Voluntários do Instituto Sea Shepherd Brasil recolheram neste último domingo, dia 18 de Janeiro, cerca de 40 kg de redes de espera “fantasma” na divisa entre as praias do Bessa e Intermares na grande João Pessoa. Esse tipo de material, além de ser considerado petrecho de pesca não permitido pela legislação, não tem função alguma a não ser causar danos à vida marinha. É que as chamadas redes fantasmas continuam a capturar as mais variadas espécies marinhas mesmo quando não fixas, levadas pelas correntezas destroem a fauna e também a flora marinha por onde passam. Aprisionam indistintamente vários animais como tartarugas, golfinhos e tubarões.
Redes de espera e demais petrechos utilizados na pesca ilegal estão entre as maiores causas de mortandade de tartarugas marinhas. Só no ano de 2014, foram registradas mais de 120 ocorrências de tartarugas marinhas mortas no litoral da Paraíba, conforme dados da ong Guajiru.
Em 2009, segundo reportagem da BBC, um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) afirmou que os equipamentos de pesca abandonados ou perdidos constituem cerca de 10% (640 mil toneladas) dos resíduos marinhos.
O transporte comercial marítimo é o principal responsável pelo abandono, perda ou descarte destes materiais em mar aberto. Nas áreas costeiras, os principais responsáveis estão localizados em terra.
O estudo feito pelas duas organizações da ONU afirma que o problema está piorando devido ao aumento na escala de operações de pesca no mundo e devido à introdução de equipamentos que alta durabilidade, fabricados com materiais sintéticos.
O relatório afirmou que entre os maiores impactos deste problema estão a captura contínua de peixes, conhecida como “pesca fantasma”, e outros animais como tartarugas, aves e mamíferos marinhos, que ficam presos e morrem nas redes.
Além disso, estes equipamentos também podem causar alterações do ambiente e do solo marinho e o aumento dos riscos para navegação, com acidentes ou danos a embarcações.
“A quantidade de equipamento de pesca que vai para o ambiente marinho vai continuar se acumulando e os impactos nos ecossistemas marinhos vão piorar se a comunidade internacional não tomar medidas eficazes para resolver o problema (…). As estratégias para enfrentar o problema devem abordar várias frentes, incluindo prevenção, diminuição e medidas curativas”, afirmou Ichiro Nomura, subdiretor geral de Pesca e Agricultura da Fao. (Fonte: BBC Brasil http://bbc.in/1womDLd)
Durante a operação foram retirados vários peixes mortos (alguns em estado de decomposição avançada), entre eles, dois filhotes de cação-lixa (Ginglymostoma cirratum). Uma perda ecossistêmica considerável tendo em vista a importância dos tubarões para a manutenção do equilíbrio da vida marinha.
A retirada e consequente inutilização destes e de outros artefatos de pesca não permitidos fazem parte da operação “Redes em Chamas”, que teve início em junho de 2014 no estado do Rio Grande do Sul. Todos os GEE’s oriundos da destruição do material apreendido serão compensados pelo Instituto Sea Shepherd Brasil com a plantação de mudas de árvore nativas do litoral paraibano.