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Como é ser um voluntário embarcado da Sea Shepherd Brasil?

Voluntárias embarcadas em saída da Campanha Borrifos

Voluntários relatam a experiência de uma primeira operação no mar

Nas redes sociais, recebemos muitas perguntas sobre como o voluntário da Sea Shepherd Brasil pode atuar e como funciona a rotina deles em uma embarcação independente de ser um ou mais dias embarcados. Considerando essa curiosidade, decidimos mostrar os relatos de quem vivenciou essa experiência.

São histórias interessantes e ricas, além de situações atípicas, que acabam por ser uma inspiração para aqueles que desejam vivenciar o novo. Nosso intuito é instruir aqueles que consideram realizar trabalho voluntário e se dedicar de fato a tal empreitada. Compartilhamos os relatos da Campanha Borrifos cujo propósito era monitorar a  migração de baleias jubarte em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. Vale a pena conferir!

 

Thiago Bolivar

Após oito anos como voluntário e filiado da Sea Shepherd Brasil, recentemente tive a oportunidade de participar de uma saída embarcada. Em uma circunstância anterior, já havia representado a Sea Shepherd a bordo de uma embarcação: no Dia Mundial de Limpeza de Praias e Rios de 2019, quando, remando minha própria canoa junto à foz do Rio Iguaçu, na Tríplice Fronteira, atuei somando esforços ambientais de membros de organizações parceiras; porém, desta vez, minha  participação ocorreu de forma oficial em uma campanha consolidada e com propósitos científicos, em Borrifos, nos arredores da Ilhabela. 

Inicialmente, ressalto que a participação em operações semelhantes envolve mais que a simples vontade de colaborar: é necessário estar realmente apto para o trabalho e tudo o que ele envolve. Além disso, deve-se ter disposição para passar algumas horas (neste caso, foram três) no balanço do mar, diante de qualquer condição climática e é preciso saber como se comportar em uma embarcação, colocando-se sob a autoridade do capitão e do líder do grupo de pesquisa.

Voluntário Thiago Bolivar

Essa postura é necessária visto que, em situações similares, ter uma hierarquia de comando é essencial; em se tratando de uma saída com fins científicos, visando principalmente o registro de espécies avistadas, é solicitado ter bons conhecimentos a respeito da fauna marinha da região, bons olhos e um bom manejo de equipamentos como câmeras, binóculos, telêmetros e afins.

Campanha Borrifos - Baleia

As saídas da Operação Borrifos foram organizadas pela Coordenadora da Campanha Mara Lott durante o trânsito de baleias pela região; que salvo ocasiões excepcionais, ocorrem uma vez por semana durante o período em questão. Na oportunidade que descrevo, eu e a Coordenadora de Educação Giselle Reis nos somamos a dois pesquisadores de outras ONGs e a três membros da tripulação do pequeno barco. Nosso trabalho consistia em lançar olhares de varredura ao longo de todo o trajeto pelo canal que separa a ilha da costa de São Sebastião, e assim pudemos contabilizar, naquela tarde, o avistamento de uma baleia jubarte, uma tartaruga verde e dois pinguins de magalhães. Também tínhamos a expectativa de encontrar  raias-manta, o que não se cumpriu pois estas não deram o ar da graça no dia. De qualquer forma, esse revés  não foi exatamente inesperado visto que a  fauna  nem sempre irá aparecer onde e quando esperamos. Cabe destacar que os voluntários embarcados receberam a  contribuição de pesquisadores situados em terra,  e estes  comunicavam avistamentos realizados a partir de seus pontos de observação.

Os voluntários da Sea Shepherd Brasil vêm realizando, há muitas temporadas, esse inestimável trabalho científico que leva ao conhecimento de particularidades da fauna marinha brasileira, com a finalidade última de defender, conservar e proteger as espécies que frequentam nossas costas.

Como  voluntário estabelecido relativamente longe do litoral, levarei para sempre a lembrança desta primeira experiência, e aproveito a oportunidade para encorajar os colegas brasileiros a capacitarem-se para as diversas ações que a Sea Shepherd organiza no mar ou em terra.

 

Giulia Braz

No dia 2 de setembro de 2021 tive a oportunidade de acompanhar uma saída embarcada da Campanha Borrifos. Fiquei muito feliz em ver e aprender melhor como a campanha funciona na prática – a logística da Borrifos é totalmente diferenciada do que a maioria de nós, voluntários, vivenciamos na Sea Shepherd, porque trata-se de um estudo científico. A tripulação é reduzida e conta com a presença de coordenadoras de campanha e biólogos, cada um com uma função, tipo de registro e um lado do barco para observar. 

Como bióloga e fotógrafa, eu estava na função de fotoidentificação e também aprendi sobre todos os formulários que devem ser preenchidos e equipamentos que são frequentemente usados no dia a dia das saídas para a Campanha Borrifos com o objetivo de identificar os animais, analisar seus comportamentos e a interação com os barcos ao redor.

Voluntária Giulia Braz

Apesar da meta da campanha estar focada apenas nas baleias, a Sea Shepherd não deixa que nada passe em vão no mar, mesmo sem nenhuma baleia avistada nesta saída específica, pudemos observar outros animais e atuar retirando objetos que encontramos, e nunca deveriam ter sido perdidos no mar. Um colete salva vidas pertencente a uma embarcação de Santos foi avistado pelo capitão do barco e retirado pela tripulação, além de uma grande rede de arrasto, que já estava servindo apenas para captura de pesca fantasma há algum tempo, desta rede retiramos peixes, lagostas, siris e camarões vivos e mortos. Assim, salvamos a vida de diversos invertebrados emalhados, e impedimos futuros emalhes naquela rede. Não atingimos o foco da campanha neste dia em questão, mas continuamos contribuindo para a conservação do oceano.

Como ser um voluntário da Sea Shepherd Brasil?

Se você quer atuar em diferentes frentes em prol dos oceanos com a gente, acesse https://seashepherd.org.br/voluntariado/ e preencha o formulário de inscrição. Será um prazer ter você a bordo!

 

E lembre-se: podemos ajudar a manter os mares limpos sem sair de casa. Saiba sempre a procedência dos alimentos que você consome, descarte o seu lixo de forma correta e busque sempre produtos que tenham um menor impacto no meio ambiente.