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Dragagem do canal do porto de Santos (SP) causa impactos à vida marinha da região

Por Alan Reina, voluntário do Núcleo Estadual de São Paulo do Instituto Sea Shepherd Brasil

Dragas trabalhando à beira dos estuários, acabando não só com a vida dos animais bêntonicos, como também daqueles que habitam e se reproduzem na área estuarina.

Foto: Alan Reina

Foto: Alan Reina

Trabalhos feitos por biólogos dizem que há contaminação de metais pesados na água do canal. Isso ocorre porque os metais depositados no fundo do mar estão sendo remexidos pelas dragas. A deposição desse sedimento, que está sendo retirado do canal, tem um lugar certo para ser realizada, mas como as dragas trabalham com a capacidade máxima de carga, vão deixando vazar esse substrato contaminado por todo o seu percurso, até o ponto determinado “lixo” em alto mar.

A dragagem também está causando alguns fenômenos nada normais, como:

–  Ondas grandes, onde não havia ondas, como na praia do Góes.

Foto: Alan Reina

Foto: Alan Reina

–  Um píer foi engolido pelo acúmulo de substrato nessa mesma praia. Detalhe que esse píer é utilizado para a circulação dos moradores, que o utilizam para trabalhar, ir à escola, ao médico, etc. Conversando com um pescador local, tomei uma “bronca”, pois ele afirmou que eu não era o primeiro a ir lá, fazer um monte de perguntas, ir embora e publicar tudo que ele falou, fato que os prejudica, pois além do impacto da dragagem e expansão da área portuária, a prefeitura os ameaça: se continuarem falando, a prefeitura vai parar de auxiliá-los.

Foto: Alan Reina

Foto: Alan Reina

–  As ressacas alagam a ponta da praia, como mostrado nas fotos. O resultado são carros alagados e pessoas correndo na rua para fugir das ondas.

Foto: Alan Reina

Foto: Alan Reina

Foto: Alan Reina

Foto: Alan Reina

– A areia tem se acumulado diariamente na praia de Santos. Tratores fazem montes e, pela manhã, caminhões passam retirando essa areia. “A praia de Santos agora tem dunas”.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP) está fazendo a derrocagem de algumas pedras gigantescas na área de estuário, próxima a Piaçaguera. Derrocagem nada mais é do que a explosão dessas pedras, utilizando toneladas de dinamite. Será que isso causa algum impacto?

Eles alegam que fazem “mini-explosões”, primeiro para espantar todo tipo de vida marinha que está próximo, para depois sim fazerem as explosões reais. E ovos de peixes, aves nos ninhos, como ficam? E as dragas, que durante o trabalho de escavação do fundo, além de todos esses pontos citados, não espanta animais curiosos que se aproximam. Segundo relato de um pescador local, foi encontrado um Mero (peixe ameaçado em extinção) cortado ao meio, boiando, ainda vivo. Mas não conseguia nadar, pois teve sua cauda amputada pela draga.

Para Carlos Ferreira, Coordenador do Núcleo Estadual de São Paulo e do Sudeste do Instituto Sea Shepherd Brasil, “é um absurdo a Prefeitura de Santos tratar o oceano como vem fazendo, ano após ano. Agora começou a ter de pagar a conta por isto, areia se acumulando e formando dunas, ondas em locais onde não havia ondas, e outros efeitos. O pior que pode haver em toda a história narrada pelo Alan é a mesma prefeitura coagir membros da comunidade caiçara local, que tem um histórico de ocupação secular na região. Novamente, os oceanos são vistos como a galinha dos ovos de ouro!”