Operação Porfia – Núcleo ES – Monitoramento Elefante Marinho
Visitante das praias capixabas há cerca de quatro anos, o elefante marinho conhecido popularmente como “Fred” retornou ao Espírito Santo em 15 de janeiro deste ano, onde permaneceu, contrariando todas as previsões, até o dia 19 de fevereiro. O esperado era de uma a duas semanas, já considerando que pudesse extrapolar o recorde de nove dias, registrado. É comum a vinda deste mesmo animal, da Argentina para o Brasil, todos os anos desde a sua primeira aparição, em 2012, em busca de alimento e, principalmente, repouso. Sua estada sempre foi monitorada e observada por instituições relacionadas à fauna.
Este ano, entretanto, mais que monitorá-lo, foi necessário defendê-lo. Mediante ameaças diretas de intento contra a vida do animal e sem garantias do bem estar do mesmo, o Sea Shepherd Brasil, através do seu núcleo de voluntários ativistas do Espírito Santo, assumiu a operação de vigília do mamífero marinho. Foram organizadas escalas entre voluntários dessa organização e de outras que uniram esforços em prol da causa e até seu último dia em terras e águas capixabas, a integridade física do animal foi mantida.
Ele, um elefante marinho jovem, de mais de 600 kg, pôde concluir uma de suas etapas naturais de vida, vindo e retornando ao seu local de origem, em segurança. A partir deste episódio, instaurou-se a Operação Porfia, regida pelo núcleo do Espírito Santo do Sea Shepherd Brasil, de modo a garantir os mesmos cuidados ao animal para todas as suas próximas vindas. O nome da operação vem da condição à qual os voluntários acabam por vivenciar quando das vigílias: a atenção constante, intempéries climáticas, desgaste físico pelos ambientes impróprios onde é preciso prestar permanência, desgaste emocional ao lidar com curiosos e suas possíveis ameaças e/ou ofensas, entre outros.
“Os mamíferos aquáticos são protegidos legalmente por diversos atos internacionais e pela legislação ambiental brasileira (Lei n° 9.605/98 dos Crimes Ambientais do Brasil – MMA, 1998). Guiada pela Carta Mundial da Natureza das Nações Unidas e legitimada pelos princípios, leis e acordos internacionais, o Núcleo do ES do Sea Shepherd Brasil teve que agir atuando ativamente em prol da conservação dos oceanos e da vida do animal. Foram demasiadas pessoas passando frio e chuva; dia, noite e madrugada, simplesmente para proteger o bem mais precioso que todo o ser vivo tem o direito: A VIDA. Todos os locais onde o animal havia parado para repousar foram mantidos em segredo para evitar o assédio da população. O Núcleo do ES do Sea Shepherd Brasil, exclusivamente, também, negou entrevistas e reportagens com a mídia capixaba para não atrapalhar o andamento do nosso trabalho.” Relatou Thiago Barrack Lavander – Diretor Regional do ES do Sea Shepherd Brasil.
“Diversas pessoas motivadas pelos valores de participação e solidariedade, doaram seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não-remunerada para uma causa que é de total interesse social e comunitário. A equipe do Sea Shepherd apoiou e defendeu todos os participantes e membros durante todo o curso da operação, desde as violações intencionais das leis ambientais até com abusos de autoridade. Além também de monitorar o Elefante-marinho, a equipe do Núcleo do ES do Sea Shepherd Brasil, sem perder o foco, se manteve atenta e aproveitando as madrugadas de campana, seguiu diversas rotas de pesca, flagrando embarcações que possivelmente praticavam pesca ilegal. Todo o material de gravação foi recolhido e será analisado juridicamente. Esse, é realmente o verdadeiro espírito de Defender, Conservar e Proteger da organização mais ativista e radical do mundo em prol da Vida Marinha.” Finalizou Thiago Barrack Lavander – Diretor Regional do ES do Sea Shepherd Brasil.
Esta missão, por ora, encontra-se encerrada e com sucesso. E, desde já, dispomos de um plano de ação para a próxima vinda deste ou outro animal marinho que necessite dos nossos “serviços”, quais sejam: proteger e conservar a vida marinha, SEMPRE.
“Nossos esforços foram direcionados para a contenção do animal em locais de risco e para a conscientização da população do entorno e visitante. População que por vezes era nossa aliada, ao avisar de pronto os locais de aparição do animal ou oferecendo suporte e, por vezes representava grande adversidade por parte daqueles que nos insultavam e afrontavam por considerarem-se mais “donos” das praias do que o animal em questão. A mídia local não desempenhou o seu melhor papel quando da divulgação de onde o elefante marinho se encontrava, atraindo mais curiosos, mas nós fizemos o nosso, garantindo a integridade física do animal até o último dia de sua – prolongada – estada em terras e águas capixabas. Quando do retorno do mesmo estaremos lá, novamente, com a nossa já estruturada Operação Porfia, garantindo a integridade e bem estar deste ou de outro animal marinho que necessite de nossos “serviços”, quais sejam: proteger e conservar a vida marinha, SEMPRE.” Cíntia Silva Varzim – Voluntária ativista e Membro do Conselho do Núcleo do ES do Instituto Sea Shepherd Brasil.
O Núcleo do ES do Instituto Sea Shepherd Brasil em conjunto com o Instituto de Pesquisa e Reablitação de Animais Marinhos do Espírito Santo (IPRAM), receberam o suporte e o apoio da Guarda Civil Municipal de Vila Velha, Polícia Militar, 38º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, Instinto Imagem, Instituto Jacarenema, Villa dos Lobos Centro Cultural, Associação de Moradores do Morro do Moreno – Praia da Costa, Moradores Praia do Ribeiro.
Agradecimentos Especiais para: Luis Felipe (IPRAM), Alexandre (PMVV), Stinguel (Guarda Civil Municipal de Vila Velha), Sâmara e Carlos (Associação de Moradores do Morro do Moreno), Pablo (Vizinho Praia do Ribero), e a todas as demais pessoas envolvidas nesta operação, do qual dedicaram-se e empenharam-se tempo, saúde, esforço e energia para resguardar a vida deste animal.
Para o Instituto Sea Shepherd Brasil, VOCÊ, voluntário, foi mais do que uma escolha, um tempo, uma doação. Foi uma atitude responsável e comprometida com a conservação de um bem precioso: a Vida nos Oceanos.