Notícias

Combate à pesca irregular é intensificado

Ibama continua com trabalho de fiscalização contra a pesca predatória da lagosta, mesmo com o fim do defeso

Fortaleza. O período do defeso da lagosta terminou no dia 31 de maio, porém, a luta contra a pesca irregular continua. Equipes do Ibama, da Polícia Florestal, comunidades e prefeituras estão participando do combate à pesca com caçoeira e compressor.

De acordo com o chefe de fiscalização do Ibama, Rolfran Cacho Ribeiro, “agora é que a pesca predatória vai começar mesmo. Os pescadores vão querer tirar a diferença”.

A ação está sendo realizada no litoral de Beberibe e Icapuí. No primeiro município, os fiscais estão percorrendo os 45 quilômetros de orla marítima. Neste fim de semana, já foi apreendido um barco ancorado na costa contendo compressores e outros equipamentos proibidos. Enquanto que, em Icapuí, foi apreendido um barbo com 6 mil metros de rede caçoeira, um barco com compressor e 80 quilos de lagosta.

“Em Icapuí, tem para mais de 100 mil marambaias”, disse Rolfran. Além disso, para ele, outro problema é que existe “muita gente pescando sem licença no litoral”.

Apoio

O chefe de fiscalização enaltece o apoio que é dado pela Prefeitura de Beberibe e pela própria comunidade de Icapuí. “A Prefeitura de Beberibe alugou um barco para nos ajudar na fiscalização e os moradores de Icapuí também cederam dois barcos”.

A Secretaria de Desenvolvimento Rural, Econômico e da Pesca de Beberibe quer garantir que o compressor e as redes caçoeiras não sejam utilizados na captura do animal.

“As caçoeiras arrasam o fundo do mar, capturam lagostas ovadas e as pequenas. O ideal é utilizar manzuás, gaiolas que permitem a devolução ao mar dessas lagostas”, diz o secretário de pesca do município de Beberibe, Luiz França.

Lá estão duas equipes disponíveis para a fiscalização da seguinte forma: uma vai inspecionar as barracas de praia, desde o Morro Branco até Parajuru, e outra vai fazer o mesmo percurso por mar, a procura de barcos infratores.

Apreensão

Rolfran informou que, de 1º de janeiro a 31 de maio, foram apreendidos 70 mil metros de redes de caçoeiras, 640 quilos de lagosta, pescados ilegalmente, de todos os tamanhos.

Conforme ele, as multas para quem for pegue usando rede de caçoeira ou compressor gira em torno de R$ 30 mil e R$ 50 mil. O dono do barco ainda responde processo judicial e pode pegar de seis meses a um ano de prisão.

Segundo o Ibama, em 2007, foram apreendidos 30 barcos, 346km de rede caçoeiras e quatro toneladas de lagosta miúda em todo o Estado do Ceará.

PRÁTICA PREDATÓRIA

Ibama registra aumento de caçoeiras

Fortaleza. “O governo federal disponibilizou R$ 18 milhões para o combate de caçoeiras e compressores dos pescadores. Porém, acabou financiando o material predatório, pois muitos dos pescadores pegaram o dinheiro da venda e aproveitaram para comprar novos equipamentos irregulares. A impressão que a gente tem é de que dobrou o número de redes”. Este é o desabafo do chefe de fiscalização do Ibama, Rolfran Cacho Ribeiro. Para ele, o importante não é só a fiscalização, mas, principalmente, a conscientização dos pescadores.

“É preciso que não se compre e não se exporte lagosta pequena, que não se financie a pesca predatória, que se comprove a pesca responsável e que o Seguro Desemprego seja pago realmente para quem é pescador”, destacou Rolfran.

Problemas

As dificuldades para combater a pesca irregular, segundo ele, são muitas. “Mas a fiscalização é contínua. Trouxemos mais fiscais de outros Estados para ajudar. Além disso, é importante entender que este não é um trabalho somente do Ibama, mas do Estado e dos municípios também. Os poucos recursos que temos estão sendo utilizados com a lagosta. Estamos deixando de lado os outros biomas”, salientou.

Dentre os problemas enfrentados, segundo Rolfran, está a comprovação de que o pescador faz a pesca irregular. “Muitas vezes, eles jogam o compressor no mar e não temos como provar”, reclama. “Já levamos dez pescadores para a delegacia, mas para provar é difícil e, caso seja comprovado algo, eles podem responder o processo em liberdade”, afirmou ele.

Revolta

Outra dificuldade, segundo o técnico, é que as comunidades estão revoltadas. “Em Beberibe, a comunidade queria queimar o barco do infrator e, em Icapuí, queria proteger o infrator”. Ele contou que, no fim de defeso, entre 31 de maio e 2 de junho, na praia de Barrinha, em Icapuí, o trabalho foi realizado com 15 policiais federais, quatro militares da Marinha, duas viaturas de policiamento de choque, além dos dez fiscais do Ibama. Conforme Ribeiro, existem pescadores que agem de forma violenta. “Alguns têm escopeta, são usuários de maconha e até crack”, disse. Completou que, mesmo com obstáculos, “o Ibama vai voltar a fazer outras ações”.

Evelane Barros
Repórter

Fonte: Diario do Nordeste

Mais informações:
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
(85) 3272.1600
(85) 3272.7370