Redes fantasmas são coletadas em rota de migração da Jubarte
Instrumentos de pesca, que representam uma forte ameaça para a vida marinha, foram coletados durante a Campanha Borrifos
Para além das limpezas de praias, rios e lagos, nosso trabalho também está diretamente ligado ao estudo das espécies marinhas. Dessa forma, dentro da metodologia da nossa Campanha Borrifos, que trabalha pelo estudo e conservação das baleias Jubarte no nosso país, realizamos observações e coleta de dados a bordo ao menos uma vez na semana, de acordo com as condições ambientais.
No entanto, durante as saídas embarcadas da campanha – que ocorre justamente na rota de migração da Jubarte em Ilhabela, litoral norte de São Paulo – além dos avistamentos das baleias, infelizmente nos deparamos também com a poluição marinha, resultado do nosso impacto ambiental.
Somente na última semana, encontramos duas redes fantasma flutuando no oceano enquanto realizávamos nosso trabalho embarcado. Vale lembrar que as redes estavam na mesma localização em que avistamos todas as baleias catalogadas durante essa temporada de 2021, sendo portanto uma grande ameaça para essa e outras espécies.
Uma das redes, com aproximadamente 3 metros de comprimento e tamanho de malha 12, era destinada para espécies-alvo como tainha, sardinha e cavalinha. Já a outra estava bastante emaranhada, especialmente por conta do vento e ondulação, o que demonstra que passou bastante tempo flutuando. Apesar de não termos conseguido medir seu comprimento, constatamos que pesava cerca de 30 kg.
Aproximadamente 200 pequenos crustáceos foram resgatados e retirados da rede, além de camarões, caranguejos e peixes da família Balistidae em estágio inicial de desenvolvimento.
Um caranguejo foi identificado como da família Majidae, caracterizado pela carapaça mais comprida ao invés de larga, formando uma ponta na frente; e pelo exoesqueleto coberto por cerdas, que apesar de servirem para prender algas e outros itens para camuflagem, podem fazer com que animais fiquem facilmente presos em redes de pesca como essa.
Uma das maiores ameaças à vida marinha são instrumentos de pesca como as redes, linhas, anzóis e armações perdidas ou descartadas no oceano. Acredita-se que anualmente cerca de 640 mil toneladas desses materiais flutuam no oceano, capturando, mutilando e matando centenas de animais marinhos.