Termina a primeira fase do julgamento do capitão Bethune da Sea Shepherd
Por Raquel Soldera, voluntária do ISSB
A primeira fase do julgamento do capitão Pete Bethune no Japão já terminou, e ele não se abateu, mantendo energias positivas. O capitão Bethune está sendo representado por uma equipe altamente capacitada de advogados japoneses.
Apesar de alguns meios de comunicação terem escrito que o capitão Bethune se declarou culpado de quatro das cinco acusações contra ele, isso não é verdade. O capitão Bethune continua mantendo a sua inocência em todos os aspectos. Ele contestou alguns dos fatos evocados pela promotoria japonesa, incluindo, sobretudo, que nenhuma pessoa a bordo do navio japonês Shonan Maru 2 foi ferida por algo feito por qualquer um dos voluntários dos navios da Sea Shepherd.
Um tripulante do Shonan Maru 2 alegou ter sido ferido por manteiga podre atirada no Shonan Maru 2 por voluntários da Sea Shepherd, mas as evidências revelam que nenhum médico nunca viu realmente o ferimento alegado, e ninguém se opôs ao fato de que este membro da tripulação estava bem antes mesmo de seu navio voltar ao porto.
A defesa do capitão Bethune é baseada na ilegalidade da caça à baleia e na Carta Mundial das Nações Unidas para a Natureza, que autoriza as organizações privadas, como a Sea Shepherd, a promover atividades governamentais, como a proteção do meio ambiente. O Shonan Maru 2 estava envolvido em caça ilegal, e as ações do capitão Bethune contra esse navio foram equivalentes às ações de uma guarda costeira no impedimento de uma atividade ilegal.
No primeiro dia do julgamento, os advogados do Capitão Bethune e a promotoria leram as declarações de abertura, e um tripulante do Shonan Maru 2 testemunhou sobre o que tinha visto. No segundo dia do julgamento, um tripulante do Shonan Maru 2 testemunhou a respeito de uma erupção de pele de cerca de um centímetro, que durou menos de três dias, que ele atribui a manteiga podre usada pelo capitão Bethune. Um médico que nunca havia visto esse tripulante (porque o ferimento nem sequer garantiu uma visita ao médico) declarou que o ferimento poderia ter sido causada pela manteiga podre. A Sea Shepherd tem uma política rígida contra a violência e, em seus mais de trinta anos de funcionamento, nunca feriu ninguém.
O capitão Bethune deu seu testemunho durante todo o terceiro dia de julgamento a respeito do motivo de ele ter feito o que fez. Ele falou sobre sua raiva dos baleeiros japoneses por matar baleias em águas internacionais. Como o capitão Bethune disse, “eles estão entrando em meu quintal e matando o que pertence a todos nós”.
O julgamento será retomado em 10 de junho, quando os advogados do Capitão Bethune e a promotoria do Ministério Público vão ler as declarações de encerramento. O capitão Bethune também leu um comunicado em japonês – destinado à corte, ao mundo e, em particular, ao povo japonês. A ideia foi do próprio capitão Bethune e, ao ler a sua declaração em japonês, quis fazer isso como um sinal de respeito ao povo japonês. É importante para ele que o Japão entenda que nem ele nem a Sea Shepherd tiveram algum problema com o Japão e seu povo. As ações do capitão Bethune e da Sea Shepherd são para acabar com a caça, sempre que estiver acontecendo. A questão são os baleeiros, não o Japão.
Após a audiência de 10 de junho, espera-se que os três juízes encarregados de julgar o capitão Bethune levem de uma a quatro semanas para emitir seu veredicto e a sentença, se houver. A grande esperança é a de que os juízes percebam que o Capitão Bethune não violou nenhuma lei e o libertem imediatamente. Ele está em uma prisão japonesa desde o dia 12 de março e foi detido no Shonan Maru 2 antes disso, totalizando mais de 100 dias em cativeiro até a presente data.
Os japoneses da Guarda Costeira continuam a recusar a investigação do afundamento intencional do navio da Sea Shepherd, Ady Gil, por parte do baleeiro japonês Shonan Maru 2, ou mesmo a colaborar com as investigações em curso na Nova Zelândia e com as autoridades marítimas australianas.