o permitido. O Ibama multou a Sigel do Brasil em R$ 200 mil. No armazém da empresa, em Belém, os fiscais encontram três toneladas de barbatanas e nenhuma carcaça de tubarão.

Com base nessa denúncia, a ONG Instituto Justiça Ambiental entrou com uma ação civil pública contra a Sigel pedindo uma indenização de R$ 1,380 bilhão. “A gente espera um efeito pedagógico que iniba outras de fazer essa captura ilegal de tubarões e isso a gente vai descobrir no transcorrer desse processo. Retirar esses animais de uma forma bruta como está sendo feita obviamente vai colapsar todas as cadeias alimentares que estão abaixo, e é isso que a gente está preocupado”, afirma Cristiano Pacheco, advogado da ONG Instituto Justiça Ambiental.

Pelas contas do instituto, as 21 toneladas de barbatanas exportadas pela Sigel e as três toneladas apreendidas pelo Ibama representam a matança de 280 mil tubarões em pouco mais de um ano.

A empresa Sigel do Brasil foi procurada pela nossa reportagem mas não quis comentar o caso. Segundo o biólogo canadense Rob Stewart, autor do documentário Sharkwater, só no ano passado os barcos de pesca capturaram mais de 150 milhões de tubarões.

Clique aqui e conheça o trabalho da ONG Sea Shepherd e da Shark Water.

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