Editorial

Leão marinho de Steller pode se tornar o próximo alvo no rio Columbia

Comentário de Sandy McElhaney, voluntária da Sea Shepherd Conservation Society

Leão marinho da Califórnia dolorosamente marcado por funcionários do governo. Foto: Erwin Vermeulen / Sea Shepherd

Os leões marinhos da Califórnia, no centro do programa da Sea Shepherd Conservation Society, Guardiões da Represa, vão ter seu dia no tribunal, em Portland, Oregon, na sexta, 19 de outubro. Nesta data, os advogados da Humane Society dos Estados Unidos vão apresentar argumentos orais em um processo contra o secretário de Comércio e Serviços de Pesca Nacionais Marinhos. A Humane Society procura derrubar uma licença que foi emitida, permitindo a remoção letal de leões marinhos da Califórnia na represa de Bonneville.

Em maio, um juiz federal negou um pedido da Humane Society para suspender a matança destes leões marinhos na represa de Bonneville, em 2012. Os animais são culpados por consumir salmão, listados sob a Lei das Espécies Ameaçadas. Enquanto os pescadores são autorizados a capturar até 17 por cento destes peixes, a Humane Society sustenta que os leões marinhos da Califórnia consomem apenas cerca de 1 por cento dos salmões no rio Columbia.

De acordo com um documento de maio 2012 da Secretaria de Comércio e Serviços de Pesca Nacionais Marinhos para os Diretores dos Departamentos da Vida Selvagem de Oregon e Washington, 39 leões marinhos da Califórnia considerados “predadores” de salmão em extinção foram mortos desde 2008, e 11 foram colocados em cativeiro. Este valor não inclui o leão marinho da Califórnia C021, que foi capturado em uma armadilha flutuante em Astoria, e morto em 30 de agosto de 2012.

Qualquer leão-marinho que for flagrado comendo um único salmão está sujeito a ser adicionado a uma “lista negra”, que pode levar à morte do animal. A Secretaria de Comércio e Serviços de Pesca Nacionais Marinhos autorizou os Estados de Oregon e Washington a atirar ou sacrificar quaisquer leões marinhos da Califórnia, que correspondam à seguinte descrição:

  • forem observados comendo salmões na represa de Bonneville, na “área de observação” abaixo da barragem, nas escadarias de peixes, ou acima da barragem, entre 1 de janeiro e 31 de maio de cada ano;
  • forem observados na represa de Bonneville, em um total de 5 dias (dias consecutivos, dias dentro de uma única temporada, ou dias mais de vários anos), entre 01 de janeiro e 31 de maio de cada ano, e
  • forem avistados na represa de Bonneville depois de terem sido submetidos a dissuasão não letal ativa.

Barragem de Bonneville, no rio Columbia. Foto: Erwin Vermeulen / Sea Shepherd

Quem são os predadores reais aqui? Eles podem ser mamíferos, mas eles certamente não são mamíferos marinhos!

No rio Columbia, uma parceria entre governo estadual e federal, funcionários e a indústria da pesca comercial soletra morte certa para os leões marinhos que estiverem entre pescadores comerciais, artesanais e recreativos, e “seus” peixes. Enquanto as autoridades do Departamento da Vida Selvagem do Estado poderão marcar a carne de leões marinhos com ferro quente, surrá-los com balas de borracha e, finalmente, aplicar a injeção fatal, estes atos hediondos têm a aprovação do governo federal e são defendidos por muitos pescadores acima e abaixo do rio.

A pesca é uma grande indústria no noroeste do Pacífico. Um comunicado de imprensa de 30 de maio de 2012, do Departamento da Agricultura de Oregon, relata um valor superior a safra de US$ 145 milhões para a pesca comercial de peixe e frutos do mar em 2011. Foi a maior em 23 anos. Pelo relatório, o salmão é responsável por 2,4 milhões dos 285 milhões de quilos de peixe e marisco desembarcados pela pesca comercial em 2011. Esta é apenas a pesca comercial. Pescadores recreativos e artesanais obtém a sua parte também. Um recente relatório de pesca do rio Columbia no The Seattle Times documentou 1.800 barcos de salmão no rio Columbia no fim de semana do feriado do Dia do Trabalho. Claramente, matar leões marinhos, que matam muito menos peixes do que a pesca, não é uma questão de salvar os peixes, mas de eliminar a concorrência.

A título de comparação, um relatório do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA diz que a predação de salmão por leões marinhos da Califórnia chegou a um nível mais baixo de 1067 (0,6% do total) de janeiro a junho de 2012. O consumo de salmão em extinção e em não-extinção por leões marinhos de Steller parece estar em crescimento (0,7% do total). Com isso, Oregon, Washington e Alasca apresentaram um pedido para a Administração da Atmosfera e do Oceano Nacional para remover os leões marinhos de Steller da Lista de Espécies Ameaçadas. Caso essa proposta seja levada adiante, é só uma questão de tempo para que os assassinos de leões marinhos da represa de Bonneville adicionem esta espécie à sua lista.

Em março de 2012, o voluntário e tripulante da Sea Shepherd, Erwin Vermeulen, visitou a represa de Bonneville. Ao ouvir esta proposta sobre leões marinhos de Steller, o veterano Guardião da Enseada comentou:

“Mesmo que a quantidade estimada de salmão morto por leões marinhos seja a menor desde que a observação extensa começou, muito pequena em comparação aos números de peixes mortos por pescadores ou pela própria barragem, os governos imorais de Washington e Oregon miram uma segunda espécie ameaçada de leão marinho para este abate sem sentido. É inaceitável que mais uma vez nos EUA e em outras partes do mundo, animais sejam acusados ​​pela destruição causada pelo homem e depois submetidos à “gestão” – a palavra da moda para o extermínio”.

A Sea Shepherd apoia plenamente os esforços da Humane Society no tribunal. Vamos continuar a acompanhar esta situação que se desenrola. Caso os assassinos de leões marinhos voltem à represa de Bonneville, em 2013, nós também voltaremos.

Armadilhas de leões marinhos perto da represa de Bonneville, no rio Columbia. Foto: Sea Shepherd

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil