Editorial

Impressões sobre a Represa de Bonneville

Voluntários da Sea Shepherd visitam o local do abate planejado de leões-marinhos

Pelo voluntário veterano da Sea Shepherd, Erwin Vermeulen

Na semana passada voluntários da Sea Shepherd Conservation Society visitaram a Represa de Bonneville, entre Oregon e Washington, nos Estados Unidos, pela primeira vez, depois que o Serviço Nacional de Pesca Marinha da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, em inglês) anunciou em 15 de março a intenção irracional de matar leões-marinhos da Califórnia, numa tentativa de proteger salmões em extinção.

O centro de visitantes da represa conta a triste história do declínio do salmão:

“Logo depois que os primeiros colonos brancos estabeleceram suas moradias ao longo do desfiladeiro do Rio Columbia, a salga e a cura do salmão se tornaram um negócio lucrativo.

A indústria modernizou a pesca de arrasto por canoas dos índios por uma versão puxada por cavalos, barcos que podiam carregar milhares de libras de peixes foram desenvolvidos, redes de emalhe de deriva e estacionárias eram colocadas na rota de migração para prender os peixes em seus fios, e pescadores capturavam salmão em vários estilos de armadilhas. Porém o mais engenhoso dispositivo de economia de trabalho criado pela pesca comercial foi a roda de peixe.

Ao menos 76 rodas de peixe estavam operando ao longo do Rio Columbia na virada do século. O aparato funcionava do amanhecer ao anoitecer todos os dias da primavera ao outono nas corridas de salmão.

Fábricas de conservas empacotavam 1000 latas de uma libra de salmão diariamente, e nos anos 1880, com o advento de vagões de trem refrigerados, salmão fresco congelado podia ser enviado para o leste através da recém concluída linha transcontinental da ferrovia Northern Pacific”.

De acordo com a informação do centro de visitantes, 200 anos atrás 12 milhões de salmões (a cada ano) passavam pela área, que é agora a Represa de Bonneville; hoje passam menos de 1 milhão.

O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos resume desta forma:

“Águas cristalinas da América uma vez sustentaram uma pesca abundante e robusta. Tesouros nacionais de nossa nação aparentavam ser abundantes e sem fim. Os Estados Unidos alimentaram a revolução industrial com recursos de água, madeira, minerais e animais selvagens. E aí os peixes começaram a desaparecer…”

Não foi apenas a pesca que dizimou a população de salmão. Alterações no habitat, irrigação, lodo, pesticidas, fertilizantes, produtos químicos, esgoto, criação de gado, espécies não-nativas, criação de peixes, tudo isso teve seu impacto; um impacto totalmente humano.

Os leões-marinhos não são responsáveis pelo declínio do salmão. Em 1805, Lewis e Clark encontraram focas e possivelmente leões-marinhos perto das cachoeiras Celilo no Rio Columbia. Onde, naquele tempo, os predadores usavam o gargalo das cachoeiras para capturar sua quota de salmão, agora eles usam o gargalo das escadas de peixe da represa para fazer o mesmo. Um equilíbrio que nós, humanos, destruímos.

Matar leões-marinhos para proteger o salmão é uma injustiça com os leões-marinhos. Os dados fornecidos por cientistas mostram que o impacto dos leões-marinhos nos salmões é pequeno comparado aos da pesca e da própria represa.

Na represa havia apenas poucas trutas Steelhead na escada de peixe durante nossa visita. A corrida da primavera do salmão Chinook deve começar dentro de poucas semanas. Nós vimos um leão-marinho da Califórnia e um leão-marinho Steller na represa. Um funcionário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estava pondo em prática métodos de ameaça com balas de borracha e fogos de artifício. De acordo com o funcionário, havia apenas três ou quatro leões-marinhos da Califórnia na represa naquele momento, e poucos leões-marinhos Steller que, estando legalmente protegidos, não estão incluídos no abate pretendido. Ele espera que o número de leões-marinhos aumente com o início da corrida do salmão. Uma visão preocupante foi a das armadilhas em seus lugares. Com essas armadilhas os leões-marinhos serão capturados e essa captura pode levar à eutanásia.

Isso é inaceitável!

Como o Diretor de Investigações e Inteligência da Sea Shepherd, Scott West, disse na semana passada: “Nós temos experiência em documentar abates sem sentido. Talvez tenhamos de instituir uma campanha ‘Guardião da Represa’ na Represa Bonneville. Quantos voluntários estariam dispostos a vir para a represa e ajudar? Fique atento.”

Clique aqui para assinar a compartilhar a petição: http://www.change.org/petitions/director-office-of-protected-resources-noaa-don-t-kill-the-bonneville-sea-lions

Traduzido por Drica de Castro, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil