Editorial

A verdade por trás de toda distorção da realidade

Comentário por Aaron Hall, Webmaster e Guardião da Represa

Trabalhador do Departamento de Pesca e Vida Selvagem de Oregon queima um leão-marinho, enquanto usa um chapéu escrito "Sea Lion Pastor". Foto: Aaron Hall / Sea Shepherd

Você acorda ao som de seus amigos e familiares gritando de dor e medo, enquanto o cheiro de carne queimada enche o ar. Você vê um homem que você nunca viu antes agarrar seus entes queridos, pela parte de trás da cabeça, jogá-los no chão e, enquanto aperta seu pescoço com sua bota, coloca um ferro em brasa em sua carne. O som crepitante de pele escaldante faz mal para o estômago. Com um sorriso um pouco sádico, o homem volta-se para o resto do seu grupo e o medo invade o seu coração e seus olhos sem alma olham diretamente para você.

Isto pode soar como uma cena de um filme de terror de Hollywood, mas na verdade isso é o que os leões-marinhos ao longo do rio Columbia, perto da represa de Bonneville e Porto de Astoria, estão enfrentando neste momento.

Os leões-marinhos fazem parte da classe de animais chamada pinípedes, que tem proteção federal do Ato de Proteção aos Mamíferos Marinhos junto com mais de 125 espécies de animais marinhos nos Estados Unidos. Em 1994, o governo federal alterou este Ato para incluir um programa para autorizar e controlar a captura de mamíferos marinhos que afetam as operações de pesca comercial, independentemente de sua condição protegida pelo governo federal. Devido a essas modificações injustas à lei, a porta está agora aberta para permitir que os leões-marinhos se tornem bodes expiatórios para problemas artificiais, ganância e sobrepesca.

Em 2012, a Administração Nacional de Oceano e Atmosfera concedeu autorização para os Estados de Oregon, Washington e Idaho para a remoção letal de até 92 leões-marinhos por ano, até junho de 2016. O crime que cometeram, que merece uma sentença de morte sancionada tanto por organizações governamentais e federal, é o simples ato de comer salmão para sua sobrevivência. Ao ser observado comendo apenas 5 salmões em ocasiões distintas, um leão-marinho é registrado em uma lista de morte, que autoriza os guardas locais a letalmente remover o leão-marinho “agressor”. O raciocínio por trás de tudo isso? Os leões-marinhos são acusados ​​de comer salmão demais e com isso afetar a pesca comercial que ocorre na área.

A realidade por trás disso é que é tudo distorção da realidade. Os leões-marinhos estão sendo anunciados como assassinos em massa de salmão ao longo do rio, quando, na realidade, eles comem menos de 4% dos peixes. A pesca comercial na represa de Bonneville obtém entre 10 e 20% do salmão, mas todos estes números são consideradas desprezíveis de acordo com os Estados, enquanto a porcentagem que os leões-marinhos obtêm é considerada uma questão importante, digna de tortura desumana e abate.

Tudo isso deve ser executado até 31 de maio. Ao contrário da cena de Hollywood acima mencionada, não haverá atores, nem script e nem entrevistas no tapete vermelho. Haverá, no entanto, voluntários dedicados conhecidos como os Guardiões da Represa, fazendo o papel de produtor, diretor, equipe de filmagem, ator e professor, além de dias e noites sob a chuva ou sob o sol, ao longo do rio, da represa, e em outros lugares que estas criaturas preciosas estão sendo torturadas, marcadas e, finalmente, assassinadas. Eles estão lá para registrar a saga dos leões-marinho e as injustiças que esses animais terão de enfrentar enquanto a humanidade faz vista grossa em favor da ganância e da apatia. Eles serão os heróis desconhecidos para todos e para cada um dos leões-marinhos ao longo do rio. Eles são os responsáveis, e eles vão proteger aqueles que não podem se proteger.

Para se candidatar a ser um Guardião da Represa, envie um e-mail para damguardian@seashepherd.org

Leão-marinho da Califórnia recém marcado. Foto: Aaron Hall / Sea Shepherd

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil