Editorial

Costa Rica proíbe finning de tubarão. Ou não?

Comentário pelo Capitão Paul Watson

Capitão Watson à frente do Steve Irwin. Foto: Barbara Veiga / Sea Shepherd

O jornal Tico Times, da Costa Rica, publicou a seguinte notícia: Costa Rica proíbe finning de tubarão. Inicialmente, parece uma vitória para os tubarões.

A Sea Shepherd não está comprando essa notícia. Isto é simplesmente uma ilusão da presidente Laura Chinchilla. A Costa Rica está simplesmente tentando consertar os danos causados por toda a atenção focada nas práticas de finning de tubarão desde que Costa Rica emitiu um mandado de prisão para o nosso fundador e presidente, o Capitão Paul Watson, em maio deste ano.

Por que pensamos que a presidente Chinchilla não é sincera?

A primeira razão é que ela vai continuar permitindo que as barbatanas de tubarão da Nicarágua sejam enviadas para a China através dos portos da Costa Rica. Isto, naturalmente, permite que as barbatanas de tubarão capturadas nas águas da Costa Rica sejam contrabandeadas através dos embarques da Nicarágua. A questão que precisa ser feita a respeito é por que as barbatanas de tubarão não estão sendo enviadas diretamente dos portos da Nicarágua? A resposta é que os costarriquenhos estão fortemente envolvidos neste comércio de barbatanas de Nicarágua, e ambos os países estão vinculados à indústria de barbatanas de tubarão.

A segunda razão é que 400.000 tubarões foram abatidos nas águas da Costa Rica em 2011, e a Costa Rica exportou cerca de 30 toneladas de barbatanas de tubarão. Isso significa que algumas pessoas muito bem relacionadas estão fazendo uma grande quantidade de dinheiro, e que dinheiro compra influência.

A terceira razão é que a China tem investido uma grande quantidade de dinheiro na Costa Rica, e a China é o principal mercado de barbatanas de tubarão. Compradores chineses de barbatana de tubarão tem estado muito ocupado na Costa Rica durante os últimos anos.

A quarta razão é que agora, neste exato momento, os caçadores furtivos estão rondando as águas ao largo da Ilha Cocos, e os guardas não têm recursos para lidar com eles. A Guarda Costeira faz prisões simbólicas, mas muito pouco realmente está sendo feito.

A quinta razão é que a Costa Rica continua exigindo a extradição do Capitão Paul Watson por interromper uma operação de retirada de barbatana de tubarão, em 2002. A máfia de barbatana de tubarão na Costa Rica quer Capitão Watson eliminado, e o governo Chinchilla está se curvando em seus esforços para que o Capitão Watson seja entregue para a Costa Rica.

A Presidente Chinchilla está simplesmente tentando apaziguar a indústria do turismo, criando a ilusão de que está tornando a situação difícil para a indústria de barbatana de tubarão. Barbatanas de tubarão são um grande negócio na Costa Rica, e uma das razões para que tenha muito pouco clamor da indústria da pesca de tubarão sobre esta “decisão” é que eles sabem que vai continuar a ser um negócio como de costume.

Se a Costa Rica é realmente séria em salvar os tubarões, o governo deveria proibir todos os embarques da Nicarágua, intensificar a aplicação da lei, demonstrar alguns esforços de conservação reais nas Ilhas Cocos, com algumas prisões e apreensões reais, e eles deveriam retirar as acusações ridículas contra o Capitão Paul Watson.

O povo da Costa Rica quer que a retirada de barbatanas de tubarão acabe. Chinchilla precisa entender que ela não está enganando ninguém com este anúncio. Ela pode enganar algumas pessoas por algumas semanas, mas há conservacionistas, membros da Guarda Costeira, políticos e cidadãos na Costa Rica, que continuarão a reportar a verdade.

E a verdade é que a Costa Rica continua sendo um dos lugares mais ameaçadores para tubarão do mundo e, certamente, a nação que mais tem exterminado tubarões na América Latina.

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil