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Orcas ameaçadas

Orcas perto de San Juan. Foto: Sea Shepherd

Em agosto, uma petição foi apresentada para a exclusão das orcas residentes do sul de Puget Sound do Ato das Espécies Ameaçadas, onde estão listadas desde 2005.

A petição foi apresentada em nome do Center for Environmental Science, Accuracy, and Reliability, uma organização sem fins lucrativos, que afirma ser “dedicada ao rigor científico em normas ambientais”. A manutenção das orcas de Puget Sound no Ato das Espécies Ameaçadas é resultado da ameaça da prática de irrigação em determinadas áreas para proteger os peixes que as orcas comem. A petição, também apresentada em nome da Empresa de Bosque e Coburn Ranch, afirma que isso torna mais difícil para eles obter empréstimos de bancos, pagar os trabalhadores, e expandir suas operações. As duas fazendas criam culturas, usando água de irrigação de distritos de várias águas da Califórnia em Sacramento-San Joaquin Delta.

A classificação das orcas Puget Sound como ameaçadas afeta agricultores na Califórnia, porque as orcas residentes do sul viajam para a Costa Oeste no inverno, e se alimentam de salmão do sul até o rio Sacramento.

Candace Calloway Whiting, do Seattle P-I escreveu em um artigo recente que “a questão de fundo é que os desenvolvedores, agricultores e a pesca comercial acham que seus direitos devem substituir o bem-estar de uma população frágil de orcas – e é incompreensível que a Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA) realmente esteja levando esta a petição a sério”. Eles não chegam a argumentar que as orcas Puget Sound não estão sob ameaça ou em perigo. Eles usam o velho argumento da Administração Nacional de Oceano e Atmosfera de que elas não são uma população separada. Em outras palavras, não importa que as orcas Puget Sound sejam dizimadas, existem outras orcas semelhantes em outros lugares.

A Administração Nacional de Oceano e Atmosfera inicialmente decidiu não classificar as orcas em 2002, depois de determinar que as baleias orcas residentes no sul de Puget Sound, nos grupos J, K e L, não eram uma população distinta. Um juiz da Corte Distrital dos EUA, em 2003, determinou que não havia incerteza suficiente para justificar mais estudos. A pesquisa mostrou que elas eram, de fato, geneticamente únicas, com um dialeto único, e uma das únicas populações de orcas que se alimentam extensivamente apenas de salmão, resultando na sua classificação em uma lista como ameaçadas em 2004, e em perigo em 2005.

A classificação das orcas como ameaçadas resultou em 2.560 milhas quadradas de Puget Sound protegidas, e a exigência de que os navios de observação de baleias (whale watching) mantenham uma distância maior das baleias. Mesmo com estas medidas, a população residente do sul permanece em apenas 86 animais.

Se os animais fossem retirados da lista de espécies ameaçadas, a designação deste habitat crítico para eles desapareceria.

O departamento de Pesca da Administração Nacional de Oceano e Atmosfera aceitou a petição, porque “apresenta novas informações a partir de artigos de revistas científicas sobre genética de baleias orcas, abordando questões como o grau de parentesco desta pequena população e de outras populações, e atende ao procedimento do departamento de Pesca da Administração Nacional de Oceano e Atmosfera para aceitar uma petição para revisão”. A Administração Nacional de Oceano e Atmosfera tem que terminar esta revisão do status da população de orcas residente do sul em agosto de 2014, para determinar se a manutenção das orcas na lista está ainda garantida.

Você deve se lembrar que a Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA) é a organização do governo que estava obstruindo investigações independentes sobre o vazamento de petróleo de Deepwater Horizon, no Golfo, que concedeu permissão para os Estados de Oregon e Washington reduzir o número de leões marinhos na barragem de Bonneville por comerem salmão, e está atualmente considerando a importação de 18 Belugas selvagens capturadas pelo Aquário da Geórgia.

A petição de exclusão das orcas da lista de espécies ameaçadas foi apresentada em nome dos agricultores pela Pacific Legal Foundation, com sede em Sacramento. A organização, que se nomeia sem fins lucrativos, construiu um negócio de US$ 25 milhões em combater listagens de espécies ameaçadas e restrições ambientais. Em seu site eles anunciam apoio para o Estado do Alasca na tentativa de eliminar o status de espécies ameaçadas de extinção das Belugas Cook Inlet, porque a proteção desses animais pode ter impactos importantes sobre o transporte, a pesca, o desenvolvimento de recursos, as infra-estruturas públicas e a defesa nacional.

Com os agricultores gananciosos, pensando nos seus próprios interesses, uma empresa antirregulação em conluio com grandes empresas, uma instituição do governo falha, e pesquisas científicas sem coração ou senso comum contra elas, essas orcas estão em apuros.

De acordo com Brenda Cummings, do Centro para a Diversidade Biológica, a organização sem fins lucrativos que apresentou a petição original para listar a orca residente do sul no Ato das Espécies Ameaçadas, “esta população é única porque não cruza com outros grupos, é uma população ‘residente’ que se alimenta de peixes, e é significativa como um predador de topo no ecossistema de Puget Sound”. Esta comunidade residente do sul do Pacífico Noroeste perdeu 48 de seus membros para o cativeiro nas décadas de 1960 e 70, a maioria deles já mortos há muito tempo. Lolita, originalmente conhecida como Tokitae, é uma sobrevivente da captura Cove Penn, em agosto de 1970, na qual cinco membros de sua família morreram. Ela é agora a mais antiga orca cativa. Quando ela finalmente for libertada da escravidão e lançada de volta ao oceano, sua família deve estar lá, esperando por ela, uma família protegida! Devemos-lhes muito.

Há duas petições em circulação:

Não tire as orcas Puget Sound da lista das espécies ameaçadas (em inglês)

Mantenha a Orca Puget Sound na Lista de Espécies Ameaçadas (em inglês)

Leia a petição apresentada pela Pacific Legal Foundation (em inglês)

Orcas próximo a San Juan. Foto: Sea Shepherd

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil