Espécies selvagens são um patrimônio público, não objetos descartáveis
Posição da Sea Shepherd sobre o comércio de aquário
Por Robert Wintner, membro do Conselho de Administração da Sea Shepherd
O comércio do aquário envolve um hobby sinistro, confinando a fauna de recife de coral e destruindo os recifes de todo o mundo. A decapagem de recifes para uma indústria de diversões, teoricamente, não é diferente do que capturar cetáceos para programas comerciais. 98% dos peixes de aquário são capturados em ambiente natural, ou seja, selvagens. Muitas pessoas podem não refletir sobre os peixes coloridos em tanques de vidro utilizados como mobiliário para escritórios, bistrôs, salas de espera, ou casas, e algumas pessoas podem assumir que os peixes são criados em cativeiro. O fato é que 2% dos peixes são criados em cativeiro e 98% são retirados do meio natural. Esta prática resulta nas taxas devastadoras de mortalidades severas do ponto de captura, através do processamento, aclimatação e transporte. Os danos aos corais estão bem documentados, e muitas vezes assistimos como telespectadores, observando âncoras, correntes e redes nos corais, e colecionadores quebrando corais em busca de mais alguns dólares.
O comércio do aquário é protegido por palavras, mas o tráfico de animais selvagens dos recifes para o comércio de animais não é sustentável, eles não são “criados em cativeiro, sempre que possível”. 40 milhões de peixes de recife e invertebrados abastecem 1,5 milhão de aquários ao redor do mundo, anualmente. Espécies de vida selvagem são um patrimônio público, não bugigangas descartáveis. Sistemas de recifes marinhos são primorosamente equilibrados, com cada espécie desempenhando um papel na manutenção e equilíbrio do recife. O peixe-borboleta não deixa seu recife por opção. Uma vez que os peixes-borboletas são retirados, a espécie se perde daquele recife indefinidamente. O bodião limpador havaiano é uma espécie endêmica carismática, vital para o Havaí. Eles montaram estações de limpeza, onde muitas espécies se reúnem para acasalar em um ambiente social. O bodião limpador havaiano morre em 30 dias de cativeiro, sem outros 30-40 peixes para limpar, mas eles ainda assim são enviados para venda. Muitos recifes no Havaí agora são vulneráveis a carga parasitária. Tangs amarelos são herbívoros, pastando algas durante a noite para evitar o sufocamento do recife, mas eles são capturados, aos milhões, para aumentar os lucros do comércio de aquário. O Diretor de Recursos Naturais do Havaí não deve ser um colecionador de aquário. Nem as espécies recifais devem ser sacrificadas para apoiar qualquer indústria de diversões, incluindo a venda de tanques, stands, luzes, ou bugigangas decorativas. Sob a pressão mundial de acidificação, mudanças climáticas e eventos associados, como a invasão de estrelas do mar provocadas por sistemas de água mais quentes, os sistemas de corais de recife devem manter ótimos sistemas imunológicos, com um saldo total das espécies.
A taxa de mortalidade impressionante de recife selvagem em cativeiro ocorre principalmente no período de 30 dias entre a captura e a química em um aquário em casa. Muitas dessas espécies vivem por décadas na natureza, proporcionando equilíbrio e a função dos recifes de corais.
O Havaí é o terceiro maior fornecedor de peixes de recife no comércio de aquário dos EUA, respondendo por recifes vazios e o desaparecimento de espécies de corais. A Flórida leva milhões de recifes anualmente, mesmo com a introdução invasiva do lionfish, um predador voraz introduzido pelo comércio do aquário para a costa leste e os recifes do Caribe. Lionfishes não atingem o Atlântico por conta própria.
O tráfico do comércio de aquário deixa recifes desequilibrados, degradados, e esgotados. Nenhum fator no declínio dos recifes pode absolver qualquer outro fator de acidificação, o escoamento, a mudança climática, ou qualquer outro impacto negativo sobre a saúde dos recifes, que não pode justificar a extração deles para aquário. A Sea Shepherd Conservation Society pretende acabar com o tráfico mundial de peixes vivos.
Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil