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Atualização sobre a Operação Kimberley Miinimbi: Steve Irwin encontra o maior berçário de baleias jubartes no mundo

O líder de campanha da Operação Kimberley Miinimbi, Bob Brown, em coletiva de imprensa na proa do navio Steve Irwin

7 de agosto de 2012 – Hoje concluímos nossas primeiras viagens por mar para James Price Point. A bordo do Steve Irwin estavam Richard Hunter e Ronnie Roe, da etnia Goolarabooloo, vários representantes da mídia e membros influentes da comunidade, incluindo Richard Costin e Sandes Annabelle da Kimberley Whale Watching. Também estavam a bordo Murray Wilcox, ex-juiz da Corte Federal da Austrália, e Phillip Wollen, Australiano do Ano de 2007, juntamente com Martin Pritchard da Environs Kimberley.

A viagem de 50 quilômetros costa acima nos levou além da localização do Kimberley Community Whale Research Project, para o local proposto para fábrica de gás no James Price Point (Walmadan).

Baleias começaram a cumprimentar-nos desde o momento em que a jornada começou, com a maioria delas numa faixa de cinco quilômetros a partir da costa. Grande parte dos animais estava com suas crias, algumas delas com menos de duas semanas de idade. As mães estavam simplesmente descansando e cuidando de seus bebês e não se deslocando, ressaltando ainda mais o fato de que a área proposta para o Woodside Gas Hub é, de fato, um berçário de baleias jubartes.
Richard Costin, da Kimberley Whales, fez o trabalho fantástico de apontar o local exato do empreendimento e os impactos que o projeto terá sobre a vida marinha e o meio ambiente. Olhando o modo como as correntes marítimas sobem e descem a costa e levando em conta as algas marinhas e os corais, é fácil ver como a dragagem proposta para o cais quilométrico de navios de grande porte terá um efeito catastrófico sobre as populações locais de tartarugas e dugongos, os quais dependem das algas marinhas para sua alimentação.

Richard também apontou que, embora o governo do estado da Austrália Ocidental tenha anunciado um parque marinho em Camden Sound, que fica mais ao norte de James Price Point, essa área ainda está aberta à mineração e cobre apenas três por cento do berçário das jubartes. “A partir daqui e até as Ilhas Lacipede, o trabalho que temos feito nos últimos três ou quatro anos identificou esta área como sendo talvez a mais importante na costa de Kimberley para as baleias”, ele disse.

Murray Wilcox, aposentado do Queens Counsel, disse que estava interessado em ver o quão próximas estavam as baleias do local proposto para a extração do gás e afirmou que “é, obviamente, uma relação muito próxima. Eu acho que Kimberley é uma das áreas mais bonitas da Austrália – certamente uma das mais primitivas – e temos a oportunidade de preservar um lugar selvagem bastante intocado. Se não o fizermos, não sobrará nada para os nossos netos. É possível explorar as reservas de gás da bacia Browse sem construir uma usina de gás em Kimberley”. Ele também elogiou a tripulação da Sea Shepherd afirmando: “Eu acho que essas pessoas estão muito preocupadas com uma questão que deveria preocupar todos nós”.

Baleia jubarte e navio Steve Irwin na saída de James Price Point

O porta-voz da Environs Kimberley, Martin Pritchard, concorda com Wilcox. Ele disse que a pesquisa realizada por voluntários da comunidade contou 1.441 baleias jubartes desde o dia 1° de julho, sendo 1.200 delas dentro de uma faixa de oito quilômetros a partir da costa. No entanto, segundo ele, a Autoridade de Proteção Ambiental afirmou que em sua migração anual em direção ao norte, a passagem de cerca de 1.000 baleias seria esperada durante uma temporada inteira. “Em três semanas, olhando apenas quatro horas por dia, já tivemos 1.200 baleias contadas e cerca de 90 pares de mãe-filhote. É realmente uma prova de que a pesquisa de Woodside e do governo do estado está errada.”

Todos a bordo estavam completamente cativados pela vida marinha, que incluiu numerosas baleias, tartarugas verdes, cobras marinhas e golfinhos e estavam impressionados com a bela paisagem no James Price Point, em contraste com os comentários do Premier Barnetts sobre a área ser uma parte banal da costa de Kimberley.

8 de agosto de 2012 – Baleias fornecem a prova necessária contra Woodside. Em nossa segunda viagem para James Price Point (Walmadan) fomos acompanhados pelos homens da etnia Goolarabooloo Erro Roe, Roe Jason, Brian Councillor e Hunter Erik; uma mulher da etnia Yawuru, Jeb Clerk; uma mulher da etnia Nyul Nyul / Jabirr Jabirr, Lorna Cox; vários meios de comunicação locais e internacionais; e o coordenador estadual de sociedades tradicionais, Peter Robertson, quem tem um conhecimento profundo da área.

O dia foi repleto de avistamentos numerosos na faixa de oito quilômetros a partir da costa, num total de 120 baleias jubartes. No entanto, o destaque do dia foi a filmagem de um filhote sendo amamentado a menos de um quilômetro da costa de James Price Point. O filme mostra claramente as falésias do local em segundo plano. Isso mais uma vez fornece uma evidência adicional de que a fábrica de gás terá um efeito desastroso sobre a paz e a tranquilidade do maior viveiro de baleias jubartes do mundo.

O líder da campanha, Bob Brown, disse: “Deixe-me definir a cena: a baleia-mãe desliza sob a superfície enquanto ela vem em nossa direção, a baleia-bebê bate sua cauda na superfície, três pessoas de Walmadan em uma balsa atrás, o Steve Irwin – essas baleias estavam a apenas um quilômetro da costa. E então ela, a mãe, apareceu e soltou um suspiro longo e melodioso!”

Bob Brown e o diretor australiano Jeff Hansen também foram a bordo do helicóptero da Sea Shepherd – o Nancy Burnett – para ter uma vista aérea do local proposto para a fábrica de gás. O piloto do helicóptero, capitão Roger Danner, dos Estados Unidos, afirmou: “Estou realmente devastado, pelo mundo inteiro e não apenas pela Austrália. As baleias estarão sob imensa pressão se esse projeto for em frente. Eu tenho viajado pelo mundo todo e o que a Austrália tem aqui é muito raro, único e precioso”.

Jeff Hansen declarou: “Quando eu vi o layout do local, eu me senti mal sobre o tamanho do que a Woodside está propondo para um dos litorais mais marcantes de Kimberley. Se permitirmos que essas fábricas de gás avancem sobre o maior berçário de baleias jubartes do mundo, nossos filhos nunca irão nos perdoar. Temos que nos levantar e lutar por Kimberley”.

Bob Brown recordou: “No helicóptero, nós olhamos para as pegadas da fábrica de gás – quadrados e áreas internas desmatadas – e elas são do tamanho de uma periferia urbana. Uma barragem para sugar a água abaixo da planície, uma área separada para o despacho de containers, uma van de segurança no portão da estrada, e mais próximo da costa, o pequeno acampamento dos protetores deste país: membros da etnia Goolarabaloo, observadores de baleias, outros cientistas e pessoas comuns contra a maior fábrica de gás do mundo”. Brown também desembarcou para se reunir com sênior Goolarabooloo Phillip Roe para reconhecer sua paixão e sua dedicação em proteger o país.

O gestor do navio, o havaiano Beck Straussner, passou muitos anos estudando as jubartes em meio selvagem, mas nunca viu tantas juntas em um mesmo local e está muito preocupado com essas criaturas magníficas. “Os australianos realmente precisam vir ver isso aqui, eu garanto que se eles vissem o que está em jogo, fariam tudo o que pudessem para parar a insanidade desse projeto da Woodside”.

Jubarte e filhote perto da costa de James Price Point

A chamada parte "banal" da costa de Kimberley

O custo da proposta da enorme fábrica de gás

Traduzido por Maiza Garcia, voluntária do Instituto Sea Shepherd Brasil