Produtores de salmão no Chile estão expulsando pinguins ameaçados devido ao roubo de cascalho da ilhota Conejos
Comentário por Marco Garcia León, Sea Shepherd Chile
Poucos dias atrás, recebemos um relatório sobre uma fazenda de salmão – Salmonera Mainstream – que vem extraindo cascalho da ilhota Conejos. Este ilhéu costumava ser a casa de 600 pingüins Humboldt e Magalhães, ambos em perigo de extinção, até esta empresa começar a explorar seu habitat e os animais tiveram então que deixar seu lar. Testemunhas viram dois trabalhadores da Mainstream Salmonera enchendo sacos com cascalho. Depois de algum tempo, eles retornaram ao local e encontraram 30 sacos enterrados, esperando para serem enviados posteriormente para a fazenda de salmão.
Antes de recebermos esta informação, a Mainstream Salmonera foi reportada às autoridades, e estas se recusaram a entrar em ação. Então, expusemos a situação e mostramos as fotografias tiradas pelas testemunhas. Isto resultou em uma forte crítica contra a Mainstream Salmonera e, claro, contra as autoridades, que não estavam fazendo nada para ajudar os animais afetados por esta ação.
Após pressão da opinião pública resultante das fotos, a empresa admitiu ter roubado o cascalho do habitat desses pinguins em extinção e foi multada pela autoridade portuária. Sim, exatamente isso, multada. 600 pinguins em extinção tiveram que deixar seu lar por causa da irresponsabilidade e da ganância de uma fazenda de salmão, e é muito improvável que os animais retornem a este lugar. Seus ninhos foram construídos a poucos metros de onde os trabalhadores extraíram o cascalho. Tornando-se assustados e inseguros e tendo suas casas destruídas, os pinguins fugiram, e tudo que a fazenda de salmão recebeu foi uma multa – não houve sanção, o que poderia passar uma mensagem forte aos criminosos, ou medidas destinadas a recuperar ou compensar a destruição que causaram.
O que a Mainstream Salmonera fez foi uma pilhagem ambiental. Produtores de salmão no Chile sabem muito bem que eles podem fazer o que quiserem e, nas piores circunstâncias, apenas pagarem uma multa, que é exatamente o que aconteceu aqui. Empresas como esta usarão sempre o argumento da “criação de postos de trabalho” para justificar seus abusos, apesar dos ecossistemas e animais afetados ou mortos. A lei não é suficiente para detê-los e autoridades como Sernapesca (Serviço Nacional de Pesca), que poderia realmente fazer algo estão mais interessados em condenar leões-marinhos à morte e dar grandes quotas de pesca para frotas industriais. Assim, quando não há justiça ou moralidade, saqueadores levam o que querem da natureza, sem consequências.
Isso se encaixa no perfil da Mainstream Salmonera. Eles têm se envolvido em outras atividades desprezíveis e ilegais. Por exemplo, em 2006, foram multados em meros 800 dólares pela contaminação por resíduos líquidos industriais. Claramente está não é uma punição significativa, mas demonstra a atitude desta empresa. As multas são sempre menores que o lucro, portanto, qualquer respeito ou ética são colocadas de lado em favor do desejo por dinheiro.
Hoje a Mainstream Salmonera representa o mal contra a Terra. Amanhã, haverá outra e assim por diante. O lucro é ainda o lema de muitos poderosos criminosos ambientais. Os conceitos de respeito, harmonia, empatia e até mesmo o senso comum não são considerados em seu pensamento.
Regulamentos e inspeções não são suficientes. Se uma indústria ou atividade comercial prejudica a Terra, ela simplesmente não deveria ter permissão para existir. Se uma empresa anseia se envolver em uma prática tão destrutiva como a criação de salmão, o próximo passo para a destruição do habitat de animais em extinção não é um salto tão grande, que é o que Mainstream Salmonera demonstrou.
Você tem o poder de mudar esta situação. Se você vir ou ouvir falar de quaisquer atividades ilegais e quer espalhar a notícia ou tomar uma atitude, escreva para: [email protected]. Você tem o poder de curar o mundo.
Traduzido por Flávia Milão, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil