Relatório de Rosie Kunneke, líder da campanha Guardiões da Enseada
No dia 9 de novembro de 2011, eu estava na base de refúgio dos golfinhos monitorando “Jiyu”, o golfinho deprimido e neurótico que os Guardiões da Enseada têm acompanhado em cativeiro. Estávamos preocupados com a preparação de uma chamada à ação para envolver as pessoas para tentar ajudar este golfinho em específico.
No final da tarde, um dos assassinos de golfinhos chegou, vestido com uma roupa de mergulho que só poderia significar que o plano era matar este golfinho. Depois de perceber que eu estava sentada no cais, o assassino de golfinhos fez um telefonema e saiu. Cerca de meia hora mais tarde, depois de todos os treinadores irem embora, eu vi dois homens a pé, vindo em minha direção, e pararam atrás de mim. Eu os cumprimentei, mas eles me ignoraram.
Ao ver três pescadores pescando na parte inferior do cais, eles foram embora. Algo naquele comportamento agressivo me fez sentir mal. Cerca de dez minutos mais tarde, eu decidi deixar o local, vendo que estava ficando escuro. Desde que eu não tenho permissão para estacionar na área de estacionamento do hotel, eu costumo parar na estrada, a alguma distância. Quando eu virei a esquina do hotel, a caminho do meu carro, notei que os mesmos dois indivíduos estavam em um veículo SUV preto. Quando me viram, os dois vieram correndo em minha direção. Virei-me para eles, e eles pararam. Eles estavam bloqueando minha passagem de ambos os lados. Perguntei-lhes qual era o problema, mas eles só disseram algo para o outro em japonês, e me ignoraram. Eu levantei o meu tripé da câmera para deixá-los cientes de que ia me defender. Eu também disse que estava telefonando para a polícia. Tentei novamente andar mais e eles continuaram se aproximando, de forma agressiva e bloqueando meu caminho em direção ao carro.
Nesta hora, decidi voltar e virar a esquina para a entrada do hotel. Eu vi um deles pegar o telefone e começar a digitar um número. Ele também estava procurando algo no chão, eu achei que para talvez jogar em mim. Entrei na área de recepção do hotel e pedi que a pessoa na recepção para por favor telefonar para a polícia, e informar que dois homens apresentavam sinais de agressão em relação a mim. Dois policiais da prefeitura de Wakayama apareceram em cerca de cinco minutos.
Levei-os até a esquina para mostrar-lhes onde tudo aconteceu, mas até então, os dois homens desapareceram em seu veículo. Foi neste momento que eu observei as duas meninas do Save Japan Dolphins caminhar até a estrada. Elas viram na minha mensagem no Facebook para elas que eu estava planejando ficar no resort até o escurecer, e decidiram vir e verificar onde estava. Poucos minutos depois, a polícia de segurança uniformizada também chegou. Esses policiais sabiam falar inglês e me questionaram sobre o incidente. Eles pareciam genuinamente preocupados com o que tinha acontecido, e pediram que eu fosse para a delegacia para que eles pudessem averiguar detalhes dos dois homens envolvidos no incidente.
O oficial de polícia instruiu um dos policiais uniformizados para me acompanhar em meu veículo. No caminho até lá, o policial que me acompanhava pediu uma descrição detalhada das roupas, cabelo, características faciais dos dois homens, e do veículo. Uma vez na delegacia, fui levada para uma sala pequena e os três policiais de segurança uniformizados me questionaram sobre o que aconteceu. Disseram que devido a um programa na televisão japonesa, havia muita atenção sobre a questão de Taiji, incluindo os nacionalistas e os yakuza.
Os policiais disseram que se tivessem que adivinhar quanto à intenção destes homens, seria que eles estavam planejando me seqüestrar. Eles avisaram que esta área não é tão segura como nós pensamos e que alguns destes grupos são capazes de assassinato. Esses policiais estavam preocupados com nossa segurança, e nos alertaram para não ficarmos sozinhos quando ficar escuro lá fora. Depois de registrar os detalhes do incidente, eles também deram o mesmo aviso para as meninas do Save Japan Dolphins, que esperavam por mim na área de recepção da delegacia.
Embora este incidente tenha sido uma experiência assustadora e incomum até mesmo para Taiji, a campanha Guardiões da Enseada vai continuar, pois estamos fazendo a diferença no número de vidas dos golfinhos salvas e é por isso que a Sea Shepherd está aqui em primeiro lugar.
Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil