Editorial

Morte e sofrimento brutais: a atividade de sempre nas Ilhas Faroé

Comentário por Erwin Vermeulen

No dia 13 de agosto, 135 baleias-piloto de nadadeiras longas foram brutalmente massacradas em Husavik. Foto cedida: www.facebook.com

As últimas semanas têm sido extremamente sangrentas nas “Ilhas Ferozes”, mesmo para os padrões das Ilhas Faroé. Em 8 de agosto, 107 baleias-piloto de nadadeiras longas foram abatidas em Sandavágur. Em 11 de agosto, 21 foram assassinadas em Leynar, e no dia 13, 135 perderam suas vidas em Húsavík.

O ritual brutal de matança, conhecido como grind, ou adrap, é registrado historicamente desde 1584. Há 23 baías atribuídas a seis distritos em que a carne e gordura das baleias são divididas entre a população. O ritual é iniciado quando os pescadores ou balsas no mar avistam golfinhos. Os golfinhos são empurrados para uma baía, com barcos e até jet skis, e puxados para a praia com um gancho em seu respiradouro. Em seguida, a medula espinhal é cortado com uma faca.

O massacre em Húsavík no dia 13 de agosto não foi o único que ocorreu naquele dia. Em Hvalba, o incrível número de 430 golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico foram levados para a “baía das baleias” e brutalmente assassinados. Algumas pessoas podem se surpreender ao saber que estes habitantes das ilhas têm como alvo outras espécies de baleias-piloto, mas sempre caçam golfinhos menores, especialmente em Hvalba. A última matança de golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico, em Hvalba, ocorreu em agosto de 2010, e a matança de golfinhos-de-Risso teve início em abril desse ano. Em Oravik, foram 100 golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico mortos em agosto de 2009. No mesmo mês, em Hvalba, duas baleia-bicuda-de-cabeça-plana-do-norte foram mortas, relatadas como encalhadas, e um mês depois, em Klaksvik, três golfinhos-de-Risso foram mortos. Em junho de 1978, nesta mesma cidade ocorreu a matança de 31 orcas.

Enquanto golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico e baleias-bicuda-de-cabeça-plana-do-norte podem ser abatidas, de acordo com os regulamentos locais, é ilegal matar golfinhos-de-Risso e orcas. Em todos esses casos, a desculpa utilizada para matá-los foi de que foram confundidos com as baleias-piloto.

No entanto, em breve os aspirantes a assassinos de golfinhos terão de passar por um teste antes que eles possam participar do derramamento de sangue. O Ministro das Pescas anunciou que a partir de maio de 2015, todas as pessoas que participam do abate devem fazer um curso sobre as leis e procedimentos corretos relativos à matança (grinds), e possuir a respectiva licença para matar. Eles vão receber treinamento no uso das ferramentas que serão permitidas a partir de 2015, como ganchos de respiradouros e lanças para a coluna vertebral, serão capacitados reconhecer os sinais de morte dos animais (não de sofrimento, pois isso é irrelevante para os assassinos), e estarão familiarizados com toda a legislação antes de poderem participar. O uso de faca e gancho grinds não será mais permitido, exceto em circunstâncias especiais, através de uma autorização. Alguns grupos de conservação saudaram estas medidas como o início do fim do grind. Estes são geralmente os mesmos grupos que acreditam que conquistar os corações e mentes do povo das Ilhas Faroé irá incentivá-los a parar a matança.

A Sea Shepherd levou campanhas para opor-se à matança nas Ilhas Faroé desde 1985. Durante a campanha de 2011, Operação Ilhas Ferozes, e nem uma única baleia foi morta enquanto a Sea Shepherd esteve em patrulha durante a alta temporada de julho e agosto. Até agora, esta é a única maneira que possibilitou que as vidas destes magníficos animais fossem salvas. Este trabalho foi registrado em uma série de cinco episódios no Animal Planet, chamada “Whale Wars: Shores Viking” (2012).

O primeiro grind deste ano aconteceu em 21 de julho, quando 125 baleias-piloto morreram em Víðvík. Esta é a aldeia onde, em novembro de 2010, 62 baleias-piloto foram levadas para a praia ao entardecer. Todos os animais foram mortos, mas como ficou muito escuro, o esquartejamento teve que esperar até a manhã seguinte. Durante este período, os corpos já tinham começado a apodrecer e a maioria das baleias foi descartada, morta sem motivo.

Em Hvalba, o incrível número de 430 golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico foram levados para a "baía das baleias" e brutalmente assassinados. Foto cedida www.facebook.com

O mais selvagem dos recentes grinds ocorreu em 30 de julho, quando 267 baleias-piloto foram levadas para a baía de Fuglafjørður. Os relatórios dizem que apenas quatro homens estavam disponíveis para matar os animais em pânico. Por mais de 90 minutos, eles foram mantidos na baía com o ruído do motor do barco e ganchos em seus respiradouros, até que todos foram abatidos. Este foi um dia especialmente vergonhoso nas “Ilhas Ferozes”.

Nem o estrago de 30 de julho, nem o exemplo de novembro de 2010 foram incidentes isolados. Isso acontece regularmente, sem consequências para os açougueiros. Bem-estar animal é uma farsa nas “Ilhas Ferozes”, e as reivindicações de uma morte rápida, de dois minutos, são mais a exceção do que a regra.

Em Klaksvík, em 19 de julho de 2010, 228 baleias-piloto foram levadas para terra, apesar da praia só ter capacidade para armazenar 100 animais. Novamente anoiteceu, e a falta de luz combinada com os animais em grande número resultou em uma orgia de duas horas de sangue e sofrimento.

Em 25 de outubro de 2012, uma tentativa de marcar 36 baleias-piloto pelo Museu Nacional das Ilhas Faroé deu terrivelmente errado. Após os transmissores de rádio serem anexados, as baleias, desorientadas, ficaram encalhadas na lama e acabaram gritando na praia. Funcionários do museu não foram encontrados, e o governo de Torshavn não permite que os moradores matem os animais, já que é ilegal matar golfinhos marcados. Apenas algumas horas mais tarde da noite, quando foi decidido que os animais não poderiam ser salvos , os moradores receberam permissão para matá-los. Este é apenas mais um exemplo de tormento e sofrimento desnecessários que os cetáceos têm de suportar nestas ilhas antes de serem brutalmente assassinados .

Em novembro de 2008, os médicos-chefes das Ilhas Faroé, Pál Weihe e Høgni Debes Joensen, anunciaram que a carne e gordura de baleia-piloto contém muito mercúrio para serem seguras para consumo humano. A dioxina foi agora adicionada à lista, e a recomendação sobre o consumo de carne e gordura de baleia-piloto é:

  • Os adultos devem comer, no máximo, uma refeição de carne e gordura de baleia-piloto por mês.
  • Meninas e mulheres devem abster-se totalmente de comer gordura, enquanto eles ainda estiverem planejando ter filhos.
  • As mulheres que estão planejando a gravidez dentro dos próximos três meses, que estão grávidas ou que estão amamentando, devem se abster de comer carne de baleia.
  • Os rins e fígado de baleias-piloto não devem ser comidos.

Como resultado dos problemas de saúde, grande parte da carne é descartada no oceano, como os cemitérios submarinos descobertos pela Sea Shepherd em 2010 e 2011 mostraram. O grind não é uma fonte de alimento. É um esporte sangrento desprezível.

Em 31 de julho, a União Europeia adotou sanções econômicas contra as Ilhas Faroé. Não por matar golfinhos, mas porque o governo das Ilhas Faroé triplicou unilateralmente a quota existente para o arenque no início deste ano. Esse contingente havia sido acordado com a União Europeia e a Noruega. Uma comissão de representantes dos Estados-membros votaram para apoiar a proposta da Comissão Europeia, para impor sanções sobre as Ilhas Faroé para a sobrepesca de arenque atlântico-escandinavo .

Esta pesca criminosa da Europa ainda pode ter que enfrentar processos judiciais pelo grid sangrento. A Dinamarca, da qual as Ilhas Faroé são um protetorado, está violando três convenções que assinou, pelas quais prometeu fazer tudo dentro de sua capacidade de proteger as baleias-piloto – a Convenção de Berna, a Convenção de Bona e o Acordo sobre a Conservação de Pequenos Cetáceos do Mar Báltico e do Mar do Norte, do Atlântico Nordeste e do Mar da Irlanda (ASCOBANS). Como resultado, a Sea Shepherd França está trazendo o assunto para a Comissão Europeia, a fim de obrigar a Dinamarca a cumprir as obrigações das referidas convenções, e agir para defender os princípios nelas descritos .

A economia das Ilhas Faroé depende em grande parte das exportações de peixe. Se você está chateado pelo grinds, considere não comprar seus produtos e pedir para que os supermercados e os governos não os importe.

Entre em contato com a embaixada dinamarquesa mais próxima de você hoje, e informe que você se opõe veementemente à matança sem sentido e bárbara da preciosa fauna marinha nas Ilhas Faroé.

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Para saber mais:

Sea Shepherd desafia a Dinamarca na Comissão Europeia
O caso do assassinato em massa nas Ilhas Faroé
Lembranças sombrias da matança de baleias-piloto em Klaksvik