Editorial

Onde os baleeiros estão indo?

Comentário pelo Capitão Paul Watson

O monte Siple é uma bela vista. Em 3.110 metros de altura, ele domina a vista da costa Antártica – uma das poucas montanhas não escaladas no mundo. E isto não é surpreendente, porque é difícil de encontrar uma parte mais remota no planeta do que esta área pela Getz Ice Shelf.

O Nisshin Maru avança com o Monte Siple ao fundo (Foto: Gary Stokes)

O Nisshin Maru avança com o Monte Siple ao fundo (Foto: Gary Stokes)

O monte Siple é a terceira maior montanha na Antártica, e uma vista que nós não tínhamos visto antes, nestes sete anos de viagens que temos feito ao Santuário de Baleias no Antártico. A razão de nós não termos visto isso antes é porque nunca antes tivemos motivos para nos aventurarmos fora dos limites designados pelos japoneses como seu solo baleeiro oficial.

A fronteira oriental do seu solo de massacre é de 145 graus a oeste. O Nisshin Maru e o Yusshin Maru 3, com o Bob Barker e o Gojira no seu encalço, estão agora a 122 graus a oeste e 72 graus ao sul. Isto são 3.000 milhas ao sudeste de Hobart, na Austrália, e apenas 1.700 milhas ao sudoeste de Puntarenas, no Chile.

Isto são 400 milhas náuticas a leste do seu solo de caça e eles continuam a correr a leste sem motivo aparente. Talvez eles pensem que podem acabar com o combustível do Bob Barker. Caso isso aconteça, eles vão descobrir que o Bob Barker com seu enorme reservatório de combustível pode mais que derrotá-los.

O paradeiro do Yushin Maru 1 e Yushin Maru 2 é desconhecido, mas de pouca importância. Sem o navio fábrica Nisshin Maru, os arpoadores são desconhecidos. Eles não podem matar baleias se não puderem descarregar as carcaças para o matadouro sujo flutuante.

A frota japonesa baleeira teve uma temporada desastrosa até agora. A Sea Shepherd a encontrou antes que os japoneses sequer começassem a caçar baleias, e durante todo o mês de janeiro, dois arpoadores não puderam matar uma única baleia enquanto estavam sendo perseguidos pelo Steve Irwin e pelo Bob Barker. Durante este tempo, o navio-fábrica e o arpoador remanescente estiveram fugindo a maior parte do tempo, e apenas conseguiram começar a caçar baleias dois dias antes do Steve Irwin interceptá-los, em janeiro, os botando pra correr de novo. O Nisshin Maru  conseguiu escapar da perseguição através do gelo, e conseguiu caçar apenas mais alguns dias antes do Gojira redescobri-los, e o Bob Barker os perseguiu. Agora eles estão correndo para as fronteiras de seu território de caça. Nós não sabemos exatamente quantas baleias eles mataram, mas sabemos que não foram muitas.

O alto-astral está a bordo das três embarcações da Sea Shepherd. O conhecimento de que centenas de baleias foram salvas, mais uma vez, por mais um ano, é motivador.

“Nós estamos fazendo a diferença”, disse o artista Howie Cooke, de Byron Bay, na Austrália. “Sabendo que baleias irão viver e que poderiam de outro modo ter morrido, me faz muito feliz. Nossa tripulação tem sido ótima este ano, e eu acho que nós deixamos os baleeiros muito bravos e frustrados de novo”.

Onde os baleeiros estão indo? Isto realmente não importa, contanto que eles não matem baleias. A apenas um mês do final da temporada de caça as baleias, a tripulação da Sea Shepherd está confiante de conseguir manter o Nisshin Maru na corrida, a caça às baleias não irá recomeçar enquanto pudermos manter um navio da Sea Shepherd vigiando a popa da rampa do navio-fábrica.

 

O Nisshin Maru avança com o Monte Siple ao fundo (Foto: Gary Stokes)

O Nisshin Maru avança com o Monte Siple ao fundo (Foto: Gary Stokes)

 

Traduzido por Tomaz Horn, voluntário do ISSB.