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Governo japonês apoia matança criminosa de golfinhos em Taiji .


Surfistas se unem em protesto contra assassinatos sistemáticos

“A cena é chocante. Um bando de sessenta golfinhos listrados é encurralado em uma pequena enseada por um bote com quatro homens. Utilizando facas e arpões, os pescadores começam a matar os animais de maneira dolorosa e lenta. Os golfinhos, que quando acuados jamais se afastam do grupo, não tentam fugir. Nem sequer atacam o mergulhador que vai jogando os animais feridos para dentro do barco. O mar fica tingido de sangue – com uma tonalidade de vermelho que lembra o sangue humano”. Este parágrafo faz parte de um texto publicado pela Revista Veja em 2003, quando pela primeira vez, o mundo viu escancarado nas manchetes dos jornais o que pescadores japoneses faziam em Taiji.

Cerca de 25 mil golfinhos são assasinados indiscriminadamente entre os meses de outubro e dezembro em nome da alimentação humana e porque há 400 anos isso é feito e porque não, considerado normal pela população. O governo japonês nunca se pronunciou à respeito das denúncias. No entanto, baixou uma lei que é proibido filmar e documentar de qualquer modo a matança destes mamíferos. O objetivo do governo é coibir a divulgação, jamais assumir o absurdo. O apoio à matança é claro. Na ocasião, companheiros de luta da Sea Shepherd Conservation Society foram presos. Eles estavam sendo inconvenientes. De lá para cá, a luta ficou mais firme e os japoneses expostos à critica mundial, mas a morte ainda é sistemática.

Mais recentemente, em outubro passado, o Sea Shepherd e 22 amigos surfistas dos grupos Surfers for Cetaceans, Save the Waves, Minds in the Water, and The Whaleman Foundation protestaram em uma baía onde milhares de golfinhos já foram mortos. Com um belo círculo dentro da água, rezaram e pediram “pelo amor de Deus” que aquilo parasse. É claro que polícia não se conteve e deu uma passada por lá para “colocar ordem na baderna”. A pergunta que fica no ar é: por quê?

Em um mundo onde se fala em sustentabilidade e manutenção do Planeta, a guerra entre comércio e meio ambiente é cada vez mais acirrada. Para ganhar a batalha, o Sea Shepherd está atualmente em campanha educacional no Japão. Voluntários informam para um número cada vez maior de pais, alunos e instituições educacionais sobre o consumo de carne de mamíferos aquáticos na alimentação escolar, um dos pontos de escoamento da carne conseguida por meio de abate cruel. Há um alto grau de metais pesados nestes animais, logo, é um “tiro no pé” para saúde humana.

Além de golfinho, os japoneses são também os maiores caçadores de baleia. Por mais que a matança seja defendida pela máxima da alimentação humana, não se pode aceitar a insistência nipônica em dizimar espécies ameaçadas de extinção.
O Japão tem direito a caçar pouco mais de 400 baleias minke por ano, teoricamente para fins científicos, mas que na verdade abastecem a indústria alimentícia do país. Essa cota representa apenas 2% do que os japoneses costumavam tirar do mar na década de 60. Com a proibição da caça comercial em 1986, o Japão e outros países passaram a caçar mais golfinhos. A Comissão Baleeira Internacional, que regula a atividade, não pode controlar a matança de golfinhos porque eles são caçados na costa marítima dos países, e não em águas internacionais, como as baleias. As Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico, e as Ilhas Faroe, um território dinamarquês no Atlântico Norte, caçam sistematicamente golfinhos, anualmente como ritual de passagem para a vida adulta entre os rapazes. É uma banho de sangue, uma estupidez humana sem tamanho As 67 espécies de golfinhos (25 delas no Brasil) se reproduzem muito lentamente. Em média, um filhote a cada três anos por fêmea.

Mamíferos como nós, os golfinhos são dotados de uma espécie de fala. Emitem sons pelo orifício respiratório, situado no alto da cabeça, que servem para identificar cardumes de peixes e para comunicação com outros golfinhos. São capazes de se reconhecer em espelhos e têm até uma cultura: pesquisadores descobriram que os filhotes aprendem com as mães técnicas de caça que outros indivíduos da mesma espécie não conhecem. Seres inteligentes, porém indefesos contra arpões e armas de toda sorte.

Estamos aqui para denunciar, conscientizar e agir. Filie-se a nós e dê a sua contribuição com o seu tempo, com seu talento, com a sua participação.

Por Cláudia Palaci
Jornalista voluntária da ONG Sea Shepherd Brasil
com informações da Revista Veja