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Dilema na Austrália

Por Capitão Paul Watson

Por volta de outubro de 2007, estimulei milhares de australianos a votarem para Kevin Rudd e o Partido Trabalhista de Peter Garrett. Porque? Por terem prometido resistir à indústria baleeira ilegal japonesa. Prometeram levar o Japão à justiça. Prometeram enviar um navio ao Oceano Antártico para monitorar as atividades ilegais japonesas. Tinham criticado severamente o governo anterior de Howard por não ter feito nada com relação a isso.

Desde então, Rudd e Garrett, demonstraram que fizeram menos para as baleias do que o ministro do meio ambiente anterior, Ian Campbell.

Sob Campbell, a Austrália era a voz a mais resistente nas reuniões anuais da comissão baleeira internacional. Sob Garrett, as baleias transformaram-se em um interesse muito menor. Sob Campbell, a Sea Shepherd Conservation Society teve encorajamento e apoio. Sob Garrett, nós fomos desacreditados, e agora estamos sendo molestados com as buscas do governo de Rudd para sabotar os esforços da Sea Shepherd em defesa das baleias.

Peter Garrett (ex-vocalista da banda de rock Midnight Oil e atual ministro do meio ambiente da Austrália) não quer que o nosso navio Steve Irwin retorne ao oceano Antártico em dezembro. Porque? Porque o governo Japonês pediu que o governo australiano interviesse para impedir que nós não retornemos ao Oceano Antártico.

Legalmente, não podem impedir o Steve Irwin de zarpar rumo a costa do continente antártico, mas parece que acreditam terem encontrado uma forma de sabotar nossa missão.

Assim, eu e meu primeiro oficial Peter Hammarstedt, sueco, tivemos nossos vistos para entrar na Austrália cancelados e nossas novas solicitações negadas. O Dan Bebawi do Reino Unido, foi ordenado desembarcar do avião que o traria para a Austrália, no Aeroporto de Heathrow, ainda na Inglaterra, tendo sido dito que seu visto para viajar já não era mais válido. Após uma semana e custos altos para remarcar sua passagem, teve um visto válido finalmente concedido.

A história não é assim tão simples para Peter Hammerstead e eu.

O Departamento de Imigração está exigindo que Peter e eu forneçamos relatórios das polícias Norueguesa, Canadense e dos Estados Unidos a fim de prosseguir no fornecimento dos vistos. Uma vez que estes relatórios tenham sido entregues às autoridades australianas, seremos informados de requisições adicionais.

Em outras palavras, eles farão com que pulemos de instância burocrática a outra por meses se necessário para prevenir que consigamos retornar à nossa embarcação na Austrália.

Não possuo nenhuma acusação em minha ficha de qualquer nação do mundo. Não há um único mandado de prisão contra mim. O Japão não prestou queixas. A nação sob cuja nossa embarcação navega, a Holanda, não nos acusou de nada. Entrei e reentrei na Austrália dúzias de vezes sem nenhum acidente, agora porem após algumas semanas do Primeiro Ministro Stephen Smith ter recebido um ultimato do Japão de parar a Sea Shepherd, Peter Hammarstedt e eu vemos nosso retorno a nossa embarcação ser bloqueada sem nenhuma razão dada para tal ato.

Este ano nossa campanha foi nomeada, “Operação Waltzing Matilda”, em reconhecimento ao fato de que a Sea Shepherd Conservation Society recebeu um apoio expressivo do povo australiano.

A Austrália tem sido nossa base operacional contra os baleeiros ilegais japoneses desde 2005 e os australianos demonstraram que a Austrália é a mais apaixonada nação na Terra quando falamos de defender as grandes baleias contra as ações ilegais e viciosamente cruéis da frota baleeira japonesa.

Infelizmente, este apoio da população australiana pelas baleias não se reflete nas ações de seu governo.

O Governo Rudd virou as costas para todas as “promessas feitas sobre os baleeiros” antes das eleições, agora tornaram-se mais submissos e leais às demandas do governo japonês do que aos interesses do povo australiano que os elegeu.

O Steve Irwin deixou Brisbane este mês, em uma turnê pela Austrália, com a missão de angariar apoio para a Operação Waltzing Matilda. Sob o comando do capitão holandês Alex Cornelissen, o navio esta presentemente ancorado em Circular Quay, Sidney, do lado oposto da famosa Sidney Opera House.

Na agenda do Steve Irwin temos ainda que visitar Melbourne e Hobart antes de deixar Fremantle, o porto de onde zarparemos em Dezembro em direção à costa da Antártida.

Infelizmente, não posso estar a bordo de meu navio durante esta turnê até que meu visto seja finalmente garantido, algo que era simplesmente rotineiro antes do mês passado.

Naturalmente que a Polícia Federal Australiana pode, e é muito provável, já ter obtido os dados de que necessitam sobre mim. A despeito disso, preciso gastar centenas de dólares e semanas de tempo rastreando os relatórios policiais contra meu caráter.

Estranhamente, descobri que é mais fácil você conseguir um relatório policial se tiver uma ficha criminal, alguma acusação, do que se sua ficha fosse totalmente limpa e você um cidadão honesto. Como nunca fui condenado de qualquer crime nos EUA, me foi dito que necessito de um relatório do F.B.I. informando tal fato. Isto exige ter minhas impressões digitais tomadas e preencher uma longa ficha solicitando um documento que informa não haver nenhuma acusação ou registro contra mim. Se isso é considerado rotina, então ninguém visitaria a Austrália.

O Japão está mobilizando todas as medidas burocráticas que pode para prevenir que não os combatamos na sua temporada ilegal de caça às baleias este ano (2009-2010). Estão inclinando-se no governo holandês para golpear nossa bandeira. Estão inclinados sobre o governo australiano para que este intervenha. Fizeram solicitações aos Estados Unidos e Canadá para que previnam a Sea Shepherd de não continuar seus esforços em defesa das baleias.

A despeito disso, está decidido que partimos para a Antártida no inicio de Dezembro e estarei lá, no Steve Irwin, com ou sem visto. Peter Hammarstedt também. Nada irá nos impedir de retornar ao Oceano Antártico em dezembro para mais uma vez cortarmos a quota ilegal japonesa pela metade e negá-los seus lucros ilícitos.

A Operação Waltzing Matilda está marcada e com a união do Steve Irwin ao Earthrace, montaremos o esforço mais ambicioso e agressivo até od dias de hoje para obstruir a chacina das baleias no Oceano Antártico.

A Sea Shepherd Conservation Society está organizando uma petição aos australianos para apoiar as exigências requeridas para Peter Hammarstedt e eu mesmo e servirem como referências ao nosso caráter.

Temos menos de dois meses para assegurar os vistos que permitirão que tomemos o comando do único navio no mundo que pode conservar as vidas das centenas de baleias indefesas e em perigo no Oceaano Antártico.

Eu estou confiante que o povo australiano enviará sua voz a Camberra para nos apoiar e às baleias. Rudd e Garrett precisam ser lembrados de que não foram os baleeiros japoneses que votaram neles e sim cidadãos australianos, e os australianos querem que a chacina sangrenta no Oceano Antártico termine.