Na esteira de sua impressionante absolvição no dia 22 de fevereiro, no Tribunal da Prefeitura de Wakayama, perto de Taiji, o holandês voluntário da Sea Shepherd, o Guardião da Enseada Erwin Vermeulen, acompanhado pelo Diretor de Inteligência e Investigações da Sea Shepherd e líder dos Guardiões da Enseada, Scott West, realizou uma conferência de imprensa no dia 24 no Clube dos Correspondentes Estrangeiros, em Tóquio, no Japão. Os dois foram acompanhados pelo Sr. Takayama Iwao, o principal advogado da bem sucedida defesa de Vermeulen.
Erwin foi preso em 16 de dezembro, após ter sido falsamente acusado de empurrar um treinador local de golfinhos. Pela alegação deste crime ele foi detido, surpreendentemente, por 63 dias, sob condições muito pobres. Durante a primeira metade de seu encarceramento, lhe foram negados alimentação adequada, roupas quentes, contato com o mundo exterior, inclusive material de leitura, e até mesmo banho apropriado. Nas últimas semanas, vigílias à luz de velas foram realizadas em cidades-chave ao redor do mundo para chamar a atenção para a situação de Erwin e para a situação dos golfinhos, abatidos às centenas a cada ano em Taiji. Ele foi finalmente solto em 16 de fevereiro, aguardando seu veredito, e foi absolvido dia 22 de fevereiro.
A sala estava lotada pela imprensa nacional e internacional. Scott iniciou a conferência apresentando todos os participantes do painel de entrevistas. Ele então disse à imprensa que todos estavam lá reunidos porque “crimes têm sido cometidos”.
Disse: “A matança de golfinhos é considerada um crime no mundo moderno e civilizado. No entanto, a matança de golfinhos e baleias é permitida pela atual lei japonesa. O que isso diz sobre o Japão? É uma mancha feia no nome do Japão. Um dia, o Japão vai se juntar ao mundo moderno e civilizado e vai proibir a matança de baleias e golfinhos”.
Scott passou a chamar atenção para o crime cometido por Kitigawa, o homem que cometeu perjúrio no banco de testemunhas, acusando falsamente Erwin de empurrá-lo simplesmente porque Erwin testemunhou que ele não estava fazendo seu trabalho, para a incompetência da Polícia da Prefeitura de Wakayama, que cometeu sérios erros em sua investigação, e para o Gabinete da Promotoria da Prefeitura, que foi inepto no cumprimento de suas funções ou politicamente motivado em sua perseguição feroz a Erwin.
Scott também colocou em questão os princípios falhos sob os quais todo o sistema judicial japonês opera. Ele disse: “Termos como ‘presunção de inocência’, ‘dúvida razoável’, e ‘direito de permanecer em silêncio’ são apenas palavras no papel no Japão. Eu passei a maior parte da minha vida profissional investigando crimes e construindo bons casos sólidos. Casos que tiveram de suportar ao duro escrutínio por um sistema dedicado a proteger os direitos humanos básicos de pessoas acusadas. A prisão, detenção e investigação de Erwin não foram aberrações. Sua experiência é a norma no Japão. Erwin foi perseguido por permanecer em silêncio. Erwin foi considerado culpado desde o início. Erwin teve que provar sua inocência ao invés de o promotor ter de provar a culpa”.
Porém Scott foi também generoso em oferecer louvor onde o louvor era devido. Ele elogiou o advogado de defesa e sua equipe pela defesa excepcional. Ele também elogiou o corajoso juiz que presidiu o caso.
“Estamos aqui hoje por causa da integridade de um homem. Um homem que teve a coragem de desafiar as expectativas e encarar as consequências de fazer a coisa certa e justa. O juiz do caso de Erwin é este homem. Eu não tenho dúvida de que o juiz será condenado pelo sistema daqui. Eu sei que meu louvor não servirá para ajudá-lo e isto é lamentável. Minha fala sobre sua honra hoje não é porque eu sou Sea Shepherd. Minha fala sobre seu louvor hoje vem do meu conhecimento profissional no campo da justiça criminal”.
Scott disse também: “E nós também estamos aqui hoje por causa da bravura e coragem de Erwin Vermeulen. Homens mais fracos teriam sucumbido. Homens mais fracos sucumbiram”.
Antes de passar a palavra a Erwin, Scott completou: “A prisão e a intimidação saíram pela culatra nas autoridades de Wakayama. Erwin pagou [um] preço alto por toda esta atenção, mas foi significantemente útil para a causa”.
Tomando sua vez ao microfone, Erwin contou novamente seu calvário em detalhes, enquanto os flashes disparavam diante dele. Mesmo após essa experiência ele não perdeu de vista a razão pela qual foi a Taiji, em primeiro lugar. Disse: “Minha prisão [e] detenção de dois meses e o julgamento geraram uma atenção mundial para o bem dos golfinhos em Taiji e para a Sea Shepherd em geral. Ele completou: “Esta exposição foi financiada pelos contribuintes japoneses”.
Após a sessão de perguntas, a conferência foi encerrada. Erwin está retornando para Amsterdã para um duramente merecido descanso com sua família. Ele deve receber boas vindas de herói no aeroporto, onde a imprensa e apoiadores da Sea Shepherd Holanda irão cumprimentá-lo amanhã.
Traduzido por Drica de Castro, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil