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Redução da população de krill afeta baleias Jubarte

Durante saída da Campanha Borrifos, alguns indivíduos identificados apresentaram sinais de magreza

A Campanha Borrifos vem atuando no Brasil desde abril através do estudo e monitoramento das baleias Jubarte na Ilhabela, litoral norte de São Paulo, com objetivo de fortalecer nas observações e nos trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos, além de dar suporte e ação às medidas de conservação da espécie na costa brasileira. 

Nosso objetivo principal é analisar as interações antrópicas decorrentes do grande fluxo de embarcações e da atividade pesqueira. 

O que podemos afirmar diante dos dados coletados nessa temporada é que do total de 30 indivíduos avistados pela equipe – sendo 16 avistamentos a bordo e 14 avistamentos em ponto móvel terrestre no sul da Ilhabela -, 14 indivíduos foram foto-identificados e catalogados. Até o momento, todos são indivíduos novos, e acreditamos que 29 sejam juvenis.

Dentre os juvenis, os que pudemos observar a nadadeira dorsal através da foto-identificação, foi possível concluir que 5 indivíduos estavam com as vértebras aparentes apresentando sinais de magreza, como Pituca, da foto ao lado. Especula-se que possam estar chegando até a costa brasileira magras devido à fatores que envolvem a diminuição do Krill na Antártica.

Estudos recentes publicados na revista Nature, mostram que no setor sudoeste atlântico do oceano Antártico, onde abriga 70% da população de krill, não é somente uma das regiões mais afetadas pelo aquecimento global com o aumento rápido da temperatura do oceano mas também, vem ocorrendo um aumento significativo na captura do krill.

Acredita-se que possa estar ocorrendo na Antártica uma sobreposição entre a pesca e a desova do krill que mudou do verão para o inverno (época pesqueira na região). Dessa forma, a diminuição do krill tem como causa não somente o aquecimento global, mas também o aumento da captura – podendo ser consequência direta do que estamos observando durante essa temporada com a Campanha Borrifos, fazendo com que principalmente as juvenis estejam mais magras e em busca de alimento, podendo ficar presas em redes e instrumentos de pesca. 

​​A Geórgia do Sul e as Ilhas Sandwich do Sul, de onde a Jubarte parte rumo à nossa costa, estão no limite norte da distribuição do krill. O krill nas ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul não são autossustentáveis, dependem do movimento do krill para o norte nas correntes do Oceano Antártico e de seus locais de desova sob o gelo na Península Antártica e no Mar de Weddell, onde ficam protegidos. A reprodução do krill é altamente dependente das condições do gelo marinho e, portanto, de fatores ambientais, o que torna os fatores apontados acima como a mudança do período de desova e a maior temperatura já registrada preocupações centrais.