Histórico das campanhas da Sea Shepherd pelas focas
Guardiões das Focas – O capitão Paul Watson e a Sea Shepherd têm lutado contra a caça de focas desde 1976, e por mais de um quarto de século têm salvo a vida de centenas de milhares delas. A Sea Shepherd deu fim à caça de focas cinza nas ilhas escocesas de Orkney, e tem sido considerada pelo governo canadense e pela Associação Canadense de Caçadores de Focas a ameaça mais agressiva à caça de focas no Canadá.
Essa é uma luta que a Sea Shepherd não pretende abandonar até que a irracional caça às focas seja erradicada. O navio da Sea Shepherd Farley Mowat e uma equipe de voluntários foram presos pelo governo canadense em março de 2008, enquanto documentavam a caça às focas – o que é, ironicamente, considerado crime no Canadá. Os oficiais da Sea Shepherd Alex Cornelissen e Peter Hammarstedt aguardam em liberdade pelo seu julgamento neste mês de abril de 2009. Após ficar preso por um ano em Sydney, a embarcação foi recentemente colocada à venda pelo governo canadense. A Sea Shepherd pretende processar o governo por prejuízos após o julgamento de seus oficiais este ano. Junte-se a nós na jornada do salvamento às focas.
A luta continua…
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Linha do Tempo – 1976 até hoje
1976 – Liderados por Paul Watson, 14 membros do Greenpeace intervêm contra a caça às focas na costa da península de Labrador, Canadá. Robert Hunter e Paul Watson posicionam-se de pé sobre um bloco de gelo, no caminho de um navio caçador de focas, forçando-o a parar. A equipe move, com suas próprias mãos, os filhotes de focas para longe dos caçadores. Em resposta, o governo canadense aprova uma lei que estabelece multas e penas de prisão para quem interferir na caça às focas.
1977 – Liderando a segunda campanha do Greenpeace contra a caça às focas, Paul Watson leva a atriz Brigitte Bardot para visitá-las. Depois, numa tentativa de barrar a operação de um navio caçador, Watson algema a si mesmo às cordas de um de seus guindastes. Os caçadores arrastam-no pelo gelo, mergulham-no sucessivamente nas águas gélidas, arremessam-no contra a lateral do navio e o socam e chutam enquanto ele é arrastado pelo convés do navio, em um ‘corredor polonês’. Ele acaba sendo hospitalizado com pneumonia. Devido a esses eventos, a caça às focas torna-se notícia pelo mundo todo.
1979 – O capitão Paul Watson leva seu navio Sea Shepherd às águas congeladas das Ilhas Madalena, no Golfo de São Lourenço, Canadá, o que marca a primeira vez em que um navio parte para o gelo para salvar as focas, ao invés de matá-las. Watson e sete pessoas de sua equipe são presos por jogar spray de tinta vermelha em mais de mil focas. A inofensiva e orgânica tinta vermelha, por ser irremovível, arruína o valor econômico das peles das focas.
A RCMP, Polícia Federal canadense, prende toda a equipe. Watson consegue, temporariamente, parar o helicóptero das autoridades com um bastão de 3 metros, mas acaba sendo detido.
A tripulação é presa e acusada de, ilegalmente, aproximar-se a menos de um quilômetro de uma caçada de focas sem permissão do Ministério Federal de Pesca e, também, de violar o Ato de Proteção às Focas por marcar os animais com tinta vermelha, contrariando o regulamento.
1980 – Paul Watson é ordenado à prisão de Orsainville, próximo a Quebec, no primeiro dia de caçada às focas, por ter obstruído as atividades em 1979. Ele fica dez dias recluso e é impedido de interferir na caça. A lei o proíbe, por três anos, de estar na costa leste do Canadá. Sua pena posteriormente acabaria sendo revogada.
1981 – Watson desafia a ordem do ano anterior de manter-se longe das províncias do Atlântico e lidera um trio de homens a bordo de um caiaque rumo ao Golfo de São Lourenço, violando sua condicional. Amparados pela escuridão da noite, centenas de focas recebem uma tinta spray azul inofensiva.
1981 – Voluntários escoceses da Sea Shepherd acampam em Little Green Holm e Muckle Green Holm, ilhas inabitadas no norte do arquipélago de Orkney, e impedem caçadores de aportar para abater focas.
1982 – A Campanha da Sea Shepherd pelas Focas Cinza recebe tamanha publicidade que a sociedade arrecada fundos para comprar a Ilha de Little Green Holm e declará-la um Santuário das Focas.
1983 – O navio Sea Shepherd II bloqueia o porto de St. John’s, em Newfoundland, impedindo que as frotas canadenses deixassem o porto por duas semanas. Watson relembra a cena. “Nós ficamos no estreito, desafiando os caçadores a deixar o porto. Havia engarrafamentos em St. John’s, tamanha a quantidade de automóveis que tentavam subir até Signal Hill para dar uma espiada no Sea Shepherd II. Os caçadores recuaram, acreditando que abalroaríamos o primeiro navio que encontrássemos. O atraso provocado por nós custou a eles a salvação de 76.000 focas, pois pela primeira vez eles não atingiram sua cota de 186.000 focas. Faltaram 76.000 focas!”.
Em abril daquele ano, o Sea Shepherd II direciona-se ao Golfo de São Lourenço e escolta três navios caçadores para fora do berçário de focas Harp. A Polícia Federal canadense e a Guarda Costeira interceptam, bombardeiam com gás lacrimogênio e tomam o Sea Shepherd II no norte congelado da Nova Escócia.
Watson e sua equipe de 20 homens são presos sob acusação de conspiração para violar o Ato de Proteção às Focas, por aproximar-se a menos de um quilômetro da caça. O capitão recebe sentença de 21 meses de prisão, o Sea Shepherd II é apreendido e sua equipe recebe multas de 3.000 dólares.
Em dezembro, a Corte sentencia a confirmação do confisco do navio, e que ele deverá ser mantido como prova até que o julgamento esteja finalizado. Essa ordem foi posteriormente revogada pela Corte Recursal de Quebec.
1983 – O Parlamento Europeu bane as peles de focas da comercialização, um duro golpe na indústria da caça.
1984 – A Corte Recursal do Quebec reverte a sentença de prisão contra o capitão Watson e sua equipe, e o governo canadense então recorre dessa decisão à Suprema Corte.
1984 – O Parlamento Europeu bane as peles provenientes das focas do berçário das focas Harp, reduzindo significantemente a caça comercial.
1984 – A caça comercial fracassa, restando apenas alguns poucos caçadores em atividade.
1985 – Após 22 meses e depois da Corte Recursal do Quebec revogar as prisões de 1983 contra a sentença da Corte, o Sea Shepherd II é liberado. Em abril, o Capitão Watson retoma a posse do navio em Halifax.
1985 – A Suprema Corte do Canadá nega ao governo o recurso para reinstaurar as penas contra a equipe do Sea Shepherd II e declara inconstitucional o Ato de Proteção às Focas. Watson processa o Departamento Canadense de Pesca e Oceanos por danificar o Sea Shepherd II enquanto estava sob custódia.
1987 – A Sea Shepherd vence o recurso transitado contra o governo canadense sobre as prisões de 1983, que foi revertido por um detalhe técnico.
1992 – No processo dos danos provocados ao Sea Shepherd II, a poucos dias do julgamento, o Departamento Canadense de Pesca e Oceanos (DFO, sigla em inglês) oferece, extra-judicialmente, um acordo de 50.000 dólares para finalizar o caso. A Sea Shepherd aceita o acordo.
1994 – O governo canadense concede subsídios para reativação da caça às focas e financia pesquisas visando a abertura de novos mercados.
1994 – O capitão Watson e a diretora internacional da Sea Shepherd, Lisa Distefano, lideram uma expedição rumo ao Golfo de São Lourenço e coletam fibras de pêlo das mudas dos filhotes de focas, iniciando um projeto-piloto que irá utilizar essas fibras em produtos de roupa de cama. O uso do pêlo das focas demonstra uma alternativa não-letal e livre da caça. O governo canadense planeja exportar pênis de focas para o comércio afrodisíaco asiático. A Shangai Fisheries, de Taiwan, fecha negócio para matar 60.000 focas por seus pênis. Sob supervisão da DFO, caçadores iniciam a prática do projeto não-letal do uso das mudas de pêlos dos filhotes de focas e enviam a primeira remessa comercial para a Kirchhoff Bettwarenfabrik na Alemanha.
1995 – O Canadá anuncia a volta do comércio da caça de focas, estabelecendo benefícios para a carne de foca trazida à terra. A Sea Shepherd retorna ao Golfo de São Lourenço para conduzir mais pesquisas para a obtenção de uma alternativa não-letal para a indústria da caça. A tentativa da Sea Shepherd de substituir o bastão de caça por escovas de cabelo – simbolizando o emprego dos pêlos de mudas dos filhotes na produção industrial – provoca a ira da Associação de Caça às Focas das Ilhas Madalena. No dia 16 de março, uma multidão de 300 caçadores de focas invade o hotel onde o capitão Watson, a diretora Lisa Distefano, o ator Martin Sheen, outros voluntários e representantes da mídia encontravam-se hospedados. Caçadores arrombam a porta do quarto de Watson e o agridem. Repórteres são atacados e têm suas câmeras estilhaçadas. A polícia leva Watson para o aeroporto, contra sua vontade. Enquanto o carro está saindo, o capitão leva uma tijolada na cabeça. A polícia tática de Quebec voa até as Ilhas Madalena para escoltar a imprensa e a Sea Shepherd para fora da província, recusando-se a registrar queixas contra os caçadores agressores. A volta do comércio da caça às focas no Canadá é noticiada por todo o mundo.
1996 – Um ano depois do tumulto com os caçadores, Watson e Distefano lideram outro grupo da Sea Shepherd ao Golfo de São Lourenço para dar continuação à pesquisa de meios alternativos à industria do comércio da caça às focas, acompanhados dos diretores da Kirchhoff Bettwarenfabrik, do fotográfo de natureza selvagem Bob Talbot e Reinhard Olle, da RIGO, uma das maiores venededoras de varejo de commodities de produtos naturais. A equipe coleta o pêlo de focas filhotes provenientes da muda natural, utilizando as focas sem danos a elas.
1998 – O Sea Shepherd III torna-se o primeiro navio a desbravar as províncias de Maritimes durante a temporada de caça desde 1983. Watson e Distefano mantêm sob vigia escondida durante a semana de 15 de março o maior berçário flutuante de focas no Golfo, sem a interferência dos caçadores, enquanto Watson, Farley Mowat – renomado escritor e naturalista canadense, e John Paul DeJoria – diretor da Paul Mitchell Systems, transmitem a alternativa para a indústria de focas não-letal.
1999 – A Sea Shepherd filma focas no gelo para o documentário Ocean Warrior. Peter Brown, membro veterano da Sea Shepherd, realiza as filmagens por conta do produtor Pieter Kroonenburg.
2002 – O capitão Watson publica seu livro Seal Wars – Twenty-five Years on the Front Lines with the Harp Seals, com prefácio de Martin Sheen.
2003 – A equipe da Sea Shepherd retorna às águas congeladas do Golfo de São Lourenço. O objetivo da campanha era exploratório, por levar o navio de volta ao gelo, e também para colocar novamente em evidência pública o massacre às focas. A Sea Shepherd produz vídeos e filmes promocionais com intenção de lançar um vídeo educacional de utilidade pública. Diversos jornalistas e fotógrafos juntam-se à equipe da Sea Shepherd para obter material para reportagens e documentários.
2004 – A Sea Shepherd consegue, com sucesso, enfraquecer o mercado de produtos provenientes da caça de focas. A empresa Costco Wholesale Corporation tira das prateleiras de suas lojas, em St. John’s, Newfoundland, as cápsulas de óleo de foca, quando um representante da Sea Shepherd informa-os dos métodos que a indústria da caça de focas funciona, principalmente as matanças brutais pelos caçadores.
2005 – Em meados de fevereiro, Watson e o astro de televisão Richard Dean Anderson, o ‘MacGyver’, também ativista e membro da diretoria da Sea Shepherd, visitam as focas Harp para ajudar a chamar atenção para o clamor ao fim da matança das focas.
Watson e uma equipe de voluntários da Sea Shepherd do navio-líder R/V Farley Mowat – batizado em homenagem ao presidente internacional da Sea Shepherd – retornam às águas congeladas do Canadá oriental para manifestar-se contra a carnificina anual.
Essa é a quarta vez que uma embarcação conservacionista aventura-se nas águas congeladas para proteger as focas, e sempre foi a Sea Shepherd.
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O governo canadense gastou centenas de milhões de dólares em taxas protecionistas visando amparar os caçadores de focas. A embarcação da Guarda Costeira canadense, o Amundsen, manteve vigilância constante sobre o Farley Mowat, exceto quando estavam ocupados abrindo caminho no gelo para as embarcações caçadoras passarem ou resgatando caçadores cujas embarcações atolavam no gelo.
Voluntários da Sea Shepherd foram fisicamente atacados pelo capitão e sua equipe de um navio caçador sem terem feito nenhuma provocação, e os caçadores nunca foram processados por suas atitudes violentas. Subseqüentemente, 11 membros da Sea Shepherd foram presos, não por envolvimento nesse incidente violento, mas por filmar a caça de focas sem autorização do governo.
As prisões deram à Sea Shepherd a oportunidade de desafiar essas regulações de censura quanto as violações à Constituição canadense e à Declaração de Direitos, e a atrair a atenção da mídia e do público para a questão da matança das focas.
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2008 – O navio Farley Mowat parte no dia 24 de março com uma equipe internacional de voluntários ao Golfo de St. Lawrence, atuando mais uma vez como guardiões das focas Harp.
No dia 12 de maio o navio é levado pela RCPM – Polícia Federal canadense, dentro de águas internacionais. Além de deter o navio e aterrorizar a tripulação com armas de fogo e uso excessivo de força, os agentes agiram como piratas e prenderam propriedades pessoais da tripulação, sem que houvesse motivo para registro de crime.
A Sea Shepherd define como pirataria o ato de homens armados subirem a bordo de um navio em alto-mar, em meio a águas internacionais, e roubarem propriedades pessoais sob mira de armas de fogo. O navio da Sea Shepherd Farley Mowat foi preso sem qualquer explicação ou prova. A unidade de GPS instalada no Farley Mowat tem um registro dos movimentos do navio e prova que o navio nunca entrou em águas territoriais canadenses.
Peter Hammarstedt, o primeiro-oficial, foi deportado para Suécia, e o capitão Cornelissen foi mandado para a Holanda.
Na última vez em que o Departamento Canadense de Pesca e Oceano reteve um navio da Sea Shepherd foi por 22 meses, entre março de 1983 e junho de 1985. A Sea Shepherd processou o Departamento e obteve êxito contra os danos causados ao navio Sea Shepherd II, na ocasião.
“E nós iremos processar novamente”, diz Paul Watson. “Nós não teremos o governo canadense atropelando nossos direitos como cidadãos, e não teremos o governo fixando um precedente de subir a bordo em navios não-canadenses em águas internacionais com um bando armado abordando os tripulantes. Pretendemos batalhar na justiça e ganharmos com base na evidência de que o governo do Canadá agiu ilegalmente por razões políticas, para avançar em ambições egoístas do ministro canadense de Pesca e Oceano, Loyola Hearn”.
Peter Hammarstedt e Cornelissen aguardam em liberdade seu dia de julgamento, marcado para abril próximo.
2009 – O governo canadense, após manter o Farley Mowat preso por um ano, coloca a embarcação à venda. Watson promete processar o governo após o julgamento de seus oficiais, em abril.