Editorial

O crime de ser holandês

Comentário pelo Capitão Paul Watson

Por que Erwin Vermeulen está preso no Japão nos últimos 44 dias?

A resposta é porque ele é holandês.

Sua prisão foi originalmente feita devido a um alegado empurrão, sem testemunhas, relatado por um homem com um grande interesse em acabar com os Guardiões da Enseada da Sea Shepherd. Não havia um fragmento de evidência, apenas a palavra de um funcionário de uma empresa que mata golfinhos, e por isso Erwin wermeulen está preso por 44 dias. A ele tem sido dito que ele seria liberado, mas somente na condição de que ele concorde em confessar.

É uma escolha entre a liberdade em troca de uma confissão, ou uma prisão contínua e prolongada por dizer a verdade e manter a sua inocência. Este é o tipo de justiça que se espera de uma câmara de estrela medieval, e não de uma nação democrática e respeitada como o Japão.

O promotor japonês da Prefeitura de Wakayama precisa desesperadamente de uma confissão ou uma condenação, a fim de justificar os milhões de dólares gastos em policiamento extra para monitorar os Guardiões da Enseada desde 01 de setembro de 2009.

Quando eu organizei os Guardiões da Enseada, eles receberam instruções específicas e definitivas. Sob nenhuma circunstância as leis japonesas podem ser transgredidas, e sob nenhuma circunstância pode qualquer Guardião da Enseada tocar fisicamente um assassino de golfinhos. A presença dos Guardiões da Enseada só pode ser mantida dentro dos limites da lei japonesa. O promotor ainda tem uma carta minha para esse efeito.

Para garantir que essa política fosse implementada, nomeei Scott West, um ex-agente da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, para liderar o projeto Guardiões da Enseada. Scott deixou perfeitamente claro para a polícia que os Guardiões iriam cooperar com eles em todos os momentos, e não violar as leis japonesas.

A polícia, no entanto, precisava que um crime fosse cometido para justificar as despesas.

Um crime foi cometido, e que foi registrado em vídeo. Foi a agressão física de duas Guardiãs da Enseada por um pescador japonês. A polícia interrogou o acusado, e simplesmente lhe deu um aviso para não fazer isso novamente.

E agora, baseados na palavra de uma pessoa, sem qualquer prova ou testemunhas, Erwin está sendo mantido na cadeia desde sua prisão, em 16 de dezembro de 2011.

Ele não teve o seu direito de visitação ou contato de qualquer pessoa, além de seu advogado, e foi lhe foi negado contato por e-mail com sua família e amigos. A única coisa que lhe tem sido dada para comer nesse tempo todo é arroz branco.

Para o Ministro das Relações Exteriores holandês, Uri Rosenthal, dizer que isto é um tratamento justo e que Erwin receberá um julgamento justo é delirante. Esta é a política.

Os navios da Sea Shepherd levam a bandeira holandesa, e os navios da Sea Shepherd estão impedindo o Japão de matar baleias, e por isso esta é uma retaliação japonesa.

Por que, dentre as centenas de Guardiões da Enseada que estiveram em Taiji, e que são do Canadá, Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e vários países europeus, prenderam um cidadão holandês?

Erwin não cometeu um crime. Mas suponhamos que realmente ele empurrou este homem. Se tal empurrão ocorreu, o que não aconteceu, você consegue imaginar uma pessoa na Holanda sendo presa por 44 dias, e sob pena de dois anos de prisão, por um empurrão?

E é interessante que em nenhum momento este homem disse que ele foi atingido com um tapa, chute, soco ou cotovelada. Ele disse que foi um empurrão. Quarenta e quatro dias por um empurrão é extremo em qualquer país, especialmente em um país onde as pessoas se empurram e se atropelam rotineiramente apenas para subir a bordo de um trem.

Nenhuma lesão foi sustentada, nem um machucado, nem um risco, nem um cabelo fora do lugar, apenas a acusação de um homem contratado para matar golfinhos, irritado com as pessoas que querem impedir que os golfinhos sejam violentamente agredidos com facas, lanças, ganchos e clubes.

O Ministro das Relações Exteriores holandês está de olho nas boas relações comerciais com o Japão, e esta é a sua prioridade – e não o tratamento justo de um cidadão holandês, preso por motivos políticos pela mais frágil das provas, na verdade, baseado em nenhuma evidência.

Onde Japão quer chegar com esta farsa política?

Os promotores afirmaram que Erwin poderia ser preso por dois anos por este empurrão.

Além disso, eles estão dizendo que, se Erwin ainda está na cadeia, quando seu visto expirar, então ele vai enfrentar acusações adicionais por permanecer no país sem um visto válido.

Isto está indo agora para o reino do absurdo, e ainda não houve um pio do Ministério das Relações Exteriores holandês afirmando que isto é um tanto incomum, para dizer o mínimo.

O Japão está se arriscando a ser ridicularizado internacionalmente se continuar com este tribunal canguru contra Erwin. E a Holanda está arriscando comprometer sua longa tradição de respeito pelos direitos humanos se sacrificar um dos seus cidadãos no altar do comércio internacional.

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil