OPERAÇÃO BIGUASUJO NÃO!
Sea Shepherd Brasil se mobiliza em Florianópolis contra o estaleiro de Eike Batista
Projeto de empresário ameaça vida marinha, econômica e social da região
Sob risco de sofrer graves danos ambientais, sociais e econômicos, a praia de Jurerê Internacional, na baía norte de Florianópolis (SC), será alvo de ação do Instituto Sea Shepherd Brasil e outras entidades no próximo sábado, dia 9 de outubro, às 10h. O ato pacífico irá alertar a população para a ameaça representada pela intenção do empresário Eike Batista, dono da OSX, que pretende construir um estaleiro no município de Biguaçu, na mesma região de Jurerê. O projeto de Eike já recebeu parecer negativo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente. As conclusões do parecer e de especialistas apontam que o empreendimento irá prejudicar a vida marinha da região, a pesca artesanal que garante o sustento de centenas de famílias e modificará drasticamente o habitat de animais como boto cinza, mero, biguá, tartarugas marinhas, lontras, baleias francas e jacarés de papo amarelo.
Batizado de Operação Biguasujo Não!, o ato pacífico terá a participação de centenas de pessoas contrárias à construção do estaleiro e uma frota de cerca de 50 embarcações. Os barcos, que irão zarpar de Biguaçu, navegarão com a bandeira pirata da Sea Shepherd desfraldada nos mastros. A ação ocorre durante todo o dia de sábado. Na praia de Jurerê, estarão presentes Embaixadores do Mar como Karol Meyer, campeã mundial de mergulho em apnéia, moradora da região e defensora do meio ambiente, e Erick Wilson, artista plástico do Oceano Art. Wilson, conhecido por grandes pinturas da vida marinha, irá produzir em Jurerê uma tela gigante retratando a vida marinha ameaçada pelos interesses de Eike Batista e da OSX.
Durante a ação, as pessoas presentes serão convidadas a fincar bandeiras de Sea Shepherd nas areias de Jurerê, simulando um cemitério junto à orla. A representação pretende alertar para o que, de fato, poderá se transformar um dos mais belos cenários de Florianópolis se o estaleiro for implantado na região: uma área sem vida e miserável. Além de ser um dos mais importantes destinos turísticos do país, a região abriga uma reserva biológica, uma reserva ecológica e uma área de proteção ambiental.
Saiba um pouco mais sobre como a instalação deste empreendimento pode afetar você!
– Estará localizada no meio de duas reservas biológicas e podendo atingir uma terceira. Bem como a Baía dos Golfinhos, Daniela, Jurerê, Governador Celso Ramos, a própria Baía Norte de Florianópolis, dentre outros;
– Perturbação dos golfinhos pela perda de habitat e diminuição de alimentos, aumentando o risco da extinção da família que habita a Baía Norte;
– Alteração da qualidade da água marinha, aumento da turbidez e risco de manchas de óleo;
– Alteração na hidrodinâmica local pela drenagem, aumentando o risco de erosão praial a exemplo do que ocorreu na Barra da Lagoa e Pântano do Sul;
– Risco de acabar com a atividade de pesca artesanal local, com a destruição de criadouros naturais de camarão e interferência física nas áreas tradicionais de pesca;
– Risco de contaminação da biota aquática pelo efeito residual das tintas antiicrustantes, pondo em risco a maricultura local;
– Risco de contaminação do solo e lençol freático com resíduos da dragagem;
– Risco de introdução de espécies exóticas em função da água de lastro;
– Risco de contaminação da cadeia alimentar por arsênio, um metal pesado que poderá ser disponibilizado no meio ambiente pela dragagem;
– Risco do aumento da criminalidade e de favelização devido ao incremento populacional pela procura de emprego;
– Aumento do risco de inundações em áreas adjacentes.
Pontos a se pensar:
– A promessa de empregos para alguns compensa a perda real de milhares de empregos de outros que já trabalham dependendo da qualidade da água, da hidrodinâmica atual (70% do município de Governador Celso Ramos vive da maricultura), e do turismo de praias do entorno?
– A construção de empreendimentos desta magnitude sempre acarreta em um fluxo migratório de pessoas vindas de outras localidades, pode isto ser absorvido de maneira ordenável e sustentável pela comunidade local? Depois da construção, estas mesmas pessoas irão competir por empregos com a população local, levando a mais desemprego?
– Favelização, queda da qualidade da água, aumento da marginalização, perda da qualidade de vida… Será este o “Desenvolvimento” pretendido pela comunidade?
Que Santa Catarina você quer para seu filho?
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