Relatório pelo Capitão Paul Watson
Conheça Rosie Kunneke – líder oficial dos Guardiões da Enseada da campanha Operação Paciência Infinita da Sea Shepherd Conservation Society, em Taiji, no Japão. Rosie, nativa da África do Sul, chegou ao Japão no fim de semana passado para continuar a documentar e expor o massacre de golfinhos nessa pequena cidade japonesa, sem piedade com a vida dos cetáceos. É aqui que os golfinhos são capturados e vendidos para serem escravos em parques temáticos marinhos em todo o mundo, enquanto a enseada fica escarlate enquanto os golfinhos considerados indignos para diversão humana são cruelmente abatidos.
A chave para o sucesso em Taiji é a paciência, e como a campanha Guardiões da Enseada começa seu segundo ano em Taiji, precisamos aceitar que derrotar as forças de morte e destruição não é uma tarefa fácil que pode ser realizada durante a noite.
A Sea Shepherd empreendeu sete campanhas para o Oceano Antártico, e nós nos tornamos mais eficazes a cada ano. Lenta, mas seguramente, temos desgastado a frota baleeira japonesa com a nossa persistência. No entanto, a matança de golfinhos em Taiji é uma campanha muito mais difícil do que a luta no Oceano Antártico. Especificamente, é uma campanha que ocorre no Japão, e por isso mesmo impõe obstáculos significativos.
Antes da chegada dos tripulantes da Sea Shepherd em Taiji, em 2003, o mundo ignorava completamente o horror da matança de golfinhos, mas agora esse não é mais o caso. E quase oito anos depois, a campanha que visa focar a atenção internacional sobre Taiji tem sido um enorme sucesso. Agora que o mundo está muito mais consciente das atrocidades contra os golfinhos nesta vila remota japonesa, a próxima tarefa é realmente acabar com isso.
Como podemos parar o abate sem infrigir a lei? Em 2003, salvamos 15 golfinhos, cortando as redes e os libertando. Essa é uma tática que só poderia funcionar uma vez, e fizemos isso, mas aprendemos logo depois que não poderíamos sustentar tais táticas em face de uma maior segurança. Precisamos permanecer dentro dos limites da lei japonesa, e Rosie tem a disciplina para garantir que os Guardiões da Enseada façam exatamente isso.
Então, se nós não podemos infringir a lei para defender os golfinhos, o que podemos fazer? Sempre defendi que a linguagem que a nossa oposição entende claramente é a linguagem da economia. Devemos tornar a caça mais que um passivo financeiro e invalidar todos os lucros da matança. Isto significa aumentar os custos japoneses com segurança, motivar boicotes de consumidores de produtos japoneses, e manter os holofotes sobre essa mancha feia em toda a sociedade japonesa.
Um grupo de golfinhos de Risso já foi morto desde que a caçada começou no início deste mês, enquanto outro grupo de golfinhos-de-garrafa foi preso, e um golfinho foi capturado para o comércio de escravos.
Golfinhos morrem, infelizmente, este ano novamente, mas espero que não tantos como no ano passado, quando os esforços da Sea Shepherd reduziu a cota ao meio, graças ao apoio de mais de 65 voluntários Guardiões da Enseada sob a liderança de Scott West.
Scott vai trabalhar em estreita colaboração com Rosie este ano. Enquanto isso, Rosie estará na área e de frente para os assassinos diariamente, como um lembrete constante de que o mundo está assistindo a matança, e este massacre desprezível nunca mais vai ter lugar fora da visão do mundo. Nós somos os olhos do mundo e vamos manter nossos olhos firmemente focados nesse horror até que isso acabe – de uma vez por todas – para sempre.
Certifique-se de visitar a página oficial da Sea Shepherd no Facebook para ficar atualizado sobre os Guardiões da Enseada e siga @seashepherd no Twitter enquanto nós twitamos de Taiji, com notícias e atualizações oficiais assim que elas acontecem.
A Sea Shepherd está ainda à procura de indivíduos apaixonados para se juntar à Rosie em Taiji, para ajudá-la a documentar o massacre, permanecendo no local dos pescadores locais, e pressionando as autoridades que permitem que este massacre bárbaro ocorra. Conseguimos reduzir o número de golfinhos mortos na última temporada pela metade, e podemos fazê-lo novamente este ano, mas não podemos fazê-lo sem a sua ajuda como Guardião voluntário ou partidário. Para se juntar a nós em Taiji (voluntariamente, e completamente à sua própria conta e risco), escreva para [email protected]
O início da Operação Paciência Infinita
Relatório de Rosie Kunneke
Eu cheguei no Japão no final da tarde de sábado, 10 de setembro de 2011. Eu fui parada na alfândega enquanto os agentes passaram desfazer minhas malas. Olhando para as minhas roupas espalhadas sobre a mesa, eu estava feliz por ter deixado todas as minhas roupas da marca Sea Shepherd ao avesso (eu me divertia só de pensar o caos que isso poderia ter causado). No fundo, eu podia ver um funcionário da alfândega inspecionando o meu visto japonês e australiano. Após alguns segundos, ele acenou para o homem inspecionando as minhas roupas, que estava tentando colocar todas as minhas roupas de volta na minha mala. O despachante aduaneiro retornou com um pedido por escrito, em inglês, me pedindo para concordar com uma pesquisa de corpo inteiro. Eu fui bastante questionada sobre o propósito da minha volta para o Japão. Somente após este processo profundo e prolongado que eu estava autorizada a entrar no seu país.
Não havia trens para Kii Katsura ou Shingu, na Prefeitura de Wakayama, devido aos trilhos danificados, causado pelo tufão Talas. Dirigindo os 200 ou mais quilômetros para Taiji levou mais tempo do que o habitual, devido ao fechamento de algumas estradas para os tão necessários reparos. Havia veículos militares em todos os lugares, ocupados com assistência e limpeza após o tufão Talas. Cheguei em Taiji na tarde do dia seguinte.
Meu plano original era fazer um reconhecimento antes de fazer a minha presença ser notada. Ainda havia luz do dia suficiente, então eu decidi avançar para a enseada para tentar estabelecer quais mudanças em barricadas, cercas, etc, tinham sido feitas desde a última temporada, mas a menos de 200 metros da entrada, um carro da polícia passou por mim e logo virou e começou a me seguir. Eu estava parada e percebi rapidamente que, assim como relatórios sugeriram, a polícia realmente passou muito tempo planejando e se preparando para o abate de golfinhos deste ano. A polícia agora tem um formulário que deve ser preenchido, indicando porque você está visitando Taiji, o que você está planejando fazer, onde está hospedado, e quanto tempo você pretende ficar. Eu informei a polícia quem eu era, e como esperado, eles ficaram realmente preocupados ao ouvir ‘Estou aqui pela Sea Shepherd’. O questionário mudou para ver se eu estava sozinha e quando mais pessoas da Sea Shepherd chegariam. Depois de tomar todas as minhas informações, eles me informaram que eu seria questionada novamente.
Fiquei aliviada ao descobrir que o abastecimento de água para a área foi restaurado ao chegar ao meu hotel.
E assim, a Operação Paciência Infinita começou…
Pelos Oceanos,
Rosie Kunneke
Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do ISSB