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O navio de reabastecimento, Sun Laurel, entra em águas australianas

O tripulante Thomas LeCoz analisa amostra de água enquanto suspeitas são levantadas de que o tanque de combustível japonês, o Sun Laurel, está com vazamento de combustível. Foto: Billy Danger

Às 02:45 horas (horário da Austrália) desta manhã, o tanque de combustível para a frota baleeira japonesa, o Sun Laurel, entrou no Zona Econômica Exclusiva Antártica Australiana em uma posição de 63 graus 07 minutos ao Sul e 84 graus 52 minutos a leste.

O Capitão da Austrália, Luis Pinho, a bordo do SSS Sam Simon, está em constante comunicação com a Associação Austráliana de Segurança Marítima (AMSA) para mantê-los a par da situação. Ele afirmou: “Nós temos perseguido o Sun Laurel toda a noite e eles estão operando em velocidades muito inseguras, em condições extremamente perigosas com icebergs e pouca visibilidade. Muitas vezes eu e minha tripulação sentimos o cheiro de diesel a partir do rastro do navio à frente. Foram coletadas amostras que temos a bordo, que exalam um odor de combustível. Estamos muito preocupados, pois um vazamento de petróleo nessas águas cristalinas da Antártida teria um efeito catastrófico”.

Às 11:00 horas (horário australiano), o Sun Laurel e o Sam Simon foram recebidos por dois membros da frota de caça de baleias, o Yushin Maru – o navio arpoador da frota baleeira japonesa – e o Shonan Maru 2 – o navio de segurança armado do governo do Japão.

O Sam Simon enviou pelo rádio a seguinte mensagem para os navios caçadores de baleias, em japonês e inglês: “Yushin Maru, vocês estão envolvidos em operações ilegais de caça dentro de um santuário de baleias e, portanto, temos a intenção de impedir a sua operação de reabastecimento até sua frota deixar este santuário”.

O Sam Simon posicionou-se entre o Sun Laurel o navio arpoador Yushin Maru, no exercício de cuidado e manutenção do direito de passagem de acordo com o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar. Depois de um bloqueio bem sucedido, o Yushin Maru fez uma curva larga em direção ao Sam Simon, criando uma rota de colisão, que teria atingido o Sam Simon em um ângulo de 90 graus.

O Capitão do Sam Simon, Capitão Luis Manho, fez a seguinte declaração: “Eu julguei que esta colisão seria de alto risco para a integridade do casco do Sam Simon, com a proa armada do Yushin Maru iminentemente entrando em contato com nossa popa bombordo em alta velocidade . Enquanto isso acontecia, o navio de segurança armada, o Shonan Maru 2, também ficou muito próximo de nós e agindo de forma agressiva, chegando dentro de 0,08 milhas náuticas da nossa proa”.

“Neste momento eu percebi que esses navios de caça ilegal estavam determinados a reabastecer, independentemente de qualquer resultado, seja de grande escala de poluição, danos à propriedade ou risco de morte no mar. A fim de proteger a minha tripulação, bem como a vida marinha do Oceano Antártico, eu decidi que era o melhor se afastar e documentar esta operação de abastecimento perigosa”.

Às 11:45 horas (horário australiano), em uma posição de 64 graus e 30 minutos ao Sul e 84 graus e 20 minutos a leste, o Yushin Maru foi amarrado ao lado do Sun Laurel e foi reabastecido. Às 13:55 horas (horário australiano), o Yushin Maru deixou o Sun Laurel e foi imediatamente substituído pelo Shonan Maru 2, que foi reabastecido.

A Sea Shepherd Austrália acredita que o Sun Laurel está levando óleo combustível pesado (HFO) a bordo, o que o coloca em violação da Convenção de Marpol (Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios), Anexo 1, Regulamento 43, incluindo um capítulo especial 9, que proíbe o uso e transporte de HFOs na área.

Todos os quatro navios estão bem dentro do Território Antártico Australiano, na Zona Exclusiva Econômica da Austrália.

Em 31 de janeiro, o Shonan Maru 2 entrou em águas australianas fora da Ilha Macquarie. Na época, o Ministro do Meio Ambiente, Tony Burke, respondeu, dizendo: “A Austrália tem deixado claro para o Japão em várias ocasiões que os navios associados com seu programa de caça às baleias não são bem-vindos na Zona Exclusiva Econômica da Austrália ou mar territorial”.

O Diretor da Sea Shepherd Austrália, Jeff Hansen, respondeu às atividades de abastecimento da frota baleeira japonesa, dizendo: “Bem, parece que o Japão não está escutando Canberra, com um navio do governo japonês com membros armados da Guarda Costeira, juntamente com um navio baleeiro arpoador, que acabam de ser reabastecidos em águas australianas, ao largo da Antártida. Se a Austrália reivindicou estas águas, o mínimo que eles podem fazer é defendê-las. Se estes caçadores fossem ao Uruguai e à Patagônia caçar marlongas em vez destas magníficas baleias, tenho certeza que a resposta de Canberra seria totalmente diferente”.

O Co-líder da Sea Shepherd, Bob Brown, disse: “Enquanto Tóquio transfere combustível de um navio para outro navio, Canberra está transferindo a autoridade sobre o Santuário de Baleias da Antártida para Tóquio”.

O ex-Ministro do Meio Ambiente, Ian Campbell, declarou: “O petroleiro Sun Laurel está transportando HFOs na região, em violação do direito internacional. Todas as nações de conservação devem exigir que esta atitude que atinge diretamente o planeta Terra tenha um fim verdadeiro. O governo australiano deve levar uma diligência sobre as questões comuns da caça comercial baleeira japonesa em violação da moratória, e que ilegalmente trazem um navio de reabastecimento levando HFOs para a região, em violação da Convenção de Marpol (Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios)”.

O tanque de combustível japonês, Sun Laurel, reabastece o Yushin Maru. Foto: Billy Danger

Localização dos navios: Grupo A - Sun Laurel, Yushin Maru, Shonan Maru 2, SSS Sam Simon. Grupo B - Nishin Maru, Yushin Maru, Yushin Maru 3, SSS Steve Irwin e SSS Bob Barker

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil