Por: Rodrigo Marques, Coordenador Núcleo RS
O Instituto Sea Shepherd Brasil (ISSB) lança a Operação Redes em Chamas, que integra a Campanha Mar de Sangue, visando atacar as práticas de pesca ilegal. A primeira ação foi de marcar redes de pesca que estivessem em situação irregular, no Litoral Sul do Rio Grande do Sul, bem como identificar animais encontrados ao longo da beira de praia. Foram percorridos mais de 80 km, entre o Farol da Barra do Arroio Chuí e o Farol Albardão e, infelizmente, as noticias não são animadoras.
A enorme quantidade de redes com cabos fixadas de forma irregular (em descumprimento a legislação vigente) e a diversidade de animais mortos (pinguins, leões e lobos marinhos, tartarugas e diversas espécies de peixes) é alarmante e preocupante. A ação registrou o total de 27 redes ilegais, sendo que a maioria se encontrava em zonas urbanas e próximas aos animais mortos, gerando uma relação entre o número de redes e os animais encontrados. “É impressionante o volume de redes encontradas. É triste e revoltante. É preciso mais consciência por parte dos pescadores com o ecossistema marinho, bem como dos órgãos responsáveis pela fiscalização da atividade de pesca” destaca Kiko, Voluntário do Núcleo RS.
Este foi o cenário encontrado no litoral extremo Sul do Brasil, algo que a equipe presente não estava pronta para enfrentar, pois com apenas um veículo e quatro pessoas ficava impossível recolher todas as redes encontradas, porém, o ISSB não poderia deixar que aqueles petrechos continuassem tirando a vida de animais marinhos, era preciso eliminá-los. “Optamos por incinerar as redes de pesca, pois não tínhamos capacidade de transportá-las e mesmo que tivéssemos, não teríamos onde descartar, pois não há no Brasil empresas que possam reciclar este material e o aterro sanitário mais próximo ficava a 320 quilômetros do local que estávamos trabalhando. Não podíamos permitir que animais marinhos continuassem morrendo em decorrência dos atos criminosos que estávamos presenciando”, disse Wendell Estol, Diretor Geral ISSB.
Não podemos afirmar que as mortes foram causadas por enredamento, mas a possibilidade é grande. Os perigos oferecidos a vida marinha infelizmente não são encontrados apenas no mar. A grande quantidade de lixo, descartado pelo homem, causa um impacto enorme no equilíbrio desta região. Além disso, alguns pescadores, irresponsavelmente, descartam restos de petrechos (malhas velhas, cabos e boias) nas dunas e na beira da praia, representando um enorme perigo para a fauna marinha e também para humanos, pois viram verdadeiras armadilhas no mar.
Os voluntários do ISSB realizaram um verdadeiro mutirão e retiraram um número considerável deste material (que foram queimadas), evitando mortes e acidentes. Segundo a Voluntária do Núcleo RS, Claudia Bretschneider, “vermos dezenas de redes jogadas na praia, esperando o mar buscá-las de volta é inadmissível, precisamos e devemos acabar com isto. A Operação Redes em Chamas é para todos que amam e respeitam a vida marinha”.
“Precisamos de um trabalho forte de conscientização, para que futuras tragédias possam ser evitadas. Uma praia segura é um direito de todos, mas precisamos ter a consciência de que o problema não está somente nas mãos de gestores públicos, mas também dentro de cada um de nós”, afirma Rodrigo Marques, Coordenador Núcleo RS.
“Esta foi a primeira de muitas outras operações deste tipo, pois a realidade de nossa costa é simplesmente caótica. Ausência total dos órgãos de fiscalização, descaso de instituição que prestam cuidados a animais marinhos feridos, desrespeito a tratados internacionais de conservação, os quais o Brasil é signatário, entre outros problemas encontrados. A sociedade civil deve, e tem a obrigação de fazer algo para resolver estes problemas, e a Operação Redes em Chamas foi uma pequena contribuição do ISSB, espero que sirva de inspiração para outras instituições e até mesmo cidadãos tomarem as atitudes que nossos governantes deveriam tomar e não o fazem.” Wendell Estol, Diretor Geral do ISSB.
Confira o vídeo da ação.
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Como parte da operação, foram recolhidos e destinados os resíduos gerados e serão plantadas 30 mudas de árvores nativas do litoral do Rio Grande do Sul para minimizar os impactos da emissão de CO2 na atmosfera proveniente da queima do material.
Em breve mais informações referente a esta ação. Acompanhe em nossos canais oficiais.