Editorial

Baleeiros coreanos

Baleias Minke mãe e filhote transportadas a bordo do Nisshin Maru. Foto: Alfândegas australianas

A Coréia do Sul é um país contraditório quando se trata da matança de baleias. Por anos a Coréia criticou o Japão por usar a ciência como uma desculpa para a caça comercial de baleias.

Esta semana, no entanto, na 64ª Reunião da Comissão Internacional da Baleia (CIB), no Panamá, a Coréia do Sul anunciou que quer começar um projeto de pesquisa científica, com o raciocínio de que se o Japão pode continuar jogando areia nos olhos do mundo, eles podem fazer isso também. A diferença é que a Coréia está dizendo abertamente que a investigação científica baleeira é uma desculpa falsa para a caça comercial, mas se a desculpa funciona para o Japão, que também irá funcionar para a Coréia.

A Coréia do Sul tem sua própria maneira dissimulada de matar baleias. Durante anos eles têm permitido pescadores coreanos “pescarem” baleias, capturadas “acidentalmente” em suas redes de pesca. Como resultado, o número de baleias capturadas “acidentalmente” em redes de pesca ultrapassou o número de baleias capturadas em redes de pesca em todo o resto do mundo.

Os pescadores sul-coreanos estão dizendo que eles precisam reduzir o número de baleias porque as baleias Minke estão comendo todo o “seu” peixe. Baleias minke alimentam-se principalmente de krill e peixes muito pequenos, e elas são uma parte do complexo ecossistema que existe em harmonia com outras espécies. Pescadores humanos, por outro lado, com equipamento pesado, tecnologia e demandas excessivas estão esgotando as espécies de peixes, e em todos os lugares os pescadores estão usando outras espécies como bodes expiatórios para a sua própria ganância.

O que a Sea Shepherd pode fazer?

Neste ponto, a Coréia do Sul simplesmente notificou a sua intenção de realizar o chamado “programa de pesquisa científica”. Eles não vão matar nenhuma baleia diretamente por pelo menos mais um ano, e muito provavelmente não farão isso por mais dois anos. Isso nos dá tempo suficiente para preparar uma estratégia para enfrentá-los.

Isso não vai ser tão fácil. Considerando que os baleeiros japoneses estão alvejando baleias no Santuário de Baleias do Oceano Antártico, os coreanos pretendem atingir suas vítimas em águas coreanas. Este não é um território desconhecido para a Sea Shepherd. Enfrentamos noruegueses, islandeses, canadenses, americanos, russos e baleeiros das ilhas Faroé, em suas próprias águas territoriais. Isso tende a ser mais controverso e mais conflituoso, mas tem sido eficaz.

Nosso objetivo imediato, antes de passar para o Mar do Japão, é colocar um fim às atividades ilegais da frota baleeira japonesa no Santuário de Baleias do Oceano Antártico. Entretanto, a pressão internacional e local pode forçar a Coréia do Sul a reconsiderar sua adesão ao clube de assassinos de baleia.

Só nos resta esperar.

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil