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Nossas vozes pelos tubarões no protesto do dia 23 de maio

Pelo Capitão Paul Watson

Tubarão vivendo livre. Foto: Nicolas Vera

Muito tem acontecido desde que eu fui preso na Alemanha. O Capitão Alex Cornelissen e nossa equipe jurídica na Costa Rica tem se reunido com oficiais da Costa Rica. Nossa excelente equipe alemã, com o capitão Peter Hammarstedt, o Diretor de Investigações da Sea Shepherd, Scott West, e eu, estamos trabalhando com os oficiais, juízes, policiais e os meios de comunicação na Alemanha. Voluntários da Sea Shepherd em todo o mundo trabalharam apaixonadamente para ajudar de todas as maneiras possíveis. Foi uma resposta incrivelmente positiva não apenas para a minha prisão, mas para a percepção de que se trata de algo maior do que apenas a minha liberdade. Trata-se de proteger a vida nos nossos oceanos, e é sobre a coragem, iniciativa e imaginação em ver as possibilidades ao invés de conflito, para ver onde a mudança positiva pode ser provocada no lugar do conflito.

Amanhã é um dia internacional de protesto em meu nome, e é importante direcionarmos nossas energias de forma positiva.

Nós não queremos atacar a presidente ou o governo da Costa Rica. Nós gostaríamos de aproximar o governo da Costa Rica de uma maneira positiva, e não simplesmente para resolver este problema jurídico, mas mais importante, para encontrar uma maneira de trabalhar cooperativamente com a Costa Rica para acabar com a prática ilegal de remoção de barbatanas de tubarão, e de proteger o frágil ecossistema marinho – sistemas que cercam as Ilhas Cocos.

Dez anos atrás, quando esse conflito surgiu pela primeira vez, era um governo diferente, e uma operação de remoção das barbatanas de tubarão muito mais forte. Na verdade, sentimos no momento que todo o ocorrido foi orquestrado para evitar que a Sea Shepherd e o Ministério do Meio Ambiente da Costa Rica trabalhasse cooperativamente para proteger o Parque Nacional das Ilhas Cocos. Isso, infelizmente, é exatamente o que ocorreu, e se passamos os últimos 12 anos trabalhando em cooperação positiva com os guardas de Galápagos e a Polícia Federal do Equador, foi negada a oportunidade de trabalharmos com os guardas de Cocos e do governo de Costa Rica.

Tubarões mortos em uma operação ilegal de finning

Nós acreditamos que podemos realizar muito mais aqui do que simplesmente deixar cair as acusações contra mim. Acredito que podemos enfrentar essas acusações e, mais importante, acredito que conseguiremos iniciar um relacionamento diretamente com a Costa Rica, que irá beneficiar positivamente os tubarões e outras espécies marinhas do Parque Nacional das Ilhas Cocos. Estou disposto a arriscar que o novo governo da Costa Rica é mais esclarecido e muito mais preocupado com os tubarões e com a proteção da vida marinha do que o governo que lidamos uma década atrás.

Para este fim, eu estou disposto a responder às demandas judiciais, mas o mais importante, eu não quero perder a oportunidade de realmente ser capaz de trabalhar de mãos dadas com Costa Rica, para fazer o que mais amamos – a preservação dos tubarões e espécies marinhas do Parque Nacional das Ilhas Cocos.

Acho que podemos chegar a um entendimento com a Costa Rica, e estou disposto a arriscar o que for preciso para mostrar a possibilidade de que a Sea Shepherd pode voltar a ser parceira dos nossos amigos guardas-florestais nas Ilhas Cocos.

Tubarões mutilados em uma operação de pesca ilegal. Foto: Mavis Bullard

As manifestações de amanhã não devem se concentrar na Costa Rica. Devemos nos concentrar na Alemanha. A Alemanha tem o poder de me libertar politicamente. O mandado de detenção emitido como alerta vermelho pela Interpol foi anulado como politicamente motivado, e rejeitado praticamente em todo o mundo, exceto na Alemanha.

Eu, infelizmente, desembarquei na Alemanha, a nação onde as decisões da Interpol são desconsideradas.

Eu percebi desde que cheguei à Alemanha que o povo alemão é incrivelmente solidário, desde juízes até os guardas da prisão, a polícia, os motoristas de táxi, as pessoas nas ruas e nas lojas. O povo alemão é muito conservador, e sabem disso.

Nossa tarefa é convencer o governo da Alemanha de que conservação significa ser ativo sobre a tomada de riscos, e que o ambiente deve ser colocado antes da política. Portanto, vamos concentrar nossas energias no dia 23 de maio para apelar educadamente à Ministra da Justiça alemã, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, para suspender esse pedido de extradição.

Em troca, eu vou fazer essa promessa – que vou iniciar uma relação de cooperação com a Costa Rica para proteger o Parque Nacional das Ilhas Cocos e os tubarões. Costa Rica tem a minha palavra sobre isso, e todo o mundo está sabendo que eu fiz essa promessa.

Eu sinto que é melhor avançar positivamente do que perder muito tempo em conflito e disputa, quando há uma possibilidade real aqui para criar algo positivo e eficaz na solução de um problema real, que é a proteção e conservação dos ecossistemas marinho da Costa Rica.

Assim, por favor, a todos – amanhã, seja educado, mas firme, em pedir que a extradição seja anulada. Amanhã é a oportunidade de falar com o governo alemão. A Ministra tem o poder de derrubar esse pedido de extradição.

Todos vocês participando terão o meu mais profundo agradecimento por investir seu tempo para pedir pela minha liberdade e, especialmente, obrigado por seu interesse apaixonado pela defesa da vida em nossos oceanos.

Vamos fazer história e tirar as lições de Nelson Mandela, tendo em mente que podemos trabalhar juntos, porque assim como a força de um ecossistema é determinada pela diversidade, a força de um movimento efetivo é determinado pela diversidade da imaginação, criatividade, habilidades e paixões de uma comunidade de pessoas que se importam.

Nós somos a força para a mudança positiva, e a Sea Shepherd Conservation Society tem o orgulho de salvar vidas sem causar danos à vida. Nós mantemos a nossa mão estendida para a Costa Rica, e solicitamos respeitosamente que a Alemanha nos permita resolver esse problema com integridade e espírito cooperativo.

Sinceramente,

Capitão Paul Watson

Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil