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Memorial para uma corajosa e inspiradora anciã Makah

Alberta Nora Thompson
3 de dezembro de 1923 – 11 de abril de 2012

Alberta Nora Thompson

Em 1995, a Sea Shepherd Conservation Society tinha um dilema. Nossa lealdade às baleias estava para ser testada quando tomamos uma posição em defesa da baleia cinza da Califórnia, e nos opusemos à proposta do Conselho Tribal Makah do Estado de Washington de matar cinco baleias a cada ano para reavivar a tradicional cultura baleeira Makah. Os Makah não haviam matado uma baleia por quase um século, e não cumpriram as regras da Comissão Internacional da Baleia, que controla a caça a baleias aborígene, especificamente o critério de necessidade nutricional e tradição ininterrupta.

Nós nos recusamos a diferenciá-los e dar passe livre para os Makah matarem baleias. Sentimos que seríamos racistas ao fazer vista grossa aos Makah, se lutamos contra a caça às baleias por parte dos japoneses, faroeses, islandeses e noruegueses. Nós também sabíamos que tomar uma posição de não diferenciá-los nos faria ser acusados de racistas, por nos atrevermos a confrontar uma tribo norte-americana pela caça às baleias.

Foi uma decisão dura, porém, como uma organização dedicada à proteção e conservação das baleias, não tínhamos escolha. Nós tínhamos que defender as baleias. Esta tarefa se tornou mais fácil para nós quando ganhamos o apoio de alguns dos Anciãos dos Makah, que viram esse movimento de reavivar a caça às baleias como algo dissimulado. O mais franco e corajoso desses Anciãos era Alberta “Binki” Thompson.

Eu me lembro dela me dizendo que aquilo não era sobre a cultura Makah, era simplesmente sobre um pequeno grupo de jovens querendo matar baleias, e que aquilo foi instigado pela indústria baleeira. O plano inicial era montar uma operação comercial para prover carne de baleia ao Japão. Os planos comerciais foram rapidamente derrubados, mas o Conselho Tribal Makah decidiu seguir em frente com o reavivamento da caça a baleias. O Governo Federal forneceu dinheiro para treinar e apoiar os Makah, incluindo representantes de financiamento da Comissão Internacional da Baleia para apresentar o caso para a caça. Também estavam participando das reuniões da Comissão em 1997, em Mônaco, os Anciãos Makah Jesse Ides, Dottie Chamblin e Alberta Thompson. Eles estavam lá para defender as baleias, não a caça.

Quando alguns dos tripulantes da Sea Shepherd foram presos, Alberta protestou ferozmente em nome deles.

Binki, como nós carinhosamente chamávamos Alberta, foi difamada e desprezada por sua própria gente, por se opor aos baleeiros, mas ela manteve sua posição. Ela foi o alicerce sobre o qual estavam todos os esforços dos conservacionistas e ativistas dos direitos animais, enquanto patrulhávamos as águas da Baía de Neah por meses a fio, e ela permaneceu sólida. Ela nunca hesitou em seu apoio às baleias e àqueles que defendem as baleias. “Sim, meu povo um dia matou baleias e sim, a baleia é importantes para nós”, disse-me ela uma vez. “Mas agora é hora de retribuir às baleias pelo que elas nos deram no passado, agora é hora de as protegermos, não de matá-las. As baleias foram uma vez a salvação dos Makah. Nós agora precisamos ser a salvação das baleias”.

Por fim, uma baleia morreu, uma bebê baleia cinza que morreu pelo rifle calibre 50 de Wayne Johnson. O mesmo homem matou ilegalmente outra baleia uma década mais tarde, crime pelo qual foi preso e condenado. O resultado final da corajosa postura de Alberta Thompson foi que a tradição de matar baleias não foi reavivada, e hoje as baleias não têm medo de se aproximarem da comunidade Makah da Baía de Neah.

Binki salvou as baleias!

Todos nós, que tivemos o prazer e o privilégio de conhecê-la e trabalhar com ela, a amávamos profundamente, e assim, ficamos tristes de saber que ela faleceu dia 11 de abril de 2012, aos 88 anos.

Foi realizado um funeral, segunda-feira, dia 16 de abril, na Igreja Assembléia de Deus na Baía de Neah, seguido pelo enterro no Cemitério da Baía de Neah.

A Baía de Neah não é o lugar mais fácil do mundo de se chegar, então para aqueles que quiserem postar uma mensagem de condolência, por favor, assinem o livro de visitas. A família de Alberta precisa saber o quanto Alberta fez pelas baleias e que ela é reconhecida internacionalmente por sua corajosa contribuição ao bem-sucedido esforço em impedir o reavivamento da caça às baleias no continental Estados Unidos.

Por favor, assine o livro de visitas online da família: http://www.drennanford.com/fh/obituaries/obituary.cfm?o_id=1452104&fh_id=13080

Traduzido por Drica de Castro, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil