Comentário por Gary Stokes – Sea Shepherd Hong Kong
O Ano Novo chegou com um aviso aqui em Hong Kong. Um cidadão do mundo descobriu um telhado coberto com barbatanas de tubarão no bairro tranquilo de Kennedy Town, em Hong Kong. Assim, com uma câmeras na mão e apenas algumas horas de sono após a folia da noite anterior, fomos em busca de um dos commodities mais desagradáveis que Hong Kong tem para oferecer: barbatanas de tubarão!
No ano passado, eu recebi uma chamada semelhante para vir e conferir uma rua cheia de barbatanas, e as imagens capturadas foram virais. Por isso, os comerciantes correm para os telhados para se esconder. Como os assassinos desumanos de golfinhos de Taiji, estes traficantes da morte de tubarão são igualmente tímidos na frente das câmeras e tentam esconder o seu negócio sujo do mundo. Infelizmente para eles, ao longo das próximas 72 horas, os olhos do mundo estariam assistindo sua operação bárbara, e muito pouco podiam fazer, mas espero que fossem embora!
Em pouco tempo, dois outros amigos, os fotógrafos Paulo Hilton e Alex Hofford, também estavam no local, e nós três tivemos grande prazer em expor suas maldades. As imagens estão agora felizmente se espalhando, mas e agora?
A sensibilização é muito importante para informar aos não-informados. O problema aqui é que a indústria de barbatanas de tubarão barbaramente massacra milhões de tubarões por ano, não regulados e desmarcados. Números das mortes são divulgados, mas a verdade é que ninguém realmente sabe com precisão quantos tubarões estão sendo exterminados, só sei que é um número enorme! O que sabemos é que os tubarões são criaturas que demoram a reproduzir, e são predadores que mantêm os ecossistemas dos oceanos em equilíbrio. Acabar com sua existência apenas para os direitos gananciosos de se satisfazer com uma tigela de sopa sem sabor é a prova absoluta de que nós somos uma espécie completamente desconectada do nosso mundo natural – um mundo que somos uma parte e um mundo que nos mantém vivo.
OS TUBARÕES PRECISAM DE PROTEÇÃO AGORA – Precisamos que a CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção) faça a coisa certa e conceda o status de proteção com base em fatos científicos não financiados pela ganância. Nós passamos o ano passado ajudando a CITES a pôr a casa em ordem, destacando alguns de seus muitos problemas, e aplicando pressão externa onde foi necessário. Após a exposição do Dr. Giam por seus papéis flagrantemente conflitantes, como Representante Suplente para a Ásia na Comissão de Animais da CITES e Representante para a Cingapura e Comerciantes HK Shark Fin, a Sea Shepherd também destacou a necessidade de revisão das ressalvas nos casos de conflito de interesses para que nunca novamente alguém possa influenciar o voto pelos seus próprios interesses pessoais e de ganho financeiro. Aguardamos o resultado de uma votação no início de março para esta condição, pouco antes da COP16 (16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima e 6ª Sessão da Reunião das Partes do Protocolo de Kyoto).
Ao colocar a CITES em ordem, só podemos esperar que a ciência será ouvida em Banguecoque este ano, na COP16, e os tubarões terão a proteção que eles tão desesperadamente necessitam. Meu único medo é a fé maciça que o movimento de conservação colocou na obtenção de espécies listadas no Apêndice II. Apesar de uma melhoria, isso dá muito pouca proteção, e só ajuda a regular e controlar o comércio, ou seja, um país exportador só precisa fornecer uma licença de exportação. O país importador não precisa de nada, e as espécies podem ser vendidas à vontade. Descobri isso, para meu espanto, quando descobri barbatanas de tubarão-baleia à venda em uma loja em Hong Kong. Quando entrei em contato com as autoridades, eles disseram que era perfeitamente legal.
Portanto, o que é necessário é que apenas uma das espécies populares obtenha o status do Anexo I – o mesmo status dado ao marfim. Isso faz com que toda a matança e comércio seja ilegal. O benefício que os tubarões terão é o que é chamado de “cláusula de poder ser”. Qualquer tubarão de que “possa ser” a partir de uma espécie Apêndice I terá que ser verificado o DNA para provar sua espécie de origem. Esta prática precisa de tempo e dinheiro.
Somente quando o abate e o comércio se tornarem oficialmente ilegais é que vamos colocar um fim a essas cenas horríveis.
Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil