Woodside irá esmagar os “cálices do Vaticano” do povo Goolarabooloo?
Atualização da Operação Kimberley Miinimbi pelo Diretor da Sea Shepherd Austrália, Jeff Hansen
Hoje à noite, quinta-feira, 04 de outubro, eu me sentei para assistir a um programa chamado Catalyst no canal australiano ABC TV. O tema do programa foi “Dinossauros de Kimberley”.
Como se precisávamos de mais um motivo para parar Woodside e os seus planos de colocar um dos centros mais importantes do mundo de gás bem no meio do maior berçário do mundo de baleias jubarte. Agora nós descobrimos que o projeto da Woodside vai destruir pegadas de dinossauros que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta.
No extremo norte da Austrália Ocidental, Kimberley é uma região onde a ciência tem muito a aprender, onde a vida selvagem é abundante e diversificada, e a paisagem é selvagem e não poluída. No entanto, o que é realmente incrível para aprender nesta história é que os maiores animais da Terra hoje estão nadando sobre as pegadas dos maiores animais que já caminharam no planeta. Gravada em arenito, encontramos a história dos dinossauro do fundo do tempo, onde na maioria dos casos as pegadas representam, provavelmente, entre alguns dias e um par de semanas, e foram deixadas há 130 milhões de anos, fornecendo um instantâneo surpreendente da vida de milhões de anos atrás.
As descobertas incluem provavelmente uma das maiores pegadas de dinossauros do mundo. O recorde atual para uma pegada Saurópode é de 1,5 metros, e as encontrados em James Price Point são cerca de 1,7 metros de comprimento. O narrador da história continua a dizer “um animal com os pés do tamanho de pneus de caminhão teria 7 ou 8 metros de altura no quadril e pelo menos 35 metros de comprimento. Se você acha que as pegadas dos maiores saurópodes do mundos são impressionantes, então o que acham da evidência sólida de um Stegosaurus australiano? Esta descoberta é de importância global. Sem pegadas como estas, nunca saberíamos que Stegosaurs já existiram aqui.”
Excepcionalmente, as pegadas de dinossauros aqui estão entrelaçadas com músicas indígenas e histórias da criação. O programa tem ideias fantásticas de três pessoas inspiradoras, Dr. Steve Salisbury, que é um paleontólogo da Universidade de Queensland, Louise Middleton, tracker de dinossauro de Broome, e Richard Hunter, chefe sênior de direito e guardião tradicional do povo Goolarabooloo.
Richard Hunter afirma: “Bem, as pegadas são como nossos antepassados, sim. Eles foram os primeiros … a primeira coisa viva neste país. Você sabe, temos essas pegadas… Estamos falando de cultura – uma vez eles destruam isso, bem, então não temos nada.”
Louise Middleton afirma: “Quando eu descobri, percebi de imediato o significado dela, e eu, literalmente, caí de joelhos e chorei, porque eu senti que, se não podemos salvar James Price Point com essas pegadas, então nunca iremos salvar nada. Destruir essas pegadas, é como alguém que vai para o Vaticano e quebra os cálices ou vandaliza o altar – que é o significado e a força dessas pegadas de dinossauros. Eles são os seres da criação, e interromper ou destruir isso, é como cuspir na sua alma.”
Dr. Salisbury afirma: “Não há nenhum outro lugar do mundo onde você pode entrar e passear ao longo destas praias bonitas, e nos depararmos com algumas das pegadas de dinossauros mais importantes em qualquer lugar do planeta. Elas devem ser conservadas em sua totalidade. Há toda uma história científica que estamos apenas começando a entender, que requer o conhecimento de todos os lugares com pegadas, reunir e ligar todos eles para tentar entender o contexto geral de tudo. Quero dizer, você pode fazer ecologia de dinossauro aqui. Todos os 200 km da costa de dinossauros são dignos de proteção como patrimônio mundial.”
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yV5x6UMkuuY&feature=player_embedded[/youtube]
Será que permitiriam que alguém profanasse o Vaticano? Não, claro que não, e também não devemos permitir que a Woodside e os parceiros da joint venture BHP Billiton, Shell, Mitsubishi e Mitsui profanem pegadas de dinossauros que não são encontradas em nenhum outro lugar na Terra, que representam os ancestrais dos povos locais e sua cultura. Se Woodside e os parceiros da joint venture tirarem isso do povo Goolarabooloo, eles os deixaram sem nada.
O centro de gás pode ir para outro lugar, mas o maior berçário do mundo de baleias jubarte e estas pegadas de dinossauros, que não são encontradas em nenhum outro lugar na Terra, e são ligadas à cultura do povo Goolarabooloo, não podem!
Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil