Impacto humano afeta população de animais selvagens na Argentina
A conhecida cidade de observação de baleias, Puerto Madryn, na Patagônia, foi notícia recentemente, quando autoridades da cidade decidiram conceder permissão para matar 1.200 gaivotas (Kelp Gull, Larus dominicanus) por ano. A razão dada foi a de que a população de aves aumentou devido à bicagem na gordura das Baleias Franca, que se reproduzem e dão à luz nesta área. Várias baleias sofreram ferimentos que infeccionaram, e parece que as baleias estão se afastando da costa, preocupando as autoridades, que podem perder receitas provenientes do turismo.
Em outubro de 2010, a Sea Shepherd Argentina investigou este caso e chegou à conclusão de que não são as aves que são as culpadas, mas a presença humana. É verdade que o número de gaivotas explodiu na área ao longo dos últimos anos. Também é verdade que elas estão bicando a gordura das baleias, causando os ferimentos. O que não foi dito, no entanto, é que essas aves estão sendo atraídas para a área por dois problemas humanos relacionados com:
- Lixeiras ao ar livre. É um fato conhecido que as gaivotas são atraídas para uma refeição fácil e o lixo deixado a céu aberto atrai gaivotas em todo o mundo. A fonte de alimento fácil e disponibilidade contínua está causando a explosão dos números de gaivota.
- Peixes descartados e resíduos de navios de pesca (traineiras) que operam na área. Os resíduos são simplesmente descartados para o oceano, onde as Baleias Franca respiram. As gaivotas são novamente atraídas por isto, e o seu número já aumentou ainda mais. Um problema adicional, e a principal causa da bicagem nas baleias, é que as gaivotas confundem as costas da baleia com tripas de peixe. Você pode dizer que elas estão em um “frenesi alimentar”.
Agravando ainda mais o problema está a temperatura dos oceanos e o aumento da propagação de germes pelas gaivotas. Várias das lesões das baleias são de origem, até ao momento, desconhecida, mas acredita-se que o descarte de lixo nas costas das baleias pode muito bem ser a causa.
A Sea Shepherd Argentina está falando com as autoridades da cidade, na esperança de eliminar os lixões a céu aberto. Usinas de reciclagem de fato substituiram todas as três plantas, mas de acordo com pessoas da área, grande parte do lixo ainda tem de ser limpo.
Quanto aos arrastões, nenhuma ação foi tomada.
O decreto para matar as gaivotas não é divulgado porque as autoridades estão cientes que isso pode causar um surto de protestos. No entanto, isso agora se tornou de conhecimento público. As gaivotas estão sendo mortas a tiros, colocadas em câmaras de gás, e seus ninhos estão sendo destruídos, matando os ovos e seus filhotes.
Em 2010, a Sea Shepherd Argentina estava sozinha na luta para defender as gaivotas. Fomos acusados de apenas tentar estabelecer o nosso nome no país. Agora, muitas ONGs estão defendendo a mesma causa. É hora de manter a pressão sobre as autoridades locais até que retirem este decreto.
Traduzido por Raquel Soldera, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil