Relato de Steve Roest e Laurens de Groot
No dia 20 de setembro de 2011, a Sea Shepherd voltou à Windhoek, na Namíbia, para se reunir com o Ombudsman do país, um funcionário que tem o poder de recomendar que o governo termine com o massacre de focas e, se necessário, levar o governo à Corte Suprema, junto com outros investidores interessados, para discutir a legalidade do massacre anual de focas chamado de “colheita”, da exploração de recursos naturais e dos métodos de matança de focas na Namíbia. O presidente da Sea Shepherd, Steve Roest, e o diretor europeu Laurens de Groot não viajaram para o outro lado do oceano só para discutir o massacre bárbaro de focas; eles vieram para exigir que o governo da Namíbia faça terminar imediatamente o massacre ilegal de focas.
Durante a campanha da Sea Shepherd, Operação Focas do Deserto, em julho passado, os tripulantes da Sea Shepherd foram roubados, atormentados e, por fim, perseguidos para fora da Namíbia, mas foram bem sucedidos em seu objetivo principal, que era certificar-se de que o mundo ficasse bem consciente da indústria do massacre de focas que resulta na morte brutal de 91.000 focas. O massacre de focas da Namíbia, o maior massacre em massa de mamíferos marinhos do mundo, se tornou um tema de preocupação nacional, que resultou em cobertura da mídia por semanas após a partida da Sea Shepherd. O governo não teve escolha a não ser pedir ao seu Ombudsman que investigasse o massacre, convidando todas as partes interessadas que se opõe ao massacre de focas para a mesa de negociações.
Durante essa reunião de portas fechadas, as organizações ambientais, que incluíam a International Fund for Animal Welfare (IFAW), World Society for the Protection of Animals (WSPA), Seal Alert, Seals of Nam e South African Seal Saving Initiative (SA.SSI), apresentaram as provas e os fatos documentados que demonstram porque o massacre de focas é ilegal. Não precisa ser advogado para entender que o massacre de focas na Namíbia é ilegal, mas, aparentemente, não é o que pensa Gabriel Uahengo, representante da indústria de produtos de foca que, em vez de apresentar informações factuais para justificar o massacre, se voltou contra a Sea Shepherd, fazendo acusações de que estaria cometendo atividades criminosas e acusando as organizações ambientais estrangeiras de estarem ameaçando a soberania da Namíbia. O Sr. Uahengo falhou em apresentar qualquer fato que corroborasse suas acusações, de modo que não pode ser levado à sério e, imediatamente após a sua apresentação, o representante do massacre de focas voltou para a sua mesa e continuou a dormir durante todas as outras apresentações.
Mas o Sr. Uahengo perdeu a melhor parte da reunião, a apresentação, estilo comédia, de desinformação e informações científicas distorcidas e sem sentido feita por Titus Lilende, diretor suplente do Ministério de Pesca e Recursos Marinhos. O Sr. Lilende não ofereceu nenhuma única peça de evidência científica documentada e revista por pares à respeito da “colheita de focas”. Em vez disso, ele explicou que o acesso ao número de focas baseava-se em uma foto aérea vaga e que as evidências filmadas dos métodos ilegais de matança tinham sido armação teatralizada.
O melhor pedaço de pseudociência sem sentido foi a sua alegação de que, de acordo com o governo, a pele de foca-do-cabo não é protegida ou listada na Convenção Internacional de Comércio de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora (CITES) Apêndice II, porque a foca-do-cabo é uma “pseudo foca” e não está, de forma alguma, ameaçada ou protegida. Como é comum, ele afirmou que as focas comem peixe, portanto, eles precisam matar as focas para proteger sua pesca e completou dizendo que focas “não comem sanduíches de pepino”.
O Ombudsman afirmou que irá publicar seus resultados antes de setembro de 2012, o que, infelizmente, significa depois do massacre de focas do ano que vem, deixando a Sea Shepherd sem outra opção a não ser voltar à Namíbia no ano que vem para continuar sua missão de onde parou.
Traduzido por Carlinhos Puig, voluntário do ISSB