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Navios da Sea Shepherd patrulharão a Zona de Guerra Líbia atrás de pescadores ilegais

Foto: Gary Stokes

Foto: Gary Stokes

Começando no próximo mês, dois navios da Sea Shepherd Conservation Society  entrarão nas águas à costa da Líbia, área declarada como em estado de guerra desde que as forças rebeldes apoiadas pela OTAN lutam para derrubar o ditador despótico Muammar Kadafi, com o objetivo de interceptar pescadores ilegais de atum-rabilho e libertar quaisquer peixes pegos de modo ilegal, numa tentativa de salvar a espécie da eminente extinção.

As águas territoriais da Líbia foram declaradas pela OTAN zona interditada para voos, o que significa que a vigilância contra a pesca ilegal estará especialmente ausente na região. A OTAN não se interessa por operações de pesca ilegal e nenhum inspetor da União Européia nem da Comissão Internacional pela Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT) terão permissão de entrar na zona de guerra.

A Fundação Greenpeace não estará conduzindo nenhuma campanha em defesa ao atum, o que significa que a única proteção para o altamente ameaçado atum-azul será a presença dos dois navios da Sea Shepherd: o navio almirante Steve Irwin e o navio de interceptação rápida que será em breve renomeado. A única aeronave não militar na zona será o helicóptero da Sea Shepherd, Nancy Burnet à bordo do Steve Irwin.

Esta campanha será perigosa, mas o atum-azul corre risco de extinção em alguns anos caso não sejam efetivamente protegidos, e a Sea Shepherd não os abandonará. No ano passado, durante a primeira Operação Fúria Azul, em 2010, os tripulantes da Sea Shepherd localizaram e interviram contra a operação de pesca ilegal, libertando aproximadamente 800 atuns-azul.

A presidente da Sea Shepherd França, Lamya Essemlali, participou de uma reunião com o Diretório-geral para Assuntos Marinhos e Pescas da Comissão Européia em 6 de maio de 2011. Como resultado disso, a Comissão acompanhará as atividades da campanha Sea Shepherd em junho. Ao final da campanha, a Sea Shepherd também preparará um relatório completo para a Comissão sobre o desenrolar da campanha. Antes de agir para libertar qualquer pesca ilegal, a Sea Shepherd irá conferir com a comissão para certificar a potencial ilegalidade das naves interceptadas.

Este ano, o atum-azul terá alguma trégua, já que quase a metade da frota francesa de atum-azul permanecerá em porto devido ao cancelamento de todas as permissões de pesca para as águas líbias de todos os barcos de propriedade líbia e registro francês. Dez dos barcos de atum que operam no porto mediterrâneo de Sete, a cerca de 185 km da cidade de Toulouse, estarão confinados ao porto por serem de propriedade de companhias líbias ligadas a Kadafi.

O conflito levou a um atraso no envio da Líbia de seus pedidos de quotas para a pesca de atum-azul do Atlântico em 2011 para a sede em Madri da ICCAT, que determinou as quotas ao final do ano passado e concedeu as permissões em meados de abril. A quota líbia foi cancelada. “Em razão da guerra na Líbia, cerca de cem pescadores de Sete não sairão para o mar este ano”, disse Raphael Scannapieco, proprietário de cinco barcos de atum, três dos quais registrados na Líbia.

A quota líbia teria sido estabelecida em 902 toneladas, de um total de 12.900 toneladas para todas as nações na temporada de 2011, que começa em 15 de maio. Entretanto, não será permitida pesca alguma em águas Líbias este ano, tornando o trabalho da Sea Shepherd, de identificar e interferir nas atividades de pesca ilegal, muito mais fácil do que no ano passado.

“Os lucros da pesca ilegal do atum-azul são enormes”, disse Essemlali, Presidente da Sea Shepherd França. “Este tipo de empreendimento de lucro rápido tem o potencial de atrair o elemento criminoso e precisamos tomar todas as precauções para nos defender de qualquer ataque violento”. A tripulação de convés e os oficiais da ponte da Sea Shepherd foram equipados com coletes à prova de balas para esta campanha, para o caso de que os pescadores ilegais estejam armados e sejam potencialmente violentos.

A Sea Shepherd não fará nenhuma intervenção contra operações legais de pesca de atum, muito embora consideremos que quaisquer assim chamadas “quotas legais” sejam grosseiramente irresponsáveis, ao se ter em conta a recente diminuição do atum-azul devido à sua pesca excessiva e à mortalidade causada pelo derrame de óleo da BP no Golfo do México, local de desova do atum-azul do atlântico.

França, Itália e Espanha pescam a maior parte do atum-azul do Atlântico consumido no mundo, e 80% da pesca é vendida ao Japão. O atum-azul pode pesar até 650 kg e é encontrado no Atlântico Norte, no Golfo do México e no Mar Mediterrâneo, onde grandes pesqueiros comerciais, muitas vezes, engordam os peixes capturados em cercados flutuantes.

O Capitão do Porto em Sete, França, Phillippe Friboullet, disse que as autoridades seriam informadas caso algum barco de propriedade líbia deixasse o porto sem as licenças de pesca requeridas. Podem-se esperar pescadores ilegais da Líbia, de Malta, Itália, Espanha, Tunísia e da Turquia.

“Estaremos armados com os regulamentos e estaremos em contato com a OTAN e a Comissão da União Europeia no caso de encontrarmos qualquer atividade suspeita”, disse o fundador e presidente da Sea Shepherd, capitão Paul Watson. “Qualquer arrastão ou cercado de atum-azul encontrado em águas líbias será interceptado e terá suas redes cortadas para libertar os peixes. Este ano, é tolerância zero contra essas operações de pesca ilegal e qualquer peixe em qualquer rede que encontrarmos em águas líbias será libertado e solto”.

Por favor, apoie nossos esforços para defender e proteger o atum-azul – uma espécie ameaçada!

Traduzido por Carlinhos Puig, voluntário do ISSB.