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A conspiração arroz com banana: a conexão Japão/Costa Rica

Linha do tempo:

A presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla Miranda, se encontra com o primeiro ministro do Japão, Yoshihiko Noda no Japão, em 8 de dezembro de 2011. Foto: Reuters

Outubro 2011: O Instituto Japonês para a Pesquisa de Cetáceos, também conhecido como a “indústria baleeira japonesa”, recebe aproximadamente 30 milhões de dólares em fundos de assistência ao tsunami para propiciar segurança na oposição aos esforços da Sea Shepherd em interromper as operações ilegais de caça à baleia no Santuário de Baleias do Oceano Austral.

De 6 a 10 de dezembro de 2011: A presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, visita o Japão.

8 de dezembro de 2011: de acordo com um press release da Casa Presidencial. Costa Rica: Na quinta-feira, 8 de dezembro, iniciando às 18:30, por cerca de 30 minutos, o primeiro ministro Yoshihiko Noda teve uma reunião com a Exma. Sra. Laura Chinchilla Miranda, presidente da República da Costa Rica.

8 de dezembro de 2011: O Instituto Japonês para a Pesquisa de Cetáceos dá entrada num processo contra a Sea Shepherd Conservation Society, exigindo uma ação para que as embarcações Sea Shepherd parem de perturbar as operações ilegais de caça à baleia no Santuário de Baleias do Oceano Austral. Documentos legais são entregues à Sea Shepherd em 9 de dezembro de 2011.

8 de março de 2012: A frota baleeira japonesa retira-se do Santuário de Baleias do Oceano Austral, duas semanas mais cedo, e levando somente 26% (267 mortes) de seu objetivo de caça. A Sea Shepherd evitou a morte de 768 baleias. No ano anterior, a frota baleeira japonesa havia se retirado em 18 de fevereiro de 2011, um mês e meio mais cedo, e levando somente 17% (172 mortes) de seu objetivo de caça. A Sea Shepherd evitou a morte de 863 baleias. No total, as intervenções da Sea Shepherd Antártida salvaram 3690 baleiras dos arpões japoneses, custando aos baleeiros uma quantia considerável de dinheiro.

19 de março de 2012: A ordem negando a preliminar da ação movida pelo Instituto Japonês para a Pesquisa de Cetáceos foi emitida em 19 de março de 2012 em Seattle.

13 de março de 2012: O capitão Watson é preso no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, com um mandato emitido pela Costa Rica, com acusações de colocar em risco a vida de pescadores em abril de 2002.

O incidente de 2002 não causou ferimentos, nem danos à propriedade, e resultou de uma intervenção contra as operações de pesca ilegal de barbatanas de tubarão em águas guatemaltecas pela embarcação costarriquenha Varadero I, que tinha sido condenado por pesca ilegal nas Ilhas Galápagos, em 2001. O governo guatemalteco autorizou a intervenção, e todo o incidente foi filmado para o filme vencedor de prêmios Sharkwater.

A presidente costarriquenha Laura Chinchilla Miranda é saudada pelo imperador japonês Akihito, no palácio imperial em Tóquio, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011. Foto: AP

21 de maio de 2012: O capitão Alex Cornelissen encontra-se com o Ministro do Meio Ambiente costarriquenho, que expressa interesse em que a Sea Shepherd retorne para ajudar a proteger a Ilha Cocos.

26 de junho de 2012: O Japão doa 9 milhões de dólares para o Instituto Costarriquenho de Turismo (ICT), e ao Ministério do Meio Ambiente e Energia (MINAET). “Comemoramos esta doação substancial do governo japonês”, disse o gerente geral do ICT, Juan Carlos Borbón.

Assim, num período de seis meses da reunião entre a presidente da Costa Rica e o Primeiro Ministro do Japão, o capitão Watson é preso numa acusação de dez anos atrás do governo da Costa Rica, e a Costa Rica recebe 9 milhões de dólares do governo japonês para Parques Nacionais.

Aqui estão as perguntas não respondidas:

1. O caso Varadero I e o capitão Paul Watson foi discutido na reunião entre a presidente Chinchilla e o Primeiro Ministro Noda em 8 de dezembro de 2011?
2. Por que a Costa Rica emitiu um mandato de prisão dez anos depois do incidente, e mais ou menos ao mesmo tempo que a reunião aconteceu?
3. Quando foi autorizada a doação de 9 milhões de dólares do Japão para a Costa Rica?
4. De onde vem essa verba? Será a verba da Agência Pesqueira Japonesa, uma parte dos 30 milhões alocados do fundo de assistência para o tsunami?
5. Quais são as condições que atrelam a contribuição de 9 milhões de dólares do Japão para a Costa Rica?
6. Terá o Japão feito lobby para que a Costa Rica emitisse o pedido de extradição para o capitão Paul Watson?

Não esperamos respostas da Costa Rica nem do Japão, mas estamos certos de que diversas evidências circunstanciais sugerem que a pressão japonesa colaborou com a decisão da Costa Rica em prender o capitão Paul Watson e detê-lo na Alemanha à espera de extradição.

Traduzido por Carlinhos Puig, voluntário do Instituto Sea Shepherd Brasil