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Greenpeace amarela e se entrega a frota baleeira japonesa

Greenpeace anunciou oficialmente em uma coletiva de imprensa em Tóquio que eles não estarão enviando um navio ao Oceano Antártico para opor a frota baleeira japonesa.

Isto significa que quando a estação baleeira abrir dentro de um mês, a Sea Shepherd Conservation Society estará só em sua oposição no alto mar contra as operações baleeiras ilegais dos japoneses.

“Como um co-fundador do Greenpeace, estou profundamente ofendido que o Greenpeace tenha arrecadado milhões de dólares o ano inteiro com sua promessa de defender as baleias e agora duas semanas antes da frota baleeira japonesa partir, eles anunciam que não irão,” disse Capitão Paul Watson. “Em minha opinião eles arrecadaram recursos financeiros com falsas pretensões e agora eles abandonaram as baleias. Uma vergonha.”

O navio da Sea Shepherd, o Steve Irwin, está programado para partir da Austrália no final de novembro na quinta viagem da Sea Shepherd para obstruir e intervir contra atividades baleeiras pirata no Santuário Antártico das Baleias do Oceano Antártico.

A Diretora Executiva Kim McCoy disse, “A Sea Shepherd nunca se retirará e nós nunca nos renderemos até as baleeiras piratas se dirigirem para fora do Santuário das Baleias do Oceano Antártico para sempre.”

Semana passada, o porta-voz do Greenpeace Austrália, Steve Shallhorn anunciou que o Greenpeace estaria enviando um navio às águas da Antártica. No mesmo dia o Japão anunciou que eles estariam enviando um navio de guerra japonês da Guarda Costeira para defender a frota baleeira. Aparentemente o governo japonês assustou o Greenpeace definitivamente desta vez.

“Eles podem enviar a Marinha japonesa inteira até o Oceano Antártico se eles quiserem, mas a Sea Shepherd e a tripulação do Steve Irwin não serão intimidados por este tipo de banditismo militar brutal. Quando nós dizemos que colocamos nossas vidas na linha para defender as baleias, é isso mesmo que queremos dizer. Não é apenas um slogan para nós.” disse Capitão Watson. “Eu não vi uma baleia morrer desde que eu deixei o Greenpeace em 1977 e não tenho nenhuma intenção de ver uma baleia morrer este ano. Eles não matam baleias quando nós aparecemos e eles não matarão baleias quando nós chegarmos este ano novamente. Eles terão que nos afundar primeiro.”

Ambientalistas brasileiros levam “facadas” nas costas do Greenpeace

Em uma carta pública, o ambientalista brasileiro José Truda Palazzo explica sua decepção com a atitude do Greenpeace de abandonar as baleias. Os sentimentos de Truda e suas palavras são compartilhados por muitos ambientalistas brasileiros de verdade. Segue abaixo sua carta:

Prezada XXX do Greenpeace,

Não contem com meu apoio para uma campanha cuja utilidade para as baleias será próxima de zero.

Entendo a necessidade da Greenpeace em dar apoio aos seus funcionários presos no Japão, mas daí a tentar vender ao público que isso é uma campanha pelas baleias capaz de substituir aquilo que todos nós acreditávamos que era o mais útil da sua atuação – a ação direta contra os baleeiros – para mim é o fim da picada. Nesse caso o odiado Paul Watson tem razão, trata-se de um fato menor no imenso problema que é a continuidade da caça na Antártida.

A decisão da GP de não retornar à Antártida para confrontar a frota baleeira japonesa, num momento em que se desenrola na Comissão Internacional da Baleia um esforço tremendo de negociação em que os países do hemisfério sul estão PRIORIZANDO a pressão no Japão para acabar com essa atividade, é uma facada nas costas de todos, pessoas, ONGs e mesmo governos que apoiaram a GP em outros momentos críticos, como por exemplo quando se quis expulsar a instituição de seu status de observador na CIB.

Um pena, porque eu fui um dos que acreditou. Me sinto enganado, como ativista e como apoiador do GP Brasil no tema oceanos até o presente. Que vocês, que vivem aqui e compartilham as realidades do hemisfério sul, sejam obrigados a vender essa agenda política cretina fabricada por diretores gringos, é uma coisa lamentável. Conhecendo o histórico dos ativistas mais antigos da GP na região sobre o tema, que merecem minha maior admiração e respeito por tudo o que conseguiram com uma mixaria de recursos para trabalhar o tema, inclusive tendo logrado a remoção da bandeira do Oriental Bluebird, isso tudo fica ainda mais incompreensível.

Enfim, meu apoio não fará a menor falta, porque estou certo de que milhares de pessoas que desconhecem o contexto da caça à baleia contemporânea os apoiará de qualquer modo. Mas acho uma pena, pois é um desperdício brutal de energia e recursos para muito pouco resultado. Neste momento, há festa em Tóquio e em Shimonoseki, base da frota pelágica baleeira do Japão. Uma pena. A próxima vez que o navio da GP vier ao Brasil, vou ao porto esperar com tomates.

JTruda